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domingo, 29 de março de 2015

Cariri - Chuva dá esperança de boa safra

A estimativa dos produtores do Cariri é que a colheita seja maior do que no ano passado, em vista da quadra

Crato. Mesmo com as chuvas tardias para um inverno que até o dia 19 de março, Dia de São José, continuava incerto, os agricultores acreditam em uma perspectiva de boa safra para este ano. Com a Semana Santa nos primeiros dias de abril, os agricultores não apostam na colheita imediata, por conta das chuvas, que normalmente acontecem em janeiro para os primeiros plantios, virem apenas em março. Tanto a produção de feijão como o milho ficam para meados e final de abril.

De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), as chuvas das últimas semanas no Ceará não foram suficientes para reanimar as culturas cultivadas no Ceará. A estimativa elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta uma redução em 2,59% na previsão da safra de grãos em 2015, que, atualmente, está medida em 1.114.344 toneladas.

Incremento

O volume apresenta-se 112,20% maior que a colheita do ano passado, o que é justificado pelo IBGE por 2014 representar mais um período de seca - o terceiro consecutivo no Estado. A previsão conta com o incremento na produção de fava, feijão de arranca de primeira safra e feijão de corda de segunda safra. Dentro da mesma lista pesquisada, os artigos algodão herbáceo de sequeiro, amendoim, arroz de sequeiro, arroz irrigado, feijão de corda de primeira safra, milho (grão) e mamona tiveram as expectativas de colheita neste ano retraídas no levantamento de fevereiro.

As chuvas no Cariri se intensificaram mais esta semana. A maior chuva no Crato, de 105 milímetros, voltou a assustar os moradores, com a cheia do Canal do Rio Grangeiro, com a água invadindo algumas residências e a lama se espalhando pelas ruas do centro da cidade. Os reservatórios, conforme os agricultores, começaram a encher esta semana, mas ainda não são suficientes para garantir uma boa reserva durante o ano.

Incerteza

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Crato, Antônio Alves da Gama (Tota), afirma que já havia uma incerteza muito grande quanto às chuvas este ano, conforme as previsões da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), mas todos decidiram plantar também já na segunda quinzena de fevereiro, mesmo com as chuvas escassas.

"Não podemos dizer que teremos um aumento da safra neste ano, por conta do plantio tardio", diz ele, ao explicar que não é o mesmo de acontecer o inverno no começo do ano. A produção tem uma redução, em virtude da própria variação climática e da irregularidade do período das chuvas.

Germinação

No Crato, conforme o presidente do Sindicato, os agricultores plantaram bem as sementes selecionadas repassadas pelo Governo do Estado, do Programa Hora de Plantar. Segundo Tota, as sementes ajudam bastante por terem uma germinação mais rápida, possibilitando também um período mais curto para a colheita e um aproveitamento maior do que foi plantado. "Muita gente estava na incerteza, mas teremos feijão e milho este ano", comemora o produtor.

Em Salitre, uma das cidades que atravessa a maior dificuldade de abastecimento na região e necessita comprar água de cidades como Araripina, em Pernambuco, está passando por um bom momento neste período de chuvas. Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da localidade, Luzinete Andrade dos Santos, os barreiros, em sua maioria, já chegaram a transbordar. "Para a alegria dos agricultores, mesmo das localidades mais distantes, que mais sofrem com a questão da escassez da água em tempos de estiagem, essa é uma reserva muito bem-vinda", diz ela.

A região do Cariri foi uma das únicas do Estado, conforme as previsões da Funceme, a ter uma previsão média de chuvas equivalente ao ano passado. A crise maior do inverno, com uma estiagem que chegou a perda praticamente total da safra, aconteceu no ano de 2013.

Alento

"Tivemos que plantar um pouco mais tarde, no final de fevereiro, mas o bom é que nos últimos dias a chuva aumentou"

Manoel Ricardo de Sousa

Agricultor


"O inverno tem sido um pouco tardio, mas tudo indica que não teremos perdas agrícolas em nossa região"

Antônio Alves da Gama

Líder sindicalista


Elizângela Santos

Colaboradora/DN



Foto: Elizângela Eantos

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