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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

‘Mosquitos do bem’ vão diminuir casos de dengue em dois anos


Os 'Aedes do bem' foram soltos no bairro de Tubiacanga, na Ilha do Governador
Os 'Aedes do bem' foram soltos no bairro de Tubiacanga, na Ilha do Governador Foto: Fabiano Rocha / Extra
Flávia Junqueira

A liberação de 10 mil mosquitos Aedes aegypti que carregam uma bactéria chamada Wolbachia traz uma esperança para o fim da dengue. Para o pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira, coordenador do projeto “Eliminar a dengue: desafio Brasil”, em dois anos já será possível verificar uma redução no número de casos da doença nos locais em que esses "mosquitos do bem" forem soltos. Esse exército de Aedes foi liberado nesta quarta-feira, no bairro de Tubiacanga, na Ilha do Governador.
- A previsão é de que em dois anos vamos ver a redução no número de casos de dengue nos locais em que os mosquitos com a bactéria forem soltos. E, em cinco anos, esperamos que a expansão para todo o Brasil seja uma realidade - disse Luciano.
O pesquisador explica que, por enquanto, as previsões se baseiam em modelos matemáticos e na experiência da Austrália, onde, no entanto, a incidência de casos de dengue é bem menor que a registrada no Brasil:
- Esses estudos mostram que se você tiver uma capacidade de bloqueio de 60% do vírus no mosquito, você é capaz de interromper a transmissão do vírus da dengue numa determinada área por um período de cerca de cinco anos. Nos próximos dois anos, teremos dados mais concretos desse trabalho de pesquisa. E para fazer um estudo maior, precisamos de cinco a dez anos para mostrar a eficácia do método e comprovar que tem incidência na reduação do número de casos de dengue.
A bactéria também é capaz de combater outra ameaça que chega ao país, o chikungunya.
- Pesquisas mostram que a Wolbachia faz um bloqueio parcial desse vírus no mosquito, mas não de forma tão eficaz como acontece com o vírus da dengue - explicou Luciano
A ação de hoje é inédita no país: é a primeira vez que os "Aedes do bem" são inseridos na natureza nas Américas, numa estratégia que poderá praticamente eliminar a doença. O método natural para bloquear a transmissão do vírus da dengue no mosquito Aedes aegypti foi desenvolvido pelo Programa "Eliminate Dengue: Our Challenge" (Eliminar a Dengue: Nosso Desafio), um esforço internacional sem fins lucrativos, que testa o método na Austrália, no Vietnã, na Indonésia, e agora no Brasil.
Segundo o Ministério da Saúde, foram registrados 531 mil casos de dengue no Brasil, este ano. No ano passado, foram 1, 5 milhão de notificações. Apesar da redução de 62,5%, o Ministério da Saúde ressaltou a importância de manter o alerta e a necessidade de dar continuidade às ações preventivas. De acordo com o governo federal, este ano, já foram repassados a estados e municípios mais de R$ 300 milhões para medidas de vigilância, prevenção e controle da doença. Em quatro anos de pesquisa, o custo do projeto “Eliminar a dengue: desafio Brasil” não chegou a R$ 3 milhões e é financiado pela Fiocruz, Ministério da Saúde, Minustério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Foundation for the National Institutes os Health (FNIH, dos Estados Unidos) e Fundação Bill & Melinda Gates.


/extra.globo.com/noticias

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