De 2008 para 2012, a quantidade mais do que duplicou. Foram 888
assassinatos registrados na Capital em 2008, saltando para 1.920 em 2012
(Foto: Kiko Silva/Diário do Nordeste)
O índice de violência em Fortaleza toma proporções preocupante. Prova
disso é que a cidade ocupa o segundo lugar no ranking das capitais
brasileiras com maior taxa de homicídios. A média é de 76.8 assassinatos
para cada 100 mil habitantes, atrás apenas de Maceió, que registra 90
por 100 mil habitantes. Os dados são do "Mapa da violência 2014: os
jovens do Brasil", uma pesquisa realizada pela Faculdade
Latino-americana de Ciências Sociais, referente a 2012.
Observa-se que o número de homicídios cresce a cada ano. De 2008 para 2012, a quantidade mais do que duplicou. Foram 888 assassinatos registrados na Capital em 2008, saltando para 1.920 em 2012. O que dá a média de 160 mortes por mês ou cinco por dia. Do total, 1.294 (67,4%) são jovens entre 15 e 29 anos. Os negros são os que mais morrem. Dos assassinatos registrados na população jovem em 2012, chama a atenção que 1.189 (91,8%) são negros, enquanto 105 (8,1%) são brancos.
Na visão do sociólogo Geovani Jacó de Freitas, do Laboratório de Pesquisa Conflitualidade e Violência (Covio) da Universidade Estadual do Ceará (Uece), esses dados refletem questões como desigualdade social e a ausência do estado nas regiões que mais demandam de políticas públicas, como saneamento básico, lazer, trabalho, renda, cultura e, sobretudo, educação.
"Não é pobreza, mas a desigualdade social revelada pela distância que certos seguimentos ocupam em relação a outros mais ricos. Essa distância no Ceará é enorme e ela é fruto da ausência do próprio estado, com políticas públicas que visem o social. Quando o quadro de delinquência urbana revela esse processo extremamente seletivo, a gente vai ver que as vítimas são os negros", destaca.
O especialista esclarece que a violência urbana tem um viés de classe, na medida em que vitimiza, esmagadoramente, as populações situadas em territórios considerados hierarquicamente e simbolicamente como desclassificados. Tem também o viés etário. "A ausência de políticas públicas eficazes produz uma espécie de genocídio demográfico, cujas vítimas maiores são os jovens, especialmente os de 14 a 29 anos", frisa. Outro viés que vita é o de gênero, já que 90% das vítimas são homens.
Freitas afirma que não há uma política de segurança pública no Ceará, o que existem são projetos marcados pelo personalismo do governo e pela ideia de combate ao criminoso, sem levar em conta a complexidade da questão urbana em Fortaleza. "Isso termina sendo uma política extremamente produtora de desigualdades, ou reforçando essas desigualdades, pois trata a população é que maior vítima com exagero e violência", alerta.
Para o sociólogo, não surpreende esse crescimento do cenário de violência em Fortaleza. "Se junta combate ao inimigo com o pavor da população, que exige cada vez mais ações imediatas para dar uma sensação de segurança, o que leva a própria população a legitimar o uso da violência institucional", afirma.
Talita Maciel, advogada do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) cobra do governo respostas em relação às mortes que estão ocorrendo. "Eles culpabilizam os próprios jovens da violência, as drogas, alegam que os jovens estão se matando e não se atém a pensar em uma política para diminuir esses índices de violência", salienta. Ela diz que a preocupação maior é em saber o porquê dessas mortes que estão ocorrendo.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) para comentar os dados da pesquisa, mas a assessoria de imprensa afirmou que não teria como responder, por estar fora do horário de expediente.
Fonte: Diário do Nordeste
Observa-se que o número de homicídios cresce a cada ano. De 2008 para 2012, a quantidade mais do que duplicou. Foram 888 assassinatos registrados na Capital em 2008, saltando para 1.920 em 2012. O que dá a média de 160 mortes por mês ou cinco por dia. Do total, 1.294 (67,4%) são jovens entre 15 e 29 anos. Os negros são os que mais morrem. Dos assassinatos registrados na população jovem em 2012, chama a atenção que 1.189 (91,8%) são negros, enquanto 105 (8,1%) são brancos.
Na visão do sociólogo Geovani Jacó de Freitas, do Laboratório de Pesquisa Conflitualidade e Violência (Covio) da Universidade Estadual do Ceará (Uece), esses dados refletem questões como desigualdade social e a ausência do estado nas regiões que mais demandam de políticas públicas, como saneamento básico, lazer, trabalho, renda, cultura e, sobretudo, educação.
"Não é pobreza, mas a desigualdade social revelada pela distância que certos seguimentos ocupam em relação a outros mais ricos. Essa distância no Ceará é enorme e ela é fruto da ausência do próprio estado, com políticas públicas que visem o social. Quando o quadro de delinquência urbana revela esse processo extremamente seletivo, a gente vai ver que as vítimas são os negros", destaca.
O especialista esclarece que a violência urbana tem um viés de classe, na medida em que vitimiza, esmagadoramente, as populações situadas em territórios considerados hierarquicamente e simbolicamente como desclassificados. Tem também o viés etário. "A ausência de políticas públicas eficazes produz uma espécie de genocídio demográfico, cujas vítimas maiores são os jovens, especialmente os de 14 a 29 anos", frisa. Outro viés que vita é o de gênero, já que 90% das vítimas são homens.
Freitas afirma que não há uma política de segurança pública no Ceará, o que existem são projetos marcados pelo personalismo do governo e pela ideia de combate ao criminoso, sem levar em conta a complexidade da questão urbana em Fortaleza. "Isso termina sendo uma política extremamente produtora de desigualdades, ou reforçando essas desigualdades, pois trata a população é que maior vítima com exagero e violência", alerta.
Para o sociólogo, não surpreende esse crescimento do cenário de violência em Fortaleza. "Se junta combate ao inimigo com o pavor da população, que exige cada vez mais ações imediatas para dar uma sensação de segurança, o que leva a própria população a legitimar o uso da violência institucional", afirma.
Talita Maciel, advogada do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) cobra do governo respostas em relação às mortes que estão ocorrendo. "Eles culpabilizam os próprios jovens da violência, as drogas, alegam que os jovens estão se matando e não se atém a pensar em uma política para diminuir esses índices de violência", salienta. Ela diz que a preocupação maior é em saber o porquê dessas mortes que estão ocorrendo.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) para comentar os dados da pesquisa, mas a assessoria de imprensa afirmou que não teria como responder, por estar fora do horário de expediente.
Fonte: Diário do Nordeste
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