O aumento do repasse para US$ 1 mil (R$ 2.400) também seria útil para tentar refrear deserções.
O governo quer convencer Cuba a ampliar de US$ 400 para US$ 1.000 o repasse pago a
profissionais do Mais Médicos no Brasil. A medida é considerada pelo
Planalto como essencial para tentar reverter críticas que o programa,
vitrine de campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff, passou a
receber nas últimas duas semanas.
Os ataques ressurgiram depois de a cubana Ramona Rodríguez sair do
programa, dizendo-se enganada pelo governo Raúl Castro por receber US$
400 (cerca de R$ 960). Já médicos brasileiros recebem R$ 10 mil, mesmo
valor repassado pelo governo Dilma ao convênio firmado com a Opas
(Organização Pan-Americana de Saúde).
O aumento do repasse para US$ 1 mil (R$ 2.400) também seria útil para
tentar refrear deserções. Na semana passada, houve quatro casos de
médicos que “fugiram” do programa.
"Qualquer trabalhador que tenha um aumento no salário fica feliz. Não
seria diferente com a gente", diz um médico cubano que atua em um posto
de saúde da zona norte de São Paulo sobre o novo valor.
Ele afirma que, com o aumento, será possível economizar algum dinheiro
para quando voltar a Cuba, ao contrário do que acontece atualmente.
“Como estamos há apenas três meses aqui, ainda não deu para guardar
muita coisa.
— Não dá para economizar tanto porque temos despesas pessoais, como internet e telefone.
Na avaliação do planalto, um salário maior para os profissionais poderia
ajudar, ainda, a amenizar o descontentamento do Ministério Público do
Trabalho. Uma investigação sobre as condições dos médicos recrutados em
Cuba está em curso. O procurador Sebastião Caixeta já avisou que deverá
apresentar ao Ministério da Saúde, em breve, recomendações sobre a
necessidade de se alterar a relação trabalhista.
Dos 9.000 médicos que atuam no programa, 7.500 são cubanos. O aumento do
salário desses profissionais importados de Havana começou a ser
discutido na Casa Civil,
há duas semanas, em reunião com a presença dos ministros da Justiça,
José Eduardo Cardozo, e da Saúde, Arthur Chioro. Questionado sobre o
assunto, Chioro afirmou estar sensível”ao problema.
Trunfo político
Idealizado pela equipe do Ministério da Saúde, o Mais Médicos também
terá destaque na campanha do ex-ministro Alexandre Padilha (PT) ao
governo de São Paulo. Pesquisas em poder do Planalto indicam que a maioria da população aprova o programa, um trunfo que o governo quer preservar até outubro.
Desde que a Ramona abandonou o programa, a oposição acusa o PT de se
aproveitar do trabalho escravo. Nos bastidores, DEM e PSDB dizem que o
acordo é uma troca, uma forma de amortizar o dinheiro brasileiro
emprestado para a construção do Porto de Mariel, em Cuba.
FONTE: r7
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