José Augusto é um dos mais bem-sucedidos compositores brasileiros,
acumulando quase três dezenas de sucessos, seja em sua voz ou nas de
intérpretes.
Assumidamente romântico, o cantor e compositor famoso por Aguenta Coração eEu e Você, acaba de completar 40 anos de carreira e comemorou a data com o lançamento do disco Quantas Luas. O trabalho traz as participações de Luan Santana (Chuvas de Verão), da dupla Victor & Leo (Eu Vou Lembrar) e do compositor Bruno Caliman (autor de sucessos como Camaro Amarelo, Domingo de Manhã e Gaveta).
Essas parcerias aproximou José Augusto de importantes representantes da
música sertaneja atual, que para ele é a substituta natural do estilo
romântico e até da MPB.
— O brasileiro gosta de rotular e não percebe certas semelhanças. O
sertanejo se apropriou de vários elementos da música sertaneja e da MPB.
Hoje, tudo é muito parecido e misturado.
O posicionamento mostra que o compositor não se incomoda com o fato da
música romântica mais tradicional não ter passado por uma renovação
relevante nos últimos anos e nem ter revelado substitutos para nomes
como o de Fabio Jr e do próprio José Augusto.
— São novos tempos. A música evoluiu. Inclusive, atualmente faço alguns
shows com o Fabio Jr durante o ano para reunir dois representantes desse
tipo de música que surgiram praticamente na mesma época.
Em entrevista exclusiva ao R7, o músico comenta seu flerte com o sertanejo e o sucesso nas trilhas de novela.
R7 — Você morou um tempo fora do Brasil. O que foi fazer no exterior?
José Augusto — Morei nos Estados Unidos até 2008. Fiquei lá durante dois
anos e meio. Fiz bastante shows em países da América Latina, mas
resolvi voltar.
R7 — No disco Quantas Luas, lançado em 2014, você gravou com músicos sertanejos. Como avalia o estilo?
José Augusto — Victor & Leo e Luan Santana fazem um trabalho muito
parecido com o meu. O brasileiro tem mania de rotular. Sertanejo, MPB e
música romântica são basicamente a mesma coisa. Luan se não é, vai ser
um dos nossos grandes cantores românticos. E Victor & Leo
representam uma das novidades mais interessantes da música nacional
atual.
R7 — Para você, não há nenhuma diferença entre o seu trabalho e o desses artistas?
José Augusto — O que é diferente, algumas vezes, é alguns músicos
sertanejos não serem compositores. E o cantor que não cria músicas,
muitas vezes tem o seu trabalho descaracterizado por depender de
terceiros para escrever novos sucessos. O intérprete vive de encomendas.
R7 — Você acaba de lançar um disco de estúdio, mas é dono de vários sucessos. O público aceita as músicas novas no show?
José Augusto — Não toco mais de três inéditas por show. O público quer
ouvir o que é consagrado. Eu também sou assim quando estou na posição de
espectador. Não tocar os sucessos é dar um tiro no pé. Quem acredita
que o público está lá para ouvir só as inéditas, está enganado.
R7 — Como é lidar com as mudanças no mercado e das rádios nesses 40 anos?
José Augusto — CD é algo difícil de lançar, porque as pessoas não estão
interessadas em ouvir todas as músicas. Por isso eu até prefiro ir
soltando as faixas aos poucos. Já as rádios estão muito focadas no que é
extremamente popular. Mas essa fase vai passar. Eu já vi esse filme se
repetir várias vezes. A única coisa que me incomoda é que hoje os
locutores não citam mais o nome dos compositores após tocar as músicas.
Isso deveria mudar. Tem gente que nem sabe que sou compositor de Evidências, de Chitãozinho & Xororó.
R7
— Muitos artistas reclamam da remuneração das plataformas digitais e do
repasse do ECAD. Você, como autor de vários sucessos, tem problemas com
isso?
José Augusto — A arrecadação e o repasse deveriam ser melhores mesmo. O
online ainda é um pouco confuso. Mas tudo está melhorando.
R7 — As músicas que entraram em trilhas de novela foram encomendadas?
José Augusto — Não. Geralmente, eu lançava um disco e o diretor da
emissora escolhia a música que se encaixava no personagem ou abertura. A
única música encomendada foi O Sole Mio, que na verdade é uma
regravação e entrou em Terra Nostra.
R7 — Qual o segredo para criar tantos sucessos na carreira?
José Augusto — Não existe fórmula. Estudo todos os dias. Sou uma pessoa
que gosta muito de harmonia, então ainda ouço bastante Beatles, Jovem
Guarda e Caetano Veloso.
R7
— Você sempre foi um artista reservado, do qual sabemos pouco sobre a
família. O que acha de iniciativas como o Procure Saber, que limita a
revelação de histórias em biografias?
José Augusto — Eu sou a favor da imprensa livre, mas não da imprensa
marrom. Uma coisa é falar sobre a vida de alguém, a outra é atrapalhar a
carreira de uma pessoa. Existe um limite. Nunca vou concordar com a
divulgação de detalhes da minha vida que não teriam o menor motivo para
se tornar públicos.
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