Agentes da Policia Federal protestam em frente ao Ministério da Justiça 20/08 (Foto: Givaldo Barbosa/ O Globo )
Para o sindicato, intervenções políticas estariam prejudicando o desempenho da corporação. O número de indiciamentos da corporação por peculato recuou 80%, os originados por processos de exigência de propina, 83% e os por desvios em prefeituras, 84%, nos últimos sete anos, no Brasil.
De acordo com o novo
formulário, os agentes devem informar se há algum político ou pessoa
ligada a figuras públicas importantes no caso em investigação. Segundo
Porto, é preciso escrever o nome da pessoa e, depois disso, o policial
ou algum outro servidor envolvido na operação é chamado em Brasília, na
sede central da PF, para esclarecer qual é exatamente a suspeita.
“Para nós, isso é uma
interferência política. Oficialmente, a informação seria para que a
polícia tivesse uma dimensão real do que irá precisar para aquela ação e
futuras prisões, como recursos e efetivo”, afirma Porto.
A assessoria de imprensa
da PF confirma a criação do novo campo e diz que quando há algum
político ou personalidade pública em determinado caso é “preciso ter
mais cuidado com as informações”. A PF disse que não rebateria as
críticas do sindicato e não soube explicar o que significa exatamente
“ter mais cuidado”. De acordo com a PF, o procedimento é adotado não só
para políticos, mas também quando se trata de servidores ou pessoas
ligadas a eles.
Ainda de acordo com a
assessoria, o dado é solicitado desde 2010, mas segundo Porto, a mudança
estava funcionando em fase de testes, e só recentemente foi incorporada
oficialmente à rotina dos agentes.
As informações
adicionadas no sistema eletrônico da corporação caem diretamente na mesa
do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele é comunicado de todos
os nomes de políticos ou “pessoas públicas”, como chama a assessoria da
PF, que estejam sob suspeição. Por nota, o ministério informou que este
é um patrão internacional. O órgão, no entanto, não detalhou quais
normas são essas.
Segundo a assessoria, o
ministro é comunicado dos nomes, mas não do conteúdo das operações. O
ministro Cardozo, ainda de acordo com a assessoria, não faz qualquer
intervenção nas operações em curso.
Controle. Um outro
policial federal entrevistado pela reportagem afirmou que foi convocado
recentemente à central, em Brasília, por participar de uma investigação
que, durante o seu curso, detectou a participação de um gestor do
Executivo.
“De forma velada,
disseram-me para não aprofundar no envolvimento dessa pessoa, pois isso
tornaria a ação mais longa e burocrática, já que ela tem foro
privilegiado. Fizemos o trabalho, mas o resultado seria muito maior se
tivéssemos tido mais liberdade”, revela a fonte.
Ação
Agilidade. Operações
inteligentes são operações mais ágeis, que investigam crimes que ainda
estão ocorrendo. Nelas, a Polícia Federal monitora os suspeitos de
determinado crime.
Fonte: O Tempo
Fonte: O Tempo
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