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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Sem PM e com medo, população evita sair de casa no Espírito Santo



Lojas na Grande Vitória amanheceram saqueadas no dia de ontem VINICIUS MORAES/AFP

A falta de policiamento no Espírito Santo causou uma onda de assaltos, arrastões e tiroteios no Estado desde o fim de semana, o que levou capixabas a evitarem sair às ruas ontem. Lojas foram arrombadas na Grande Vitória, mas não há balanço oficial de ocorrências da Secretaria de Segurança Pública. No Departamento Médico-Legal, famílias chegavam para reconhecer os corpos das vítimas do fim de semana.

O metalúrgico Prisleno Cesário Alves, de 27 anos, soube da morte do irmão Cleiton, de 34, quando recebeu uma foto pelo WhatsApp - imagens das vítimas dos crimes e vídeos de ataques a lojas têm circulado nas redes sociais. “Era ele. Reconheci pelo rosto e pela tatuagem no braço”, contou Prisleno, que chegou ao Departamento Médico Legal na noite desta segunda. De acordo com ele, o irmão era foragido da Justiça. O metalúrgico acredita que tenha sido vítima de emboscada.

Os olhos marejados da comerciante Tânia Regina Campos Chagas, de 49 anos, resumiam a tristeza de quem dali a alguns minutos iria reconhecer o corpo do filho Talisson, de 23 anos. “Ele estava envolvido com droga”, contou. “Acho que foi morto por uma gangue rival.”

Dona de um bar e mãe de outros dois, ela acredita que o assassinato do jovem foi consequência direta da greve da PM. “Nunca vi disso aqui nesta cidade. Está uma verdadeira bagunça. É muito triste.”

Insegurança
O Espírito Santo registrou pelo menos 58 homicídios entre o sábado, 4, e ontem, após a paralisação do patrulhamento nas ruas, motivada pelos protestos de familiares de policiais militares, que cobram aumento salarial para a categoria. Os homicídios, mais que o dobro da média normal, envolveriam a disputa de espaço pelo crime organizado. O temor levou o comércio a fechar as portas, o início das aulas foi adiado, as ruas ficaram vazias e o governo do Espírito Santo pediu o apoio do governo federal. Tropas da Força Nacional e do Exército chegaram nesta segunda-feira ao Estado.

Desde sexta-feira, porém, familiares de policiais ocupam a entrada de batalhões da PM, o que estaria impedindo a saída dos soldados para patrulhamento. Conforme o vice-presidente do sindicato, Humberto Mileip, os 58 mortos, em sua maioria, são traficantes. “A verdade é que grupos que dominam a venda de drogas na Grande Vitória estão aproveitando a falta de policiamento para ampliar os domínios”, disse.



Fonte O Povo

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