Às 3h deste sábado (17), Francisco Fernandes de Alencar disse aos familiares estar pronto para partir e reencontrar a 'Bastiana'. O idoso, de 103 anos, não resistiu a uma hemorragia intestinal e faleceu nesta madrugada.
Ele e a mulher, Sebastiana Coelho de Matos, emocionaram o país quando ficaram internados juntos, lado a lado, no Hospital Regional de Samambaia, no Distrito Federal, em abril de 2018.
Uma das netas do casal contou ao G1 que "até o último minuto de vida, ele estava consciente":
"Pediu para segurar a nossa mão e disse que estava pronto para partir. Foi encontrar a Bastianinha", disse Jane Alves.
Francisco completaria 104 anos em 2 de setembro. Segundo Jane, o idoso chegou a ser levado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) no início da semana, mas pediu para voltar para casa.
"Ele não queria morrer no hospital. Queria ficar ao lado da família e fazer coisas comuns. Na noite passada, pediu até café com requeijão."
'Cadê Bastiana, ela tá bem?'
Em 16 de abril do ano passado, Francisco e a esposa deram entrada no Hospital Regional de Samambaia. Ela, com o agravamento no quadro de diabetes, foi internada. Ele, diagnosticado com insuficiência renal.
Em alas diferentes, os dois não cansavam de perguntar um pelo outro, afirmou Jane Alves.
"Meu avô queria saber se a 'Bastiana' dele estava bem, se ainda estava ali."
Percebendo a situação, a direção do hospital quebrou o protocolo e decidiu colocar os dois no mesmo quarto. Sebastiana e Francisco, então, passaram boa parte da internação de mãos dadas, com as camas lado a lado.
A iniciativa ajudou na recuperação do casal. Eles retornaram para casa dez dias depois. Sebastiana, no entanto, não resistiu a um enfisema pulmonar e morreu, aos 101 anos, em 11 de setembro de 2018. O casal ficou junto durante 82 anos.
Aventura de amor
Foi na década de 1930 que a história de amor entre Francisco e Sebastiana começou. À procura de trabalho, ainda jovem, Francisco trocou a vida no Maranhão pela atividade no campo, em Goiás.
O primeiro emprego foi em uma fazenda, onde ele encontrou a mulher que, futuramente, se tornou sua esposa. Filha dos donos da casa, mas sem apoio do pai para assumir o relacionamento, a jovem Sebastiana aceitou fugir dali com o então "namorado de olhos azuis".
"Ele já a achava muito bonita, mas não tinha coragem de falar porque não se sentia digno dela", contou a neta.
"A tia dela foi o cupido, mas meu bisavô não queria saber porque ele [Francisco] não tinha posses".
Fazendo jus às grandes histórias de amor narradas em filmes, o casal marcou um dia de encontro para fugir a cavalo, em outubro de 1936.
"No caminho, pararam em uma igreja e se casaram."
Com o compromisso formalizado, Sebastiana e Francisco só voltaram à cidade natal dela quando o 12º filho nasceu, em 1961.
Centenários, eles celebraram os respectivos aniversários, com direito à festa, bolo e velinhas – de três dígitos. A comemoração, valorizada pela família, reuniu cerca de 70 netos e 45 bisnetos e oito tataranetos.
Com informações G1
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