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sábado, 21 de fevereiro de 2015

Chove em 130 municípios do Ceará


Apesar dos transtornos, a chuva é bem-recebida pelo sertanejo, que ainda acredita em um bom inverno

Com a chuva em 130 municípios do Ceará (atualização até as 12h30 de ontem), a população se divide entre esperança de um inverno tardio e preocupações com a infraestrutura urbana. A maior chuva se deu em Paraipaba, com 99mm. Com quatro dias de chuvas seguidos, são os agricultores que mais comemoram.

Para o agricultor Francisco Antônio Lopes, a esperança é que permaneça assim por mais uns dias, pelo menos para recuperar um pouco de água na cisterna. "Só com esse sopro de chuva já notamos as mudanças nas plantas, mas nossa preocupação mesmo é deixar a cisterna com reserva", conta.

Em Camocim, a chuva de 45mm, na manhã de ontem, foi o bastante para trazer a tona o problema da Rua do Aeroporto, apelidada pelos moradores de "Lagoa do Aeroporto", nas proximidades do Aeroporto Pinto Martins. De acordo com o comunicador Tadeu Nogueira, o local consiste em um ponto imenso de alagamento que força os que moram próximo a colocar os pés na água caso queiram se deslocar após uma chuva. "Desde 2008, a população pede uma solução para esse problema", afirmou.

Em Massapê, onde foram registrados 85.7mm, o principal problema também foram os alagamentos. O pátio em frente a Delegacia foi um dos pontos mais atingidos. Moradores do bairro Alto da Boa vista também relataram problemas.

Nuvens carregadas permaneceram durante todo o dia nos municípios do Vale do Jaguaribe. Na cidade de Russas, o tempo frio foi comemorado por moradores depois de duas semanas de forte calor. "A chuva era muito esperada e tomara que continue assim, pelo menos até o fim de semana", comemorou a dona de casa Maria Luiza, moradora do bairro de Fátima. Na região choveu em toda as cidades desde a última quinta-feira e as maiores precipitações até a manhã de ontem, foram em Morada Nova (83.6mm), Ibicuitinga (82.8mm) e Pereiro (80mm).

De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) dois sistemas que estão atuando sobre o Estado. Um deles é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), comum para o período chuvoso, que vai de fevereiro e maio. O outro não é comum. Ele contribui para a formação de nuvens verticalmente bastante elevadas (cumulunimbus).

São nuvens de tempestade que trazem não só chuvas intensas como também ventos fortes. Ele é chamado de Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, que se forma no oceano, se intensifica e atua sobre regiões próximo à sua borda. A previsão é de que, nesta madrugada, tenhamos mais precipitações nas mesmas regiões.

Agricultores adotam a cautela como estratégia

Iguatu. As últimas chuvas que banharam municípios da região Centro-Sul animaram os agricultores, renovaram a esperança na quadra invernosa, mas ainda não foram suficientes para levar os produtores rurais ao campo para o plantio de sequeiro das culturas tradicionais de milho e feijão. A estimativa é de que apenas 3% começaram o cultivo das sementes. As previsões desanimadoras para mais um ano de estiagem e atraso nas chuvas contribuíram para o quadro atual.

Os técnicos acreditam que a partir de março o trabalho no campo vai se intensificar. Por enquanto, poucos agricultores começaram o plantio. Antes é preciso preparar o solo, passar o cultivador, o arado e fazer sulcos. "O inverno vai começar, por enquanto é só uma ponta de chuva", disse o agricultor Antonio Melo, na localidade de Varjota, zona rural de Iguatu. Ontem, ele esteve no campo, fazendo o cultivo, mas foi um trabalho solitário. "Não quero perder tempo e já comecei a primeira planta". "Meu temor é que seja um inverno curto, temos que aproveitar todas as chuvas".

A cidade de Várzea Alegre foi a primeira da região a organizar os agricultores e anunciar o programa de preparo de solo para o plantio agrícola de sequeiro (aquele que depende exclusivamente das chuvas). Um grupo de 600 agricultores foi cadastrado e o serviço já começou em todos os distritos do município, mas a maioria dos produtores ainda aguarda a intensificação das chuvas para o cultivo das sementes e grãos armazenados.

De acordo com o secretário de Agricultura de Várzea Alegre, André Fiúza, menos de 5% dos agricultores iniciou o plantio neste ano. "A terra ainda está seca, quase não choveu por aqui", disse. "Normalmente o cultivo é feito a partir da primeira quinzena de janeiro, mas as chuvas não vieram no tempo esperado. Em dezembro e janeiro passados não choveu nada". Fiúza observou que o trabalho de preparo de solo continua e que a maioria dos agricultores está esperando a terra ficar molhada para concluir o serviço na lavoura.

Em Cedro, não há, neste ano, programa de preparo de terra e os pequenos produtores rurais seguem a tendência de outras localidades. "Eles estão aguardando o inverno se firmar", disse o secretário de Desenvolvimento Agrário, Rubenilson de Oliveira, conhecido por Bembém.

Jéssyca Rodrigues/Honório Barbosa

Colaboradores/DN


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FOTO: JOTA LOPES/AGÊNCIA CARIRICEARA.COM

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