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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Como cada hora em frente à TV eleva riscos à saúde

Estudo no Japão conclui que mais de cinco horas diárias diante da tela dobram chances de embolia pulmonar. No Canadá, pesquisas apontam malefício da televisão para o desenvolvimento infantil
Além da já conhecida influência nos índices de obesidade, a televisão pode aumentar também os riscos de embolia pulmonar.
A constatação é de um estudo recente conduzido pelo pesquisador Toru Shirakawa, da Universidade de Osaka, no Japão, e apresentado durante encontro da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC).
Shirakawa analisou, por 18 anos, mais de 86 mil pessoas, entre mulheres e homens de 40 a 79 anos. Eles foram divididos em três grupos, de acordo com o tempo gasto na frente da TV: menos de duas horas e meia, de duras horas e meia a menos de cinco horas e cinco horas ou mais.
Segundo a pesquisa, pessoas que passam cinco ou mais horas por dia assistindo à TV têm o dobro de risco de desenvolver uma embolia pulmonar do que aquelas que gastam menos de duas horas e meia diárias com isso.
A embolia pulmonar é uma doença grave, causada por coágulos sanguíneos formados, geralmente, nos vasos da perna. Se eles permanecem no membro inferior, podem causar trombose. Como o coágulo bloqueia o fluxo de sangue, provoca dor e inchaço na região. Se o coágulo se desprende e cai na corrente sanguínea, acontece o processo de embolia, que pode atingir, além dos pulmões, cérebro e coração.
Dores no peito e falta de ar podem ser sinais de embolia pulmonar. Os fatores de risco incluem câncer, repouso prolongado, falta de exercícios e uso de contraceptivos orais.
A relação entre ver TV e desenvolver a doença foi maior em pessoas com menos de 60 anos. Nessa faixa etária, assistir à televisão mais de cinco horas por dia gerou um risco seis vezes maior de embolia pulmonar em comparação com o grupo que gastava menos de duras horas e meia.
Segundo Shirakawa, a imobilidade das pernas durante a exposição televisiva pode explicar, em parte, a descoberta. “Para prevenir a ocorrência de embolia pulmonar, recomenda-se fazer uma pausa, levantar e caminhar enquanto se assiste à TV. Beber água para evitar a desidratação também é importante”, recomenda o pesquisador.
O uso de outros aparelhos eletrônicos com base visual, como computadores e smartphones, também pode ter relação com o desenvolvimento da doença, mas, para Shirakawa, mais pesquisas são necessárias. “A prática prolongada de jogos de computador tem sido associada com a morte por embolia pulmonar, mas, no nosso conhecimento, uma relação com o uso de smartphones ainda não foi relatada.”
“Bullying” entre crianças
Outra pesquisa, desta vez no Canadá, apontou que a exposição precoce das crianças à TV pode aumentar as chances de elas sofrerem bullying na escola.
Segundo estudo desenvolvido no Canadá, ver televisão demais afeta as habilidades sociais das crianças
Linda Pagani, membro do Centro de Pesquisa do Hospital Sainte-Justine, ligado à Universidade de Montreal, acompanhou o crescimento de 1.997 meninas e meninos. Ela concluiu que o número de horas gasto por eles durante 29 meses (dois anos e cinco meses) assistindo à televisão está relacionado com a probabilidade de eles sofrerem bullying na sexta série.
“É plausível que hábitos adquiridos muito cedo e caracterizados por experiências que exigem menos esforço e interação, como ver TV, resultem em deficits de habilidades sociais. Mais horas gastas com a televisão deixam menos tempo para a interação familiar, que continua sendo o principal veículo de socialização”, explica Pagani.
Os hábitos televisivos das crianças foram informados por seus pais, e os acontecimentos na sexta série, relatados pelas próprias crianças. A elas, foram feitas perguntas como “quantas vezes outros alunos tiraram os seus pertences de você?” e “quantas vezes você foi abusada física ou verbalmente?”.
“Cada 53 minutos diários a mais na frente da TV aos 29 meses acarretaram um aumento de 11% na intimidação que a criança sofreu por parte de colegas da sexta série”, disse Pagani.
Segundo ela, a exposição precoce à televisão também está relacionada com prejuízos no desenvolvimento de funções cerebrais que dirigem a resolução de problemas, a regulação emocional, a competência social para jogos em grupo e o contato social positivo.
“Ver muita TV nessa fase pode levar também a hábitos de contato visual falhos, o que é um empecilho para fazer amizades e para a autoafirmação na interação social.”
Números do Brasil
Em 2014, o brasileiro passou, em média, 4h31 por dia exposto à televisão de segunda a sexta-feira, e 4h14 nos finais de semana. Segundo a última Pesquisa Brasileira de Mídia, realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope).
Dos 18 mil entrevistados, 73% afirmaram ter o hábito de assistir à TV diariamente, e 79% ligam o aparelho para se informar.
A exposição à TV varia conforme o gênero, a idade e a escolaridade. De segunda a sexta, as mulheres passam mais horas (4h48) em frente à TV do que os homens (4h12). Os brasileiros de 16 a 25 anos assistem cerca de uma hora a menos de televisão por dia da semana (4h19) do que os acima de 65 anos (5h16). O televisor fica mais tempo (4h47) ligado na casa das pessoas que estudaram até a quarta série do que no lar de quem tem ensino superior (3h59).
Fonte: Carta Capital

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