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sábado, 28 de dezembro de 2024

Moraes dá 48 horas para Exército explicar por que militares presos estão recebendo visitas



O ministro do STF, Alexandre de Moraes, deu prazo de 48 horas para o Exército explicar por que os militares presos na tentativa de golpe de estado estão recebendo visitas diárias nas unidades militares, o que vai contra o regime especial de prisão. A decisão foi tomada depois que o Exército enviou, por determinação de Moraes, a lista de visitas dos quatro militares presos em Brasília. São eles Hélio Ferreira Lima, Mário Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra Azevedo.

A relação tem o nome dos visitantes, horário e duração das visitas. Moraes determinou que o Exército informasse as regras para as visitas, incluindo os dias e o número de pessoas autorizadas a entrar. Depois de ter recebido a lista, Moraes mandou os comandantes responsáveis explicarem o motivo das visitas diárias, o que contraria as normas do próprio Exército. Isso porque as visitas só podem ocorrer as terças-feiras, quintas-feiras e domingos e precisam de agendamento prévio. Fora desses dias, as visitas só podem ocorrer se tiver autorização do comando do Exército, mas não podem ultrapassar os três dias de visitas.

Já os advogados podem fazer visitas de segunda a sexta-feira, em horário comercial, e precisam ser agendadas previamente. Moraes determinou que as explicações precisam ser dadas pelo comandante da 1ª Divisão de Exército, pelo comandante do Comando Militar do Planalto e pelo chefe do Comando Militar do Leste.

A decisão é do mesmo dia em que Moraes decidiu pelas prisões dos generais Braga Netto e Mario Fernandes, investigados no inquérito da trama golpista. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, já tinha se manifestado contra a liberdade dos dois. Braga Netto foi preso no dia 14 de dezembro pelo fato dele tentar atrapalhar as investigações e agir para ter acesso a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. As investigações demonstraram que Braga Netto entregou dinheiro em sacolas de vinho a militares das Forças Especiais do Exército, o chamado “kids pretos”. A negociação envolvia o pagamento de R$ 100 mil para financiar o deslocamento de apoiadores de Bolsonaro a Brasília.

Na decisão que autorizou a prisão de Braga Netto, Moraes citou que as investigações revelam “gravíssima participação” de Braga Netto que assumiu um “verdadeiro papel de liderança, organização e financiamento” dos atos golpistas. Moraes ainda diz sobre indícios de que o general “atuou, reiteradamente, para embaraçar as investigações” e destaca “extrema periculosidade” com a “existência de gravíssimos crimes e indício suficientes de autoria”.

Já Mário Fernandes foi preso na operação da Polícia Federal de 19 de novembro, quando outros quatro militares e um policial federal também foram alvos. O militar é apontado pela investigação da Polícia Federal como o responsável pela elaboração do plano para matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin.O general Mário Fernandes é apontado pelos investigadores da PF como um dos mais radicais e influentes integrantes do grupo criminoso que organizou ações golpistas, servindo ainda como um elo entre a cúpula do governo Bolsonaro e manifestantes que estavam acampados em frente a quartéis do Exército em todo o país.

A PF acredita ainda que o plano, chamado "Punhal Verde e Amarelo", que previa as mortes de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, foi impresso pelo general no Palácio do Planalto. Segundo o documento, Mário Fernandes depois faria parte do gabinete de crise que seria instalado logo após o golpe.

Fonte: CBN

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