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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Protesto contra o governo e o PT leva milhares de pessoas às ruas em todos os estados e no DF


Manifestação na Aavenida Paulista, em São Paulo, pede a saída da presidente Dilma Rousseff
Manifestação na Aavenida Paulista, em São Paulo, pede a saída da presidente Dilma Rousseff Foto: Michel Filho / O Globo
O Globo

RIO, SÃO PAULO, BRASÍLIA E PORTO ALEGRE - As manifestações contra o governo federal e o PT levaram milhares de pessoas às ruas neste domingo em pelo menos 147 cidades distribuídas por todos os estados brasileiros e o Distrito Federal, de acordo com o G1. Nenhum incidente grave foi registrado até o momento.
No Rio e em São Paulo manifestantes começaram a aparecer pela manhã. Na capital paulista, milhares de pessoas ocuparam pelo menos dez quarteirões da Avenida Paulista. Além de protestarem contra o governo federal, os manifestantes também marcham em apoio às investigações da Operação Lava-Jato, que apura crimes de corrupção na Petrobras. Até o meio da tarde, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo ainda não havia divulgado a estimativa de pessoas presentes, no entanto, o número é aparentemente menor que o registrado nas manifestações anteriores. O senador tucano José Serra circulou entre os manifestantes por cerca de uma hora, mas não discursou.
No Rio, o comando policial diz que não vai auferir público "por conta dos constantes desencontros do número estimado por organizadores e da própria PM". Na cidade maravilhosa, as cores da bandeira nacional deram o tom em faixas e camisetas, num ato que durou cerca de três horas. Assim como em São Paulo, o juiz Sérgio Moro também foi lembrado e elogiado, e um dos carros de som trazia uma faixa onde se lia “Je suis Moro” ("Eu sou Moro"). Outro assunto lembrado durante o protesto foi o julgamento das contas da campanha de Dilma pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Cartazes pediam aos ministros do TCU — que deram 15 dias para a petista responder sobre as irregularidades — que reprovassem as contas de 2014 da presidente.
Manifestante em São Paulo
Manifestante em São Paulo Foto: Michel Filho / O Globo
Com seis carros de som, a orla de Copacabana, na Zona Sul, foi tomada por manifestantes e chamou a atenção de turistas. Os argentinos Ramiro Rivas, de 41 anos, e Marcela Yranzo, de 39, ficaram boquiabertos diante da faixa pedindo intervenção militar. Hospedados no Othon desde sexta-feira, os turistas lamentaram a posição:
- Esses perderam a cabeça. Mas é o que acontece quando as pessoas se cansam. Começam a pedir coisas que não fazem sentido - disse Rivas, fazendo fotos.
Para Marcela, a manifestação é diferente do que se vê na Argentina:
- Lá as manifestações são mais sóbrias. Aqui parece um carnaval de gente com dinheiro - completa Rivas. - Dá pra ver que é gente com dinheiro, que se veste bem, e veio de carro.
Enquanto no Rio figuras já conhecidas de protestos, como Batman, levantavam cartazes "Fora Dilma", em Brasília, um boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário foi levado para o ato. Além disso, uma cela improvisada trazia bonecos de papelão identificados como José Dirceu (ex-ministro da Casa Civil), João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT), Nestor Cerveró (ex-diretor de relações internacionais da Petrobras), Lula e Dilma.
Ainda no Rio, houve confrontos entre críticos do governo e transeuntes que defenderam o governo do PT. O GLOBO flagrou três confusões desse tipo, em que os que se posicionavam a favor do governo Dilma tiveram que sair escoltados do local por policiais militares.
Em Brasília, 25 mil pessoas foram até a sede do governo com cartazes que pediam a saída de Dilma Rousseff da Presidência. O número de manifestantes, no entanto, não surpreendeu o governo. Durante a semana, auxiliares de Dilma vinham monitorando as redes sociais para ter uma dimensão dos protestos. A avaliação, até o momento, é de que a pacificidade e o tamanho das manifestações garantem um ambiente mínimo de estabilidade política. O Palácio do Planalto está tratando dos protestos como algo "normal" e democrático". A orientação dada aos integrantes do governo é evitar qualquer tipo de provocação.
Apesar do pedido, parlamentares petistas estão tratando dos protestos que ocorrem em todo o país como "CarnaCoxinha", caso do senador Humberto Costa (PT-PE), que usou o Twitter para publicar uma foto de manifestantes de Minas Gerais dizendo "Não adianta isolar o Cunha. Hoje somos milhões de Cunhas". De legenda da foto, Costa escreveu: Resumo do "CarnaCoxinha".
Por volta das 15 horas, sob chuva fraca e temperatura próxima de 2º graus, cerca de 20 mil pessoas se reuniram no Parque Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Nas redes sociais, o ato teve a adesão de 66 mil pessoas. Até o início da tarde, a adesão é inferior às manifestações contra o governo de março e abril. A marcha é acompanhada por 400 policiais militares, segundo o Comando de Policiamento da Capital. O grupo começou a se reunir no parque às 14h, e saiu em passeata por várias avenidas da Zona Central de Porto Alegre. A dispersão está prevista para acontecer no Parque Farroupilha, na Redenção.
Na capital gaúcha, a maioria dos manifestantes ostenta cartazes pedindo o impeachment ou a renúncia da presidente. Outros defendem a volta da monarquia, uma intervenção militar constitucional e menos impostos. Não há , entretanto, referências ao governador José Ivo Sartori (PMDB) na marcha, que atrasou salários do funcionalismo público em julho e promete enviar à Assembleia, ainda esta semana, um pacote com elevação da carga tributária. Ainda na capital gaúcha, um evento contrário ao impeachment de Dilma Rousseff, chamado de "Coxinhaço", também está previsto para ocorrer neste domingo à tarde, no bairro Cidade Baixa.
Manifestante com o rosto pintado em São Paulo
Manifestante com o rosto pintado em São Paulo Foto: Fernando Donasci / O Globo
Em Maceió, o ato contra o governo Dilma reuniu 12 mil pessoas. Os manifestantes passaram pelo edifício do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em Ponta Verde, bairro nobre da cidade, onde lavaram as calçadas. Os gritos de "Fora Renan", "Desce Renan" e "Xô corrupção" ganharam força a medida que os manifestantes chegavam perto da casa do senador.
No protesto paulista, a preocupação era com possíveis desdobramentos violentos. Em frente ao Instituto Lula, em São Paulo, manifestantes ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) começaram a chegar para fazer vígilia de apoio ao ex-presidente. Uma viatura da PM manteve uma escolta no prédio, que semanas atrás foi alvo de uma bomba.
- O Moro tem que ser protegido. Os petistas precisam saber que o povo está ao lado dele - disse o empresário Ernesto Guidon, 73 anos, que pedia por novas eleições.
Em Belo Horizonte, seis mil pessoas se concentraram na Praça da Liberdade. Em rápida passagem pelo local, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu o fortalecimento das instituições e disse que “não importa o tamanho da manifestação, porque a indignação hoje é enorme”. Aécio chegou a ser carregado e chamado de presidente por parte dos manifestantes.
Em Salvador, cerca de cinco mil pessoas participaram do ato no Farol da Barra. Em Belo Horizonte, Aécio Neves, que disputou as eleições presidenciais no ano passado, participou do ato e cantou o hino nacional junto com os manifestantes.
BANDEIRA CONFECCIONADA EM UMA SEMANA
Maurício Bento, 24 anos, coordenador do Movimento Brasil Livre, informou que a bandeira "Impeachment Já!", vista em atos em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Recife, possui 100 metros de comprimento por 5 metros de largura. Segundo o coordenador, a bandeira foi feita em uma semana pelos integrantes do movimento.
- Tivemos a ideia de fazer a bandeira com a palavra impeachment, porque a marcha é pelo fora Dilma. Alguns jornalistas diziam que a demanda não estava clara. Então fizemos essa bandeira. A gente quer que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, coloquem o pedido de impeachment em votação - declarou.
PROTESTO É UM TERMÔMETRO PARA O PLANALTO
A presidente Dilma Rousseff receberá, a partir das 17h, no Palácio da Alvorada, um grupo pequeno de ministros, entre eles Aloizio Mercadante (Casa Civil), Edinho Silva (Comunicação Social) e José Eduardo Cardozo (Justiça) para avaliar os atos pelo país. Os três ministros estão em Brasília acompanhando o protesto.
As manifestações foram impulsionadas pela crise econômica, pela convulsão política que toma conta de Brasília e, sobretudo, pelas denúncias de corrupção ligadas à Operação Lava-Jato. Grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL), Revoltados OnLine e o Vemprarua.net mobilizaram as redes sociais nas últimas semanas para encher as ruas com brasileiros que estão descontentes com os rumos do governo federal.
As manifestações vão servir como termômetro para o Planalto e a oposição definirem os próximos passos no xadrez da crise política. Após uma semana em que o governo Dilma reagiu e obteve algumas vitórias, como o adiamento do julgamento pelo TCU das contas de Dilma e a reaproximação com o presidente do Senado, Renan Calheiros, a mobilização popular mostrará quem hoje está mais forte.
Em abril, cerca de 700 mil pessoas foram às ruas, segundo estimativas oficiais, em 224 cidades, número bem menor que em março, quando 2 milhões de pessoas, também segundo estimativas da Polícia Militar, participaram de protestos em 252 cidades.
Desta vez, o PSDB, principal partido da oposição, resolveu apoiar oficialmente as manifestações. Em comerciais na TV, o partido convocou a população. A adesão nas redes sociais, porém, tem se mostrado menor. Os perfis dos movimentos Brasil Livre, Vem Pra Rua e Revoltados Online — organizadores dos atos — registravam na última sexta-feira cerca de 250 cidades mobilizadas. Em março, às vésperas de protesto naquele mês, eram mais de 400.


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