A tensão entre as campanhas do segundo turno para a Prefeitura de Goiânia aumentou com um pedido para que a Polícia Federal investigue fake news sobre o estado de saúde do candidato e ex-governador Maguito Vilela (MDB), internado há quase um mês com Covid-19, e acusações do senador Vanderlan Cardoso (PSD) de que o grupo de seu adversário estaria praticando "estelionato eleitoral".
O resultado do primeiro turno das eleições surpreendeu as duas campanhas. Vilela ficou com 36,02%, e sua equipe não esperava alcançar uma vantagem de 68.455 votos.
Vanderlan, que é apoiado pelo governador Ronaldo Caiado (DEM) e teve 24,67%, tinha expectativa de sair do primeiro embate das urnas com diferença muito menor em relação ao seu opositor. Ainda não foi divulgada uma pesquisa sobre intenção de voto no segundo turno.
Segundo boletim médico divulgado na quinta-feira (19), pelo Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde Maguito está internado desde o dia 27 de outubro, o ex-governador apresenta uma melhora lenta e progressiva do quadro pulmonar.
O paciente encontra-se estável, com controle e estabilização das funções vitais. Não há previsão de alta.
No último dia 15, Maguito voltou a ser intubado e sedado, após piora da infecção nos pulmões, motivo pelo qual ainda não soube do resultado do primeiro turno. Logo depois da apuração, começaram a circular em redes sociais mensagens e áudios dizendo que ele havia morrido.
A equipe de campanha do ex-governador acionou a Polícia Federal para investigar fake news e identificar a origem do que chama de "informações levianas e inverídicas", que, acrescenta, influencia o eleitorado.
O ex-governador, de 71 anos, está em tratamento com máquina chamada ECMO, que funciona como os pulmões e o coração de forma artificial. A máquina recebe o sangue do paciente e filtra o gás carbônico com um circuito de tubos, bomba e um oxigenador. Depois, o sangue oxigenado é devolvido ao corpo.
A tecnologia desempenha a função natural dos pulmões e do coração, fazendo o paciente poupar esses órgãos até uma possível cura. Maguito também foi submetido à hemodiálise para auxiliar o funcionamento dos rins.
Insatisfeito com o primeiro resultado das urnas, Vanderlan decidiu que sua principal estratégia do segundo turno é partir para o ataque, seguindo orientação de Caiado, mas ainda não encontrou o tom das críticas que entende ser mais adequado para não se desgastar mais com o eleitorado.
Suas primeiras declarações contra o adversário, hospitalizado, repercutiram negativamente na sua campanha.
O acirramento de embates entre os dois grupos fez o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), gravar vídeo nesta quinta-feira chamando o seu colega de partido de "nosso candidato".
O material está sendo explorado pela campanha de Maguito. Com alta popularidade entre os goianienses, Iris Rezende havia prometido neutralidade nestas eleições e, no primeiro turno, não apoiou nenhum nome.
A intervenção do prefeito ocorreu dois dias depois de o senador ir à imprensa e endurecer críticas sobre a divulgação do estado de saúde do ex-governador e acusar a campanha do adversário de "estelionato eleitoral", sem provas.
"Está muito estranha a forma como estão falando dessa doença dele, tentando passar que ele está melhorando, mas a gente sabe que a situação é muito complicada", afirmou Vanderlan, na terça-feira (17), em entrevista à Rádio Sagres.
O pessedista ainda tenta contornar o desgaste gerado com áudio que ele gravou em outubro para defender o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), então vice-líder do governo Bolsonaro flagrado com dinheiro na cueca pela Polícia Federal.
Maguito vinha sendo poupado de críticas no primeiro turno, já que se afastou das ruas desde o dia 19 de outubro, três dias antes de ser internado no Hospital Órion, em Goiânia, de onde foi transferido para o Hospital Albert Einstein, na capital paulista, em 27 de outubro.
"Estamos exigindo respeito e transparência com o eleitor, para que se diga a gravidade da situação de Maguito Vilela. Ele está passando momentos difíceis e essa informação não estava chegando ao cidadão", afirmou, acrescentando que "os debates sobre o real estado de saúde" surgiram após as críticas.
No entanto a equipe de campanha do emedebista ressalta que já estava repassando à imprensa, todos os dias, os boletins médicos do Hospital Albert Einstein.
Os documentos diários têm assinatura dos pneumologistas Marcelo Rabahi, que é genro de Maguito e responsável técnico pela divulgação das informações, e Carmen Barbas, assim como do diretor médico e de serviços hospitalares da unidade, Miguel Cendoroglo.
Em agosto deste ano, o senador testou positivo para a Covid-19, mas não apresentou sintomas e se recuperou bem. Naquele mês, Maguito perdeu duas irmãs para a Covid-19 em menos de dez dias. Elas tinham 82 e 76 anos, respectivamente, e moravam em Jataí, cidade natal do ex-governador.
FOLHAPRESS via NOTÍCIAS AO MINUTO
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