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domingo, 26 de outubro de 2014

Época de florada dos ipês atrai artistas, botânicos e cientistas


Elizãngela Santos
O destaque dos ipês que ornamentam as matas da Chapada do Araripe atrai a atenção pela beleza, intensidade e variedade de cores. (Foto: Roberto Matos Amorim)
Imagine em meio a um grande tapete verde pontos amarelados, que neste ano vieram colorir ainda mais as áreas da encosta da Chapada do Araripe, na abertura da primavera. É a presença da florada do ipê-amarelo, que não poderia deixar de ser uma árvore genuinamente brasileira. A paisagem ampla do sertão do Cariri ganha de presente a beleza das flores que começam a se apresentar no mês de setembro, terminando neste mês. Ainda podem ser identificadas algumas árvores floridas e poucos ipês-roxos.

Inspiração de poetas como Patativa do Assaré, que destacou em versos a árvore também conhecida como pau d´arco, o ipê já foi considerado a "rainha do sertão". Para a artista plástica do Crato, Márcia Leal, é o Brasil que se apresenta com sua magnitude de cores. Ela se inspira na árvore para produzir suas telas. "Traz cores vibrantes, do verde, o amarelo, que estão na bandeira do Brasil", diz, além de destacar o momento propício, como espécies legítimas e representantes do povo brasileiro.

Desde que chegou ao Cariri, há cerca de dois anos, o chefe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Paulo Maier afirma que ainda não tinha presenciado um momento tão bonito para a região, com tanta abundância de ipês floridos. A presença da árvore na floresta o impressionou, principalmente no caso do ipê-amarelo, em maior quantidade na mata.
O colorido dos pau-d´arcos (ipês) é tipicamente brasileiro e se destaca em meio ao verde na primavera. (Foto: Roberto Matos Amorim)

O ipê-roxo tem uma florada depois ou basicamente simultânea ao ipê-amarelo. A bióloga Ana Cleide Mendonça, mestre em Bioprospecção Molecular da Universidade Regional do Cariri (Urca) e pesquisadora na área de Botânica, afirma que desde 2010 vem observando as floradas na região. "O que mais me impressionou foi a grande quantidade de árvores que floraram nesse ano", diz ela. A pesquisadora destaca que tanto o amarelo quanto o roxo estão presentes em grande quantidade na região, mas há características diferenciadas para as espécies, também no contexto regional.

Conforme Ana Cleide, em algumas áreas da Mata Atlântica há uma variação da espécie, em relação à da Chapada do Araripe, que é única. Com cerca de até 20 metros, com tronco com diâmetro variando de 60 a 80centímetros, as árvores nas outras localidades de florestas, possuem porte até maior. No caso principalmente do ipê-roxo, há o uso medicinal da árvore, com venda de raspa do tronco, principalmente como anti-inflamatório, nas feiras do Cariri.

Medicamento

O pau d´arco também é usado na medicina popular como antibacteriano, antifúngico e laxativo, para diabetes e alergias, além de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), como sífilis, candidíases e cancro, problemas gastrointestinais e alergias.

Na década de 1960, os estudos realizados com os extratos da madeira interior, assim como da casca de pau-d´arco, revelaram que estes possuíam um excelente combate aos tumores em animais. A descoberta despertou o interesse do Instituto Nacional do Câncer, que se dedicou ao estudo do vegetal e suas propriedades medicinais.

Segundo Paulo Maier, um estudo realizado junto às comunidades e a academia, demonstrou que de 174 espécies de interesse do comércio na área do extrativismo, os dois ipês foram identificados. A boa notícia é que não foi constatado declínio de população do ipê-amarelo. No caso do roxo, aparece em menor quantidade. A pretensão do órgão a partir de agora é incentivar o plantio dessas espécies em áreas atualmente identificadas como em estado degradado e de manejo.

A pesquisadora admite que uma das razões para a menor população das árvores com as flores roxas é justamente por conta do uso medicinal da planta, além de estar em área mais próximas dos centros urbanos. Ela disse que podem ser identificadas algumas diferenças entre as espécies, quanto à morfologia da planta. Por exemplo, o amarelo possui uma vagem comprida, parecida com a do feijão, e a do roxo, mais arredondada, com formatos de sementes.

Já o fotógrafo Roberto Matos Amorim decidiu cair em campo e registrar a florada. O destaque dos ipês nas matas da Chapada atrai para si a atenção pela beleza e variedade de cores. Ele buscou identificar também os roxos, mas para isso afirma que foi preciso ter mais paciência. "Fui tomado por um sentimento de alegria ao rever os pontos amarelos por toda extensão da Chapada do Araripe", frisa.

FIQUE POR DENTRO

Árvore possui espécies diferenciadas

O pau d´arco ou Ipê é uma árvore tipicamente brasileira. No Cariri é vista de forma abundante na área da Chapada do Araripe, com espécies diferenciadas e floradas como cores distintas, como o amarelo, roxo, e em algumas localidades, pouco comum na região, o branco. O ipê-roxo é indicado pelos moradores de comunidades, como árvore medicinal, principalmente indicada como anti-inflamatório. A madeira é bastante usada em construções e na fabricação de móveis. Mesmo com a exploração, principalmente do roxo, deverá haver um incentivo para o replantio em áreas degradadas. Este ano, a região cotou com uma das maiores floradas dos últimos anos.

Mais informações:
 
Universidade Regional do Cariri (Urca) - Departamento de Biologia e Ciências Biológicas
Fone (88) 3102.1202
 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMbio) - Fone:(88)3523.1999

Fonte: Diário do Nordeste

Mulher de 26 anos é enforcada no Irã por matar estuprador

 
Reyhaneh Jabbari foi enforcada neste sábado por ter matado homem que a estuprou quando tinha apenas 19 anos. (Foto: Reprodução/Twitter)
As autoridades judiciais do Irã enforcaram na madrugada desse sábado Reyhaneh Jabbari, a jovem de 26 anos condenada à morte por matar o homem que a estuprou, confirmou à Agência EFE sua mãe, a atriz iraniana Shole Pakravan.

"Enforcaram minha filha, enforcaram minha filha", dizia entre soluços.

No final de setembro, a jovem, presa desde 2006, quando tinha 19 anos, foi transferida do centro penitenciário, onde cumpria pena, para a prisão de Rajaishahr, perto de Teerã, onde se realizam execuções.

Então, foram reativadas as campanhas e os pedidos internacionais para evitar o enforcamento, que foi suspenso temporariamente.

Organizações defensoras dos direitos humanos, como Anistia Internacional e Human Rights Watch, pediram o cancelamento da sentença por considerar que o julgamento de Jabbari não contou com as garantias necessárias.

A União Europeia também pediu que as autoridades iranianas revogassem a decisão judicial e realizem um novo processo.

Mais de 240 mil pessoas assinaram um abaixo-assinado no Avaaz para pedir a suspensão da execução alegando que a jovem "atuou em defesa própria". No Facebook há diversas campanhas para apoiar sua causa, com páginas intituladas "Eu sou Reyhaneh Jabbari" e "Salvemos a Reyhaneh Jabbari da execução no Irã".

O relator especial da ONU para os direitos humanos no Irã, Ahmed Shaheed, também pediu que a execução fosse cancelada e um novo julgamento realizado, por entender que parte da acusação se baseou em uma confissão foi obtida sob tortura.

Mês passado as autoridades iranianas intermediaram sem sucesso a tentativa de conseguir o perdão da família do falecido, que se negou a exercer esse direito, dado pela lei de guesas (lei islâmica de "olho por olho", que exige o pagamento de sangue com sangue) que impera no Irã.

"Quero que o direito do sangue de meu pai seja cobrado o mais rápido possível", declarou à Agência Efe há duas semanas Jalal Sarvandí, filho da vítima.

Segundo a versão da condenada, o médico a contratou para ajudá-la a decorar seu escritório e a levou a um edifício onde a estuprou, e ela se defendeu com uma pequena faca com e o feriu no ombro, mas não o matou.

Fonte: Terra, com agência EFE

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