Polícia Civil investiga se os ataques ocorridos na Capital seriam uma retaliação de bandidos após morte de detentos.
Uma
sequência de atos de violência abalaram a segurança pública entre a
noite do domingo e o começo da madrugada de ontem em Fortaleza. Dois
ônibus foram incendiados e outros dois depredados, nos bairros Jardim
América, Conjunto Ceará e Siqueira, além de tiros que foram disparados
na fachada da sede da Secretaria Estadual da Justiça e da Cidadania
(Sejus), na Praia de Iracema.
A Polícia
Civil abriu inquéritos para apurar os fatos e não descartou a hipótese
de que os atentados seriam uma retaliação de criminosos após a morte de
dois detentos no Sistema Penal, assassinatos ocorridos também no
domingo.
Conforme
indícios das primeiras investigações, os atos de depredações estariam
ligados à morte do traficante de drogas e homicida Henrique de Sousa
Monteiro, o 'Henrique do Barroso'; e do assaltante José Uedson de Sousa
Vieira.
O corpo do
primeiro, com marcas de espancamento e tortura, foi encontrado em um
banheiro na Unidade Penitenciária Agente Luciano Andrade, em Itaitinga. O
segundo, foi baleado pela Polícia durante uma tentativa de motim na
Unidade Prisional Desembargador Francisco Adalberto de Barros Leal, no
bairro Carrapicho, no Município de Caucaia (RMF).
Jardim América
O primeiro
ataque ocorreu por volta de 22h40 do domingo, na Rua Damasceno Girão,
próximo à Avenida Borges de Melo, no bairro Jardim América. Um grupo de
pessoas desconhecidas se aproximou do veículo e mandou o motorista, o
trocador e os passageiros descerem. Em seguida, os vândalos derramaram
gasolina no interior do veículo e atearam fogo.
As chamas se
alastraram rapidamente e atingiram também parcialmente duas
residências. Pelo menos, três moradores tiveram que ser socorridos em
ambulâncias do Samu para o hospital pois inalaram muita fumaça. Quando o
Corpo de Bombeiros chegou no local, o coletivo já estava completamente
destruído. Parte do fogo atingiu também a fiação elétrica do quarteirão e
uma equipe da Coelce foi chamada para fazer o desligamento da rede.
Siqueira
Francisco Yuri Teixeira Pinto, 18, tentou fugir após o atentado, foi baleado e preso em flagrante delito |
O segundo
atentado ocorreu já nos primeiros minutos de segunda-feira, quando
bandidos que ocupavam um carro de cor preta e duas motocicletas
'trancaram' um ônibus na Rua Plácido de Castro, próximo ao Terminal do
Siqueira, e também atearam fogo no coletivo. No entanto, populares e
funcionários de empresas do transporte coletivo conseguiram debelar as
chamas antes que elas se alastrassem e destruíssem mais um ônibus.
A Polícia
Militar entrou em alerta máximo e várias patrulhas do Batalhão de
Polícia de Choque foram mobilizadas para reforçar a segurança próximo
aos seis terminais de ônibus da Capital e nos corredores por onde
trafegam os 'corujões' durante a madrugada. Por volta de uma hora, foi
registrado o terceiro ataque a coletivos.
Conjunto Ceará
O fato
aconteceu no Terminal do Conjunto Ceará, onde dois ônibus foram
parcialmente incendiados. Segundo motoristas, cobradores e fiscais que
estavam no terminal, o ato foi praticado por bandidos que estava em um
automóvel Polo preto.
Carlos Darlly Oliveira da Silva foi preso ainda com alguns apetrechos do crime e deu o nome falso de Sergiano Gomes |
Policiais do
Ronda do Quarteirão localizaram o veículo suspeito, de placas ORS-4731,
e este seguiu em fuga, dando início a uma perseguição policial. O Polo
só parou quando o motorista perdeu o controle da direção e o automóvel
se chocou contra a mureta de uma residência. Houve troca de tiros e um
dos ocupantes foi baleado.
Os dois
homens acabaram presos, sendo identificados como Francisco Yuri Teixeira
Pinto, 18; e Carlos Darlly Oliveira da Silva, 30, que forneceu para a
Polícia o nome falso de Sergiano Gomes Maia. Yuri foi baleado e teve que
ser atendido no 'Frotinha' de Parangaba. Em seguida, a dupla foi
encaminhada ao 12º DP (Conjunto Ceará).
Naquela
distrital, os dois homens foram autuados em flagrante pelo delegado Lira
Ximenes, pelo crime de dano qualificado (contra o patrimônio público).
Quando foram interrogados, os dois suspeitos disseram que só falariam em
Juízo.
Outro ataque
Na última
sexta-feira, um ônibus também foi incendiado no bairro Maraponga. O
protesto foi realizado por moradores. Eles acusam policiais militares do
Ronda do Quarteirão de terem prendido e espancado até a morte o
pedreiro Francisco Ricardo Costa de Souza. Os PMs tiveram prisão
temporária decretada.
Tiros disparados na porta da Secretaria
O
atentado ocorreu no fim da noite de domingo. Ontem de manhã, servidores
da Sejus estiveram no 12º DP onde dois suspeitos foram autuados
FOTO: ÉRIKA FONSECA
|
A sede da
Secretaria da Justiça e da Cidadania (Sejus), na Rua Tenente Benévolo,
1055, Praia de Iracema, foi atacada, na noite de domingo por homens
armados que estavam de carro.
Os bandidos
efetuaram disparos contra o prédio. No momento do crime, por volta de
22h30, uma pessoa fazia a segurança. Os tiros atingiram a porta de
vidro, que ficou com a metade destruída; a parede da recepção e a
fachada. Ninguém se feriu.
De acordo
com a Assessoria de Comunicação da Sejus, uma equipe da Perícia Forense
do Estado do Ceará (Pefoce) foi ao local e iniciou nos levantamentos.
Ainda segundo a Sejus, as informações referentes aos motivos do ataque
serão passadas pela Polícia Civil. A secretária da Justiça, Mariana Lobo
não se pronunciou sobre o episódio.
O delegado
Lira Ximenes, titular do 12º Distrito Policial (Conjunto Ceará),
informou que existe a suspeita de que os dois homens presos como
responsáveis pelos incêndios aos ônibus sejam os mesmo que atiraram
contra o prédio da Sejus. Na manhã de ontem, três funcionários da Sejus
compareceram ao 12ºDP, onde conversaram com o delegado Lira Ximenes.
Sem armas
Os suspeitos
dos atentados, Francisco Yuri Teixeira Pinto e Carlos Darlly Oliveira
da Silva não estavam armados no momento em que foram presos. Porém, a
Polícia não descarta a possibilidade de comparsas deles terem sido os
responsáveis pelos disparos feitos contra a sede da Secretaria da
Justiça na madrugada.
Polícia quer identificar mandantes dos delitos
O delegado
geral da Polícia Civil, Andrade Júnior, disse que as investigações dos
atentados ocorridos domingo e de ontem, serão centralizadas na Delegacia
de Roubos e Furtos (DRF) e na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP).
Segundo ele,
ainda não se pode afirmar que os incêndios dos ônibus e o ataque ao
prédio da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) tenham ligações com a
morte do detento Henrique de Sousa Monteiro.
Andrade
Júnior contou que as apurações estão acontecendo no sentido de desvendar
quem estaria por trás das ações. "Não acreditamos que só estas duas
pessoas estejam envolvidas nestes incêndios. Queremos descobrir quem
está por trás deles. Quem é que está ordenando ou desencadeando as
ações".
Segundo o
delegado geral, não há dúvidas que os ônibus foram incendiados pelas
mesmas pessoas. No entanto, ainda não se pode dizer que o grupo foi o
mesmo que atacou à Sejus. "Uma das nossas linhas de investigação é que
os ataques estejam ligados à morte do detento, mas temos outra que está
sendo mantida em sigilo. Por isto, não podemos dizer ainda que todos
estes fatos estão ligados".
Andrade
Junior lembrou que movimentos semelhantes estão acontecendo em outras
partes do Brasil, mas que aqui, a motivação pode ter sido outra.
"O crime
organizado tem agido em represália às ações Polícia, no Maranhão, por
exemplo. Vamos ver até em ponto isto pode ter sido um acontecimento
desta natureza no Ceará".
Fernando Ribeiro/Fernando Barbosa
Márcia Feitosa/Editor de polícia/repórteres
Fonte: DN
Nenhum comentário:
Postar um comentário