Jéssika Sisnando / Levi de Freitas
Internos recolhidos na Casa de Privação Provisória de Liberdade III (CPPL III), em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza, também fizeram a prova com o objetivo de obter a certificação. (Foto: Rui Nóbrega)
Detentos e detentas do sistema penitenciário do Estado do Ceará participaram do Exame Nacional para Certificação de Competência de Jovens e Adultos (Encceja). Ao todo, 508 apenados fizeram provas com o objetivo de concluir o Ensino Fundamental e buscar um futuro diferente depois que atravessarem os muros de concreto das unidades prisionais do Estado.
A reportagem acompanhou a realização das provas no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa, localizado na BR-116, em Aquiraz. A unidade abriga cerca de 580 mulheres em conflito com a Lei. Cherlene Sousa, 21, estava entre as detentas que realizaram o exame. Ao lado de outras 10, que haviam terminado o teste, ela comentou sobre as perspectivas do futuro. "Participo do programa ProJovem e estudo. Me inscrevi para a prova. Pretendo mudar quando sair daqui", explicou a apenada.
Faculdade
A jovem ainda não sabe qual curso deseja seguir, mas ressaltou que quer fazer faculdade. Ela foi detida em 2012 por crime de assalto, foi julgada e cumpre pena estimada em 10 anos. "Quero ter outra vida. Aqui me proporcionam estudo, alimentação e trabalho. Meu roubo foi qualificado, foi em uma loja, mas devo sair em 2015", diz Cherlene.
Em meio aos tons alegres de lilás pintados na parede da prisão, uma sala cheia de livros chama a atenção de quem passa: a biblioteca da unidade prisional. Quem cuida do espaço é a interna Daniele da Silva Cunha, de 25 anos, que cumpre pena por tráfico de drogas. Ela diz que não tinha experiência com o trabalho de bibliotecária, mas depois se interessou pelo serviço. "Quando fui julgada, ficava triste e chorando. Pedi que me dessem algum trabalho e cheguei aqui. Tomara que eu tenha oportunidade de sair trabalhando", comenta entusiasmada.
Cuidar da biblioteca foi o primeiro trabalho de Daniele, condenada a três anos e seis meses, mas já cumpriu um ano e seis meses. Indagada de que agora falta pouco tempo para sair, ela retruca: "É pouco tempo porquê não é você. Para quem vive dentro do presídio é muito tempo", ressalta a jovem.
Entre os livros mais locados na biblioteca, Daniele destaca os de romance e autoajuda e cita um escritor do tema como um dos mais procurados pelas colegas. A Secretaria de Justiça (Sejus) pretende aumentar o projeto da biblioteca para todas as unidades penais e estabelecer uma diminuição de pena. Para cada livro lido seria um dia a menos sem liberdade.
Além do presídio feminino, as provas do Encceja foram realizadas em outras unidades prisionais do Estado como a Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL III), em Itaitinga. Na CPPL III a reportagem não pôde conversar com os detentos devido às normas do Ministério da Educação (MEC) e por questões de segurança impostas pela Secretaria de Justiça.
Dois lados
Um lado pintado e colorido e com salas de aulas. Muitas frases bíblicas e de autoajuda. Outro lado, não aberto para entrada da imprensa, mostrava celas mais escuras e cheias de detentos que chamavam a atenção da equipe de reportagem e pediam para serem filmados.
Segundo o assessor Educacional da Sejus, Rodrigo Moraes, o exame é uma grande oportunidade para garantir o direito da pessoa privada de liberdade. "Para que ele possa ser certificado e para nós avaliarmos o nível de aprendizado tanto dos internos como dos alunos do Sistema Penitenciário".
O diretor da CPPL III, Marcos Karbage, informa que na penitenciária funciona uma escola. Ele destaca projetos de tapeçaria, fábrica de bola e enfeites, que ocorrem em dias alternados. "Na medida em que vão surgindo os projetos, a diretoria os agrega aos 1.360 internos", acrescenta.
Jovens prestam exame
Os adolescentes internos nos Centros Educacionais de Fortaleza também tiveram uma chance de concluir o Ensino Fundamental através da aplicação do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) destinado a pessoas privadas de liberdade.
No Ceará, 345 adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas prestaram o exame durante a manhã e a tarde de ontem, segundo a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS).
O Estado possui 11 Centros, dos quais oito são em Fortaleza. De acordo com a STDS, cerca de um terço dos internos, somadas todas as unidades, participaram da aplicação das provas.
A diretora em exercício do Centro Educacional Patativa do Assaré (Cepa), Magna Maria Rebouças, coordenou os trabalhos do Encceja executados no Centro que está dirigindo.
Tranquilidade
Magna enfatizou que a aplicação das provas ocorreu tranquilamente. "Aqui no Cepa foram utilizadas cinco salas para que 63 adolescentes participassem do exame. Ocorreu tudo com muita tranquilidade, foi bastante satisfatório", disse. Contente com o que chamou de "incentivo para a ressocialização", Magna destacou a importância para os jovens de conquistarem o diploma do primeiro grau.
"O objetivo é ressocializá-los, incentivá-los a quando retornarem para a sociedade, continuarem os estudos, incentivando a leitura. É muito bom ter estas provas para este incentivo".
Para Magna, a sociedade deve focar um novo olhar sobre os jovens. "Esta é uma experiência positiva. Acredito muito neste trabalho", ponderou.
Fonte: Diário do Nordeste
A reportagem acompanhou a realização das provas no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa, localizado na BR-116, em Aquiraz. A unidade abriga cerca de 580 mulheres em conflito com a Lei. Cherlene Sousa, 21, estava entre as detentas que realizaram o exame. Ao lado de outras 10, que haviam terminado o teste, ela comentou sobre as perspectivas do futuro. "Participo do programa ProJovem e estudo. Me inscrevi para a prova. Pretendo mudar quando sair daqui", explicou a apenada.
Faculdade
A jovem ainda não sabe qual curso deseja seguir, mas ressaltou que quer fazer faculdade. Ela foi detida em 2012 por crime de assalto, foi julgada e cumpre pena estimada em 10 anos. "Quero ter outra vida. Aqui me proporcionam estudo, alimentação e trabalho. Meu roubo foi qualificado, foi em uma loja, mas devo sair em 2015", diz Cherlene.
Em meio aos tons alegres de lilás pintados na parede da prisão, uma sala cheia de livros chama a atenção de quem passa: a biblioteca da unidade prisional. Quem cuida do espaço é a interna Daniele da Silva Cunha, de 25 anos, que cumpre pena por tráfico de drogas. Ela diz que não tinha experiência com o trabalho de bibliotecária, mas depois se interessou pelo serviço. "Quando fui julgada, ficava triste e chorando. Pedi que me dessem algum trabalho e cheguei aqui. Tomara que eu tenha oportunidade de sair trabalhando", comenta entusiasmada.
Cuidar da biblioteca foi o primeiro trabalho de Daniele, condenada a três anos e seis meses, mas já cumpriu um ano e seis meses. Indagada de que agora falta pouco tempo para sair, ela retruca: "É pouco tempo porquê não é você. Para quem vive dentro do presídio é muito tempo", ressalta a jovem.
Entre os livros mais locados na biblioteca, Daniele destaca os de romance e autoajuda e cita um escritor do tema como um dos mais procurados pelas colegas. A Secretaria de Justiça (Sejus) pretende aumentar o projeto da biblioteca para todas as unidades penais e estabelecer uma diminuição de pena. Para cada livro lido seria um dia a menos sem liberdade.
Além do presídio feminino, as provas do Encceja foram realizadas em outras unidades prisionais do Estado como a Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL III), em Itaitinga. Na CPPL III a reportagem não pôde conversar com os detentos devido às normas do Ministério da Educação (MEC) e por questões de segurança impostas pela Secretaria de Justiça.
Dois lados
Um lado pintado e colorido e com salas de aulas. Muitas frases bíblicas e de autoajuda. Outro lado, não aberto para entrada da imprensa, mostrava celas mais escuras e cheias de detentos que chamavam a atenção da equipe de reportagem e pediam para serem filmados.
Segundo o assessor Educacional da Sejus, Rodrigo Moraes, o exame é uma grande oportunidade para garantir o direito da pessoa privada de liberdade. "Para que ele possa ser certificado e para nós avaliarmos o nível de aprendizado tanto dos internos como dos alunos do Sistema Penitenciário".
O diretor da CPPL III, Marcos Karbage, informa que na penitenciária funciona uma escola. Ele destaca projetos de tapeçaria, fábrica de bola e enfeites, que ocorrem em dias alternados. "Na medida em que vão surgindo os projetos, a diretoria os agrega aos 1.360 internos", acrescenta.
Jovens prestam exame
Os adolescentes internos nos Centros Educacionais de Fortaleza também tiveram uma chance de concluir o Ensino Fundamental através da aplicação do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) destinado a pessoas privadas de liberdade.
No Ceará, 345 adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas prestaram o exame durante a manhã e a tarde de ontem, segundo a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS).
O Estado possui 11 Centros, dos quais oito são em Fortaleza. De acordo com a STDS, cerca de um terço dos internos, somadas todas as unidades, participaram da aplicação das provas.
A diretora em exercício do Centro Educacional Patativa do Assaré (Cepa), Magna Maria Rebouças, coordenou os trabalhos do Encceja executados no Centro que está dirigindo.
Tranquilidade
Magna enfatizou que a aplicação das provas ocorreu tranquilamente. "Aqui no Cepa foram utilizadas cinco salas para que 63 adolescentes participassem do exame. Ocorreu tudo com muita tranquilidade, foi bastante satisfatório", disse. Contente com o que chamou de "incentivo para a ressocialização", Magna destacou a importância para os jovens de conquistarem o diploma do primeiro grau.
"O objetivo é ressocializá-los, incentivá-los a quando retornarem para a sociedade, continuarem os estudos, incentivando a leitura. É muito bom ter estas provas para este incentivo".
Para Magna, a sociedade deve focar um novo olhar sobre os jovens. "Esta é uma experiência positiva. Acredito muito neste trabalho", ponderou.
Fonte: Diário do Nordeste
Cai o número de eleitores com menos de 18 anos
Toffoli avaliou que a queda de eleitores com menos de 18 anos se deve a razões técnicas e mudanças na metodologia de cálculo. (Foto: ABr)
Balanço oficial apresentado ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela queda no número de jovens eleitores na faixa etária de 16 e 17 anos, que não são obrigados a votar mas podem tirar o título de eleitor. De 2010 para cá, esse grupo caiu de 2,3 milhões de eleitores para os atuais 1,6 milhão no Brasil. São cerca de 750 mil a menos que há quatro anos. No Ceará, também houve queda de eleitores nesta faixa etária. Eram 165 mil, em 2010, e passaram a 130 mil neste ano.
Para o Tribunal, essa redução se deve à nova metodologia no cadastro de eleitores. Agora, o TSE considera a idade que o eleitor tem no dia da votação. Muitos jovens que, ao se registrar tinham 17 anos, já terão completado 18 na hora do voto, que se torna então obrigatório.
Ceará
Em relação ao total de eleitores, o TSE informa que 6,2 milhões de pessoas estão aptas a votar no Ceará em outubro. Isso representa um aumento de 4,39% em relação ao pleito de 2010, quando 5,6 milhões tinham registro na Justiça Eleitoral.
O Ceará é o terceiro estado do Nordeste com mais eleitores, ficando atrás da Bahia, com 10 milhões, e Pernambuco, com 6,3 milhões. Na relação geral do Brasil, São Paulo lidera a lista, com 31 milhões de pessoas aptas a votar, seguido por Minas Gerais, com 15 milhões, e Rio de Janeiro, com 12 milhões. Nesta relação, o Ceará aparece na oitava colocação.
Idade
O levantamento também mostra um envelhecimento geral dos eleitores brasileiros. Na avaliação de coordenadores das equipes dos candidatos à Presidência da República de Aécio Neves (PSDB) e de Eduardo Campos (PSB), os números não interferem nas estratégias de campanha. Integrantes do comitê da presidente Dilma Rousseff (PT) não retornaram aos questionamentos enviados.
Na apresentação dos números, o presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, avaliou que a queda de eleitores com menos de 18 anos se deve a razões técnicas e mudanças na metodologia de calculo. "Há envelhecimento que o IBGE vem demonstrando. Pode haver outros motivos de interesse político, mas há um aumento na faixa etária da população. Se houve componente político, trouxe como hipótese para que a imprensa faça suas análises, mas há dados concretos de envelhecimento da população brasileira", afirmou Toffoli.
O ministro lembrou que houve alteração na metodologia de contagem por parte do TSE que passou a considerar a idade que o eleitor terá no dia da eleição.
Os dados indicam também um possível envelhecimento do quadro geral dos eleitores. A faixa etária predominante está entre 45 e 69 anos. Esse grupo chega a 33,7 milhões de eleitores (23,66%). Em 2010, eram 30,7 milhões (22,65%). O grupo entre 25 e 34 anos passou de 32,7 milhões (24,15%) para os atuais 33,2 milhões (23,29%).
Por sua vez, a população de idosos com 60 anos ou mais subiu de 20,7 milhões para 24,2 milhões. Em relação aos números gerais, também ficou constatado que entre 2010 e 2014 houve crescimento de 5,17% do número de eleitores, que passou de 135.804.433 para 142.822.046.
As mulheres continuam sendo maioria. Nesse quesito houve crescimento de 5,81% nos últimos quatro anos. Em relação aos homens, houve aumento de 4,54% nos últimos quatro anos.
Fonte: Diário do Nordeste
Para o Tribunal, essa redução se deve à nova metodologia no cadastro de eleitores. Agora, o TSE considera a idade que o eleitor tem no dia da votação. Muitos jovens que, ao se registrar tinham 17 anos, já terão completado 18 na hora do voto, que se torna então obrigatório.
Ceará
Em relação ao total de eleitores, o TSE informa que 6,2 milhões de pessoas estão aptas a votar no Ceará em outubro. Isso representa um aumento de 4,39% em relação ao pleito de 2010, quando 5,6 milhões tinham registro na Justiça Eleitoral.
O Ceará é o terceiro estado do Nordeste com mais eleitores, ficando atrás da Bahia, com 10 milhões, e Pernambuco, com 6,3 milhões. Na relação geral do Brasil, São Paulo lidera a lista, com 31 milhões de pessoas aptas a votar, seguido por Minas Gerais, com 15 milhões, e Rio de Janeiro, com 12 milhões. Nesta relação, o Ceará aparece na oitava colocação.
Idade
O levantamento também mostra um envelhecimento geral dos eleitores brasileiros. Na avaliação de coordenadores das equipes dos candidatos à Presidência da República de Aécio Neves (PSDB) e de Eduardo Campos (PSB), os números não interferem nas estratégias de campanha. Integrantes do comitê da presidente Dilma Rousseff (PT) não retornaram aos questionamentos enviados.
Na apresentação dos números, o presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, avaliou que a queda de eleitores com menos de 18 anos se deve a razões técnicas e mudanças na metodologia de calculo. "Há envelhecimento que o IBGE vem demonstrando. Pode haver outros motivos de interesse político, mas há um aumento na faixa etária da população. Se houve componente político, trouxe como hipótese para que a imprensa faça suas análises, mas há dados concretos de envelhecimento da população brasileira", afirmou Toffoli.
O ministro lembrou que houve alteração na metodologia de contagem por parte do TSE que passou a considerar a idade que o eleitor terá no dia da eleição.
Os dados indicam também um possível envelhecimento do quadro geral dos eleitores. A faixa etária predominante está entre 45 e 69 anos. Esse grupo chega a 33,7 milhões de eleitores (23,66%). Em 2010, eram 30,7 milhões (22,65%). O grupo entre 25 e 34 anos passou de 32,7 milhões (24,15%) para os atuais 33,2 milhões (23,29%).
Por sua vez, a população de idosos com 60 anos ou mais subiu de 20,7 milhões para 24,2 milhões. Em relação aos números gerais, também ficou constatado que entre 2010 e 2014 houve crescimento de 5,17% do número de eleitores, que passou de 135.804.433 para 142.822.046.
As mulheres continuam sendo maioria. Nesse quesito houve crescimento de 5,81% nos últimos quatro anos. Em relação aos homens, houve aumento de 4,54% nos últimos quatro anos.
Fonte: Diário do Nordeste
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