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domingo, 30 de agosto de 2015

Estado Islâmico usa crianças como soldados para causar comoção e ganhar seguidores


Menino decapita homem em imagens divulgadas pelo Estado Islâmico
Menino decapita homem em imagens divulgadas pelo Estado Islâmico Foto: Reprodução/ Twitter/ Raqqa_SL
Diana Figueiredo
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O grupo radical Estado Islâmico está treinando crianças como soldados nas regiões que domina na Síria e no Iraque. Essa é uma das táticas do grupo para aumentar seu exército e espalhar, com a ajuda da internet, seu poderio em imagens bem gravadas e editadas para o mundo. Recentemente, fotos e vídeos de crianças decapitando e atirando em inimigos do grupo foram divulgadas, causando muita comoção. Em uma das mais chocantes, um menino aparece segurando a cabeça de um soldado sírio.
Foto: Reproduação/ Twitter/ Raqqa_SL
O professor de Relações Internacionais da PUC-Rio, Fernando Brancoli, explica que o uso de crianças como soldados não é novidade em grupos terroristas, mas o EI destaca-se por fazer vídeos produzidos e saber “distribuir” o conteúdo com a ajuda da mídia. O grupo, que deseja formar uma nação, tem setores especializados em mídia.
— A ideia é ganhar um apoio simbólico e a criança causa mais comoção. A utilização de crianças como soldado já está espalhada, mas eles são o grupo que mais sabe usar as ferramentas sociais — explica o professor, acrescentando que esses menores são crianças das localidades dominadas pelo grupo ou, ainda, filhos de pessoas que se juntaram ao Estado Islâmico.
O grupo oferece treinamento para que os pequenos aprendam a segurar armas e a decapitar. Recentemente, um menino que conseguiu fugir do Iraque revelou que terroristas assumiram a escola onde ele estudava, e ensinaram a ele e aos amigos a lei islâmica, o Alcorão e onde segurar a faca no pescoço durante uma decapitação.
Segundo o menino, Taha Jalo Murad, de 13 anos, após a instrução os meninos foram forçados a simular a prática em outros alunos. “Eles nos ensinaram como cortar cabeças e nos ensinaram que artérias do pescoço são as melhores para cortar”, disse o menino ao jornal "Daily Mail".
Meninos em treinamento feito pelo Estado Islâmico
Meninos em treinamento feito pelo Estado Islâmico Foto: Reproduação/ Twitter/ Raqqa_SL
Soldado mirim do EI aparece apontando a arma na direção da cabeça do preso
Soldado mirim do EI aparece apontando a arma na direção da cabeça do preso Foto: Reprodução / Twitter / @Raqqa_Sl
Brancoli acrescenta que é a publicidade dos atos, algo comum a grupos terroristas, o grande diferencial do grupo, especialmente a maneira como vídeos e fotos são bem produzidos. O professor de História Contemporânea da UFRJ, Murilo Sebe Bon Meihy, acredita que as imagens de inimigos decapitados chocam mais do que as crianças soldados.
— As decapitações públicas gravadas são formas midiáticas de trazer a sociedade civil do Ocidente para os problemas causados pela falência diplomática e humanitária conduzida pelas principais potências geopolíticas do mundo contemporâneo. As crianças-soldados não amedrontam o mundo, já que por ser um caso frequente de violação dos direitos humanos, não exclusivo do Oriente Médio, é parte do cotidiano imoral dos conflitos contemporâneos — defende o professor.
Um menino executa um prisioneiro
Um menino executa um prisioneiro Foto: Divulgação/ Estado Islâmico
Um menino que seria filho de um militante do Estado Islâmico brinca de decapitar um urso de pelúcia
Um menino que seria filho de um militante do Estado Islâmico brinca de decapitar um urso de pelúcia Foto: Reprodução/ Twitter/AbuZen_alAnsari
Murilo Sebe Bon Meihy também destaca que o uso de crianças como soldados em conflitos não é uma invenção do Estado Islâmico, nem mesmo um fenômeno distante da nossa realidade.
— O uso de fuzis leves como a AK-47 favorece a utilização das crianças no campo de batalha, já que se trata de uma arma de fácil manuseio. Durante a Segunda Guerra Mundial, na Guerra do Paraguai em meados do século XIX, nas guerras civis africanas do período da Guerra Fria, ou mesmo na Guerra Irã-Iraque no fim do século XX, o uso de crianças em conflitos militares foi constante — explica, acrescentando que o grupo é tão cruel quanto os traficantes brasileiros:
— O Estado Islâmico é uma organização tão cruel como o tráfico de drogas no Rio de Janeiro, que também utiliza crianças nos combates e destrói a integridade desse setor fragilizado da sociedade civil — enfatiza Murilo Sebe Bon Meihy.
Meninos são usados como soldados
Meninos são usados como soldados Foto: Reprodução / Vídeo/ Al-Furat
IT 25/08/2015 Vídeo divulgado pelo Estado Islâmico mostra três crianças atirando em prisioneiros. Crédito: reprodução/ vídeo/ estado islâmico
IT 25/08/2015 Vídeo divulgado pelo Estado Islâmico mostra três crianças atirando em prisioneiros. Crédito: reprodução/ vídeo/ estado islâmico Foto: Reprodução


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