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quarta-feira, 23 de abril de 2014

IML aponta ´ferimento transfixante´ como causa da morte de dançarino











Foto mostra DG no chão, nos fundos de creche. (Foto: Reprodução / TV Globo)
O Jornal da Globo teve acesso com exclusividade ao laudo do Instituto Médico Legal (IML) sobre a morte de Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, dançarino do programa "Esquenta", de Regina Casé, na TV Globo. Segundo o documento, o óbito, ocorrido na madrugada desta terça-feira (22), foi causado por “hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax. Ação pérfuro-contundente”.

Após saber do laudo, a mãe da vítima, Maria de Fátima, disse que "furaram ele". "Como se tivessem perfurado ele com ferro ou vergalhão. Ele tinha sangue, como se estivessem raspado ele na parede. Tinha muito sangue na boca”, acrescentou a auxiliar de enfermagem, que vai prestar novo depoimento nesta quarta-feira (23) na 13ª DP (Copacabana).

Segundo Maria de Fátima, o enterro do filho será na quinta-feira (24), às 15h, no Cemitério São João Batistas. De acordo com ela, a apresentadora Regina Casé antecipou o retorno de sua viagem de férias para comparecer ao sepultamento.
Laudo foi obtido pelo Jornal da Globo. (Foto: Reprodução / TV Globo)

Protesto violento


O inicio da noite foi marcado por um protesto em Copacabana, Zona Sul do Rio, contra a morte de DG. Uma foto, também conseguida com exclusividade pelo Jornal da Globo, mostra o jovem morto, no chão, em um vão de escadas, nos fundos de uma creche. É possível ver sangue no chão. Durante a manifestação, outro homem levou um tiro na cabeça e morreu.

Foi uma noite de muita tensão, com tiros, barricadas com fogo e ruas de Copacabana bloqueadas. O tumulto se estendeu por duas das principais ruas do bairro e o comércio fechou as portas. A Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais do bairro, foi fechada antes das 18h. O Batalhão de Choque se posicionou bem perto da entrada do Pavão-Pavãozinho onde está situada a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Uma multidão se concentrou no acesso ao morro. A cada movimentação da polícia, havia revolta da população.

Na confusão, Edilson da Silva dos Santos, de 27 anos, levou um tiro na cabeça e morreu antes de chegar ao hospital.

Segundo o comando da UPP, na madrugada de terça-feira, houve um tiroteio entre policiais da unidade e traficantes. O caso foi registrado na delegacia e, quando policiais civis faziam uma perícia no local do tiroteio, viram Douglas morto.

Fraturas no corpo

O comando da UPP confirmou que havia fraturas no corpo. Em nota, a Polícia Civil disse que o laudo do local apontou que as escoriações são compatíveis com morte ocasionada por queda.

Na noite desta terça, na delegacia, a mãe de DG ficou indignada com essa versão. “Ele não caiu do muro. Ele estava machucado. Ele tem marca de chute nas costas, na costela”, disse Maria de Fátima da Silva.

 Moradores do Pavão-Pavãozinho relataram à TV Globo que Douglas estaria pulando muros da creche para fugir do tiroteio entre bandidos e policiais da UPP, na madrugada. O dançarino teria sido confundido com traficantes.

O líder comunitário Carlos Henrique Júnior postou em sua página numa rede social que o dançarino Douglas Rafael foi morto pelos policiais da Unidade de Polícia Pacificadora no Pavão-Pavãozinho, no Cantagalo, dentro de uma creche. Ele vai ser intimado pela Polícia Civil. O delegado Gilberto Ribeiro, da 13ª DP (Copacabana), que investiga a morte de Douglas já ouviu três dos 10 PMs que participaram do tiroteio na madrugada de terça-feira.

´Arrasada´, diz Regina Casé

No fim da noite, depois de saber da morte de Douglas, a apresentadora Regina Casé divulgou a seguinte nota: "Estou arrasada e toda a família Esquenta está devastada com essa notícia terrível. Uma tristeza imensa me provoca a morte do DG, um garoto alegre, esforçado, com vontade imensa de crescer. O que dizer num momento desses? Lamentar, claro, essa violência toda, que só produz tragédias assim. Que só leva insegurança às populações mais pobres do país. Agora, é impossível saber exatamente o que houve, mas é preciso que a polícia esclareça essa morte, ouvindo todos, buscando a verdade. A verdade, seja ela qual for, não porá fim à tristeza, mas é o único consolo".

Fonte: G1 Rio

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