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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

No aniversário de 45 anos do ‘Jornal Nacional’, Cid Moreira, de 86 anos, diz que sente saudade da bancada


Com 70 anos de carreira, Cid Moreira lembra o passado, continua suas leituras da Bíblia e afirma: ‘Não sinto falta de nada’
Com 70 anos de carreira, Cid Moreira lembra o passado, continua suas leituras da Bíblia e afirma: ‘Não sinto falta de nada’ Foto: Paulo Mumia / EXTRA
Gustavo Cunha

Aos 86 anos, Cid Moreira tem apenas uma exigência quando está do outro lado da bancada numa entrevista: “Vamos falar de atualidade”. Exatos 45 anos depois de entoar pela primeira vez o clássico “boa noite” no então estreante “Jornal Nacional”, o homem que hoje mantém uma rotina tranquila, entre Bíblias e raquetes de tênis, não conseguiu se desgarrar do instinto jornalístico. Por isso, mesmo que se atenha ao presente, não deixa de falar no passado quando está no posto de entrevistado.
— Olha, eu estou na quarta mulher... Não sinto falta de nada, porque são fases. Se você me pergunta se eu sinto saudades, é claro que sinto. Mas se me questionam se eu quero trabalhar com rádio e TV, é claro que não quero. Não tem jeito. Com 70 anos de carreira, as pessoas querem encostar o cara, qualquer um. Aquela pessoa que se prende a determinada fase da vida e não consegue se desligar vai sofrer. Por exemplo, a mulher, que vai ficando velha, mas quer continuar nova, usando minissaia e se arrumando como um brotinho... É ridículo! Eu estou evoluindo à minha maneira — dispara Cid, em tom professoral.
Há 45 anos, Cid Moreira estrelava o “Jornal Nacional”, onde permaneceu como âncora de 1969 a 1996
Há 45 anos, Cid Moreira estrelava o “Jornal Nacional”, onde permaneceu como âncora de 1969 a 1996 Foto: Arquivo / Agência O Globo
Ironicamente, quando completar 87 anos, no próximo dia 29, o ex-âncora do principal telejornal do país (de 1969 a 1996) estará com um dos pés no passado, ministrando um seminário, em Curitiba, sobre sua carreira profissional.
— Será um laboratório de um projeto maior. Se realmente der certo, vamos repetir pelas capitais de todo o Brasil. A ideia é falar de minhas fases no rádio e na TV, tanto no “JN” quanto no “Fantástico” e no extinto Canal 100 — explica Cid, que mantém uma casa na Barra e outra em Petrópolis, no mesmo condomínio de William Bonner, com quem troca ideias regularmente: — O jornal hoje está mais solto. Tem um papo, as pessoas ficam em pé. Na minha época não era assim! Teve colega que até engoliu mosca para não dizer que a mosca entrou na boca dele. Lembro que, depois disso, abriram uma portaria proibindo lanches no estúdio para não atrair insetos.
Mesmo aposentado da aparição diária na televisão, o jornalista não fica um dia longe dos estúdios montados nas duas casas. Além de atender a pedidos de gravações enviados por fãs pelo Facebook, é lá que ele eterniza, com prazer, os trechos da Bíblia.
— Diariamente, eu estudo o livro sagrado. E cada vez que estudo, aprendo mais — diz ele que, apenas na Barra, tem mais de 30 exemplares da Bíblia: — No mês passado, eu participei de uma ação religiosa, num trio elétrico em Salvador, na Bahia. Foi uma sensação inusitada e constrangedora, pois era um evento religioso num veículo que não era religioso. Dá pra entender?


extra.globo.com/tv-

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