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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Apesar da intervenção federal, violência cresceu em quatro regiões do Estado do Rio

extra.globo.com
Apesar de a intervenção federal ter conseguido reduzir roubos e homicídios no Rio, algumas áreas do estado foram na contramão da tendência de queda e assistiram a uma explosão de violência em 2018. Um levantamento feito pelo EXTRA com base em dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) revela que áreas do estado patrulhadas por quatro batalhões diferentes apresentaram aumento simultâneo no número de roubos e assassinatos: os municípios de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, Angra dos Reis, na Costa Verde, e Nova Friburgo, na Região Serrana, e o bairro de Jacarepaguá, na Zona Oeste da capital.
O levantamento levou em consideração quatro indicadores criminais: roubos de carros, a pedestres, de carga e letalidade violenta (a soma de homicídios dolosos, latrocínios, homicídios decorrentes de intervenção policial e lesões corporais seguida de morte). As quatro áreas apresentaram aumento nos quatro índices de março — primeiro mês de vigência da intervenção — a novembro de 2018, em relação ao mesmo período do ano passado.
A região que apresentou os maiores percentuais de aumento foi a de Angra dos Reis, patrulhada pelo 33º BPM. Os roubos de carga quase triplicaram no município: passaram de 14 para 40. Os assassinatos cresceram 55% — maior aumento percentual desse indicador entre todas as regiões do estado. Roubos de carros subiram 34%, e assaltos a pedestre 4%. Desde o ano passado, a cidade convive, simultaneamente, com a migração de traficantes de favelas da Zona Oeste da capital e a expansão da maior milícia do Rio.
O crime que mais cresceu em Jacarepaguá, área do 18º BPM, foi o roubo de carga — as ocorrências passaram de 48 para 122 em 2018. Em Belford Roxo, cujo batalhão responsável é o 39º BPM, os roubos de carros aumentaram 30%. Em Nova Friburgo, o roubo de carros também foi o indicador com maior crescimento: 45%.
Para o pesquisador Pablo Nunes, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Cândido Mendes, a intervenção não soube lidar com problemas particulares de cada uma dessas regiões.
— Cada um desses locais apresenta um problema pontual. A situação de Angra vem se arrastando há alguns anos e é fruto da migração de traficante e milicianos. Belford Roxo tem um dos batalhões da PM mais sucateados do estado. A intervenção não detectou esses problemas e não agiu com eficácia nesses locais — afirmou o pesquisador.
Áreas com maiores aumentos de crimes
O EXTRA também levantou as áreas que apresentaram os maiores crescimentos dos indicadores analisados. A região com o maior aumento de roubos de carros foi a patrulhada pelo 2º BPM (Botafogo). De março a novembro do ano passado, foram 294 casos. No mesmo período deste ano, 490 — um aumento de 66%. O bairro convive com um déficit de agentes no batalhão. Na semana passada, o comando da PM extinguiu a UPP Cerro Corá, com o objetivo de transferir cerca de 80 PMs para o patrulhamento do bairro.
Municípios do interior do estado registraram os maiores aumentos nos roubos de carga e a pedestres. Em Santo Antônio de Pádua, área do 36º BPM, os roubos de carga triplicaram. Já Itaperuna e Macaé, no Norte Fluminense, registraram os maiores crescimentos nos ataques a pedestres. Já quanto às ocorrências de letalidade violenta, Angra dos Reis e Itaboraí apresentaram os maiores percentuais de crescimento: 55% e 49%, respectivamente.





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