A alta demanda e lucratividade levaram empresários chineses a mirar o Brasil, um país com uma população abundante de jegues
A população de Amargosa (BA) enfrenta um dilema relacionado aos jumentos e jegues, espécies tradicionais do Brasil e símbolos históricos da luta diária do sertanejo.
Na cidade, opera o Frinordeste, atualmente o principal frigorífico de abate de jumentos no país. Aproximadamente 1,2 mil animais são abatidos todas as semanas para posterior exportação à China, conforme relatos de funcionários sob condição de anonimato.
O couro é retirado, embalado em caixas e enviado à China, onde é transformado em uma gelatina utilizada na produção do ejiao, um produto medicinal bastante popular e lucrativo na medicina tradicional chinesa. A carne geralmente é separada e exportada para o Vietnã.
Embora não haja comprovação científica de que o ejiao funcione, no país asiático ele é utilizado para tratar diversos problemas de saúde, como menstruação irregular, anemia, insônia e até impotência sexual.
Estima-se que o produto movimente bilhões de dólares por ano. Na China, uma peça de couro pode ser vendida por até U$ 4 mil (cerca de R$ 22,6 mil), enquanto uma caixa de ejiao custa R$ 750. No Brasil, os valores do comércio são bem menores — os jumentos são negociados por R$ 20 no sertão e depois repassados aos chineses.
A alta demanda e lucratividade levaram empresários chineses a mirar o Brasil, um país com uma população abundante de jegues. Em 2013, havia 900 mil deles, principalmente no Nordeste, segundo o IBGE. Hoje, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), existem cerca de 400 mil. Entre 2010 e 2014, o Brasil abateu 1 mil jumentos, enquanto entre 2015 e 2019, foram 91,6 mil.
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