Criança escreveu carta para Deus após ser expulsa de casa por facção criminosa em Fortaleza
Expulsa de casa há cerca de um ano, junto com os familiares, por membros de uma facção criminosa, uma menina de dez anos escreveu uma carta inusitada, destinada à Deus. A família, que não será identificada, morava em uma residência própria no conjunto habitacional Planalto Vitória, localizado no bairro Canindezinho, em Fortaleza. "Por que, Deus, minha casa está na mão de bandido", questiona a criança na carta.
"Por que, Deus, minha casa está na mão de bandido? Eu sofro demais, meu Deus. Eu nunca mais vou ser feliz na minha antiga casa grande? Deus, dê uma oportunidade para voltar para minha casa e meu colégio, por favor. Eu amo minha casa", diz o texto completo.
No papel, a menina também fez um desenho representando o imóvel. A mãe conta a aflição da família. "Ela tinha o quarto dela, as coisas dela, o colégio. Ela vem sofrendo muito por conta disso. A gente vive assombrada dentro de casa, com medo". Atualmente, moram em uma residência menor, de cômodos reduzidos.
Intimidação - A expulsão teria sido uma retaliação por a família recusar colaboração com membros de uma facção criminosa que atua no conjunto habitacional onde moravam. "Chegavam ou então ligavam pedindo para guardar as coisas, colaborar, e eu não quis. Eu não sei quem eram as pessoas, sempre vinha gente desconhecida. Tinha uns que falavam pessoalmente, gente que eu nunca vi, e outros por meio de ligação", relembra a mulher.
A proprietária da casa registrou Boletim de Ocorrência (B.O.) à época mas, na última quarta-feira (12), acionou a polícia ao tomar conhecimento que a casa estava sendo ocupada. Na operação, os policiais prenderam um suspeito, conhecido como Felipe "Guabiru", por porte de droga.
"Agora eu queria só vender (a casa) para construir minha vida em outro lugar, e longe dessas coisas", deseja a mãe.
Série de expulsões - A responsável pela casa extorquida relata que vizinhos também passaram pela mesma situação, assim como outros casos de famílias expulsas por facções, em Fortaleza. Na delegacia em que ela fez o B.O., outros dois foram registrados, segundo informações obtidas no local.
"Eu fico muito triste. Mais triste ainda porque eu sei que têm várias famílias e não só a minha", lamenta a mãe da criança.
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