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sexta-feira, 12 de maio de 2017

Dinheiro de caixa 2 para reeleição de Lula era entregue em caixas de roupas e sapatos, diz delatora



Mônica Moura afirma que o ex-presidente petista sabia sobre os pagamentos.
A empresária Mônica Moura disse em depoimento de sua delação premiada que pagamentos de parte da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 2006 eram feitos em caixas de roupas e sapatos numa loja do shopping Iguatemi, em São Paulo. Ao todo, ela diz ter recebido R$ 5 milhões escondidos em caixas entregues a ela por Juscelino Dourado, ex-assessor do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, um dos supostos operadores do caixa dois da campanha a reeleição de Lula.

"Assim, durante os anos de 2006 e 2007, Mônica Moura viajou constantemente para São Paulo com o intuito de receber dinheiro em espécie. A entrega era feita, usualmente, dentro do shopping Iguatemi, na Loja de chá Tee Gschwendner, por Juscelino Dourado, a pedido de Antonio Palocci . Dourado entregava sacolas com os valores em dinheiro acondicionados em caixas de roupas, de sapatos, etc. Foram pagos desta maneira, de forma parcelada, cerca de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais)", à empresária, segundo descreve os procuradores responsáveis pelo depoimento da empresária.

Ela disse ainda que recebeu pagamentos no exterior e que o dinheiro teve como origem negociações entre Palocci e a Odebrecht. Os pagamentos em espécie e no exterior seriam uma tentativa dos envolvidos de dificultar o futuro rastreamento do dinheiro. Naquele período, ainda estavam em curso as investigações sobre o mensalão, processo sobre caixa dois e compra de votos para o governo do ex-presidente Lula. A campanha teria custado R$ 24 milhões. Deste total, R$ 10 milhões teriam sido quitados com dinheiro de caixa dois.

Mônica Moura disse ainda que o ex-presidente sabia da existência do caixa dois. Ela chegou a esta conclusão porque, quando fazia cobrança de valores elevados, Palocci costumava dizer que para fazer pagamentos mais expressivos precisava conversar antes com Lula.

"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia do valor total da campanha - tanto o que seria pago oficialmente e o que seria pago por fora -, porque Antônio Palocci relatou a Mônica Moura diversas vezes, durante a negociação, na fase de discussão sobre valores, que "tinha que falar com o Lula, porque o valor era alto, e ele não tinha como autorizar sozinho", diz Mônica, conforme relato dos procuradores do caso.

Mulher do marqueteiro João Santana, Mônica Moura era a responsável pela contas da empresa do marido. Nesta condição, cabia a ela negociar valores e acertar as formas de pagamentos com os interessados.

Como indícios materiais das acusações que fez contra Lula, Palocci e Dourado, Mônica apresentou agenda com registros de reuniões com o ex-assessor, de viagens a São Paulo, de jantares com o ex-ministro e referências a Pedro Novis, um dos 78 delatores da Odebrecht. Nos documentos da empresária, Dourado aparece com o apelido de Madre ou simplesmente T, "por ser ele muito religioso, muito certinho". Novis aparece como "Caetano" , "Cae" e "Ca". O executivo é amigo de juventude de Caetano Veloso.

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