Um
rio que se tornou um grande escoadouro de esgoto a céu aberto e passou a
ser conhecido como o 'canal do medo' tem sido a grande preocupação em
tempos de chuvas no Crato. Semana passada, uma precipitação de 162
milímetros voltou a causar estragos. A ameaça de cheias do Canal do Rio
Grangeiro deixa a cidade em alerta constante. Comerciantes de áreas
centrais, em 2011, chegaram a amargar prejuízos de até 100% das suas
mercadorias e esperam ainda hoje serem ressarcidos de processo contra a
administração pública, pelo que consideram negligência.
Em
2012, outra precipitação de 162mm voltou a inundar a cidade e, na
madrugada do último dia 23 de abril, mais uma vez uma chuva com o mesmo
volume de água, em termos de milímetros, provocou nova cheia do canal.
Na ocasião, a incidência arrastou veículos, invadiu casas e
estabelecimentos comerciais, além de deixar um rastro de terra e lama
nas ruas. Um pesadelo para moradores e trabalhadores que convivem com
uma situação que se agrava a cada chuva.
A
administração aguarda liberação de verba de R$ 1,2 milhão, por parte do
Ministério da Integração Nacional (MIN), para elaboração de projeto
específico para resolver o problema.
Saneamento
O
poder público aposta em um projeto de saneamento para conter a
quantidade de água despejada no local, além da construção de bacias de
amortecimento, nas áreas do Grangeiro e Lameiro, para controle da água
que chega ao canal e atravessa a cidade, a partir do bairro Pimenta. Da
Chapada do Araripe, a água vem como uma avalanche, que desemboca nas
ruas em grande velocidade, carregando tudo que tem pela frente.
O
secretário da Cidade, José Muniz, afirma que o canal tem sido uma
grande preocupação para o Crato há muitos anos. Ele destaca momentos
ruins, em que viu parte da cidade praticamente destruída pelas cheias.
Uma grande força-tarefa foi mobilizada, inclusive com a Defesa Civil,
para conseguir abrigos para as pessoas. No dia 23, ele disse que às 5
horas havia mobilizado trabalhadores e abastecido máquinas para realizar
uma limpeza e recuperação da cidade.
Moradores temem novas precipitações
Crato. O
saldo da chuva em pleno final de abril último foi de mais estragos para
o Cariri, especialmente para o Crato, que tem convivido com o drama das
enchentes. Os prejuízos da parte de alguns moradores permanecem sendo
contabilizados. O acesso à Escola 18 de maio continua prejudicado. Parte
do canal cedeu, abrindo uma enorme área de entulhos e colocando uma
residência na iminência de ruir.
A
ponte de acesso ao mercado Walter Peixoto ainda se encontra destruída.
Comerciantes e moradores voltam a preparar as placas de proteção nas
portas dos seus estabelecimentos e a construir paredes.
Tudo
isso remete aos momentos traumáticos de 2011, em que ninguém esperava
perder praticamente tudo o que tinha. O comerciante Ney Pereira lembrou
que obteve prejuízo em seu estabelecimento comercial, que chegou a ser
tomado com mais de um metro de água. A parede construída em seu armazém,
na semana passada, fecha mais uma das portas. "Foi mais um susto no dia
23 de abril, quando a gente ficou esperando passar a chuva da madrugada
e imaginando chegar ao local e ver tudo destruído", disse.
Já
o comerciante Antônio Osmar Araújo contou que chegou a perder tudo que
tinha em 2011. Não tinha se preparado para o pior. A barreira de
alvenaria que tem hoje nas portas do estabelecimento teria minimizado as
perdas. Ele aguarda solução do poder público, ao mesmo tempo em que diz
perder a fé nos gestores para chegar a uma solução. A moradora Antônia
Rodrigues de Alencar afirma que chegou a assistir a torrente que
arrastou parte do canal na semana passada. Para ela, ver tanta água com
toda a força e velocidade é algo assustador. "Uma destruição de dar
medo", afirmou.
Mais informações:
Prefeitura Municipal de Crato
Telefone: (88) 3586-8000
Cogerh
Centro Administrativo do Cambeba
Fortaleza
Telefone: (85) 3218.7020
Fonte: Diário do Nordeste
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