A liberação de 10 mil mosquitos Aedes aegypti que
carregam uma bactéria chamada Wolbachia traz uma esperança para o fim
da dengue. Para o pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira, coordenador do
projeto “Eliminar a dengue: desafio Brasil”, em dois anos já será
possível verificar uma redução no número de casos da doença nos locais
em que esses "mosquitos do bem" forem soltos. Esse exército de Aedes foi
liberado nesta quarta-feira, no bairro de Tubiacanga, na Ilha do
Governador.
- A previsão é de que em dois anos vamos ver a redução no número de
casos de dengue nos locais em que os mosquitos com a bactéria forem
soltos. E, em cinco anos, esperamos que a expansão para todo o Brasil
seja uma realidade - disse Luciano.
O pesquisador explica que, por enquanto, as previsões se baseiam em
modelos matemáticos e na experiência da Austrália, onde, no entanto, a
incidência de casos de dengue é bem menor que a registrada no Brasil:
- Esses estudos mostram que se você tiver uma capacidade de bloqueio de
60% do vírus no mosquito, você é capaz de interromper a transmissão do
vírus da dengue numa determinada área por um período de cerca de cinco
anos. Nos próximos dois anos, teremos dados mais concretos desse
trabalho de pesquisa. E para fazer um estudo maior, precisamos de cinco a
dez anos para mostrar a eficácia do método e comprovar que tem
incidência na reduação do número de casos de dengue.
A bactéria também é capaz de combater outra ameaça que chega ao país, o chikungunya.
- Pesquisas mostram que a Wolbachia faz um bloqueio parcial desse vírus
no mosquito, mas não de forma tão eficaz como acontece com o vírus da
dengue - explicou Luciano
A ação de hoje é inédita no país: é a primeira vez que os "Aedes do bem"
são inseridos na natureza nas Américas, numa estratégia que poderá
praticamente eliminar a doença. O método natural para bloquear a
transmissão do vírus da dengue no mosquito Aedes aegypti foi
desenvolvido pelo Programa "Eliminate Dengue: Our Challenge" (Eliminar a
Dengue: Nosso Desafio), um esforço internacional sem fins lucrativos,
que testa o método na Austrália, no Vietnã, na Indonésia, e agora no
Brasil.
Segundo o Ministério da Saúde, foram registrados 531 mil casos de dengue
no Brasil, este ano. No ano passado, foram 1, 5 milhão de notificações.
Apesar da redução de 62,5%, o Ministério da Saúde ressaltou a
importância de manter o alerta e a necessidade de dar continuidade às
ações preventivas. De acordo com o governo federal, este ano, já foram
repassados a estados e municípios mais de R$ 300 milhões para medidas de
vigilância, prevenção e controle da doença. Em quatro anos de pesquisa,
o custo do projeto “Eliminar a dengue: desafio Brasil” não chegou a R$ 3
milhões e é financiado pela Fiocruz, Ministério da Saúde, Minustério da
Ciência, Tecnologia e Inovação, Foundation for the National Institutes
os Health (FNIH, dos Estados Unidos) e Fundação Bill & Melinda
Gates.
/extra.globo.com/noticias
Nenhum comentário:
Postar um comentário