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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Com efeito Lava Jato, PT é o maior derrotado

PT deveria fazer autocrítica; PSDB e PMDB têm bom desempenho.
No balanço nacional, o PT é o maior derrotado nas eleições municipais. Confirmou-se o efeito negativo das descobertas da Operação Lava Jato sobre as chances dos candidatos petistas.

Depois de perder a Presidência, o PT encolheu e recuou 20 anos em tamanho eleitoral. O partido também corre o risco de perder a hegemonia na esquerda, sobretudo se houver sucesso de Marcelo Freixo, do PSOL, no Rio de Janeiro.

No campo de esquerda, ganhará força a discussão sobre a criação de uma frente política para as disputas eleitorais de 2018. Provavelmente, algo inspirado na Frente Ampla do Uruguai, uma coalizão de centro-esquerda que comanda o país vizinho.

A depender do destino do ex-presidente Lula nos processos que enfrenta na Lava Jato, haverá um debate no PT a respeito de abrir mão da cabeça de chapa à Presidência e apoiar um outro nome, como Ciro Gomes, do PDT.

O resultado destas eleições mostra que falta autocrítica ao PT. É preciso que o partido faça um mea culpa sobre a forma como perdeu a Presidência e sofreu tantos revezes nas eleições municipais. O PT sempre levantou a bandeira de um partido que faz políticas públicas para os mais pobres, mas está marcado pela corrupção e por uma gestão econômica desastrosa feita por Dilma Rousseff. A narrativa do golpe e a tese de uma conspiração não serão suficientes para ajudar o PT a sair da crise. Os petistas precisam dar uma satisfação ao eleitor sobre a corrupção e a economia.

O PSDB e o PMDB se beneficiaram eleitoralmente da crise petista. Os dois partidos continuam fortes nacionalmente. Mas são os responsáveis pelo governo Temer. Se produzirem resultados positivos na economia, poderão continuar em vantagem em relação ao PT nas eleições de 2018.

Nestas eleições municipais, o governo Michel Temer ficou distante do debate eleitoral basicamente por duas razões: falta de popularidade para vitaminar aliados e temor de desagradar candidatos de uma ampla base de apoio parlamentar. Para uma gestão que precisa aprovar no Congresso medidas econômicas duras, não seria conveniente tomar partido nos pleitos municipais.

Em resumo, o governo Temer não teve influência positiva e atrapalhou algumas candidaturas, como a de Marta Suplicy (PMDB), em São Paulo _apesar de a senadora ter errado na sua estratégia, negando o passado de esquerda e se descaracterizando.

Nacionalmente, destaca-se a reeleição de ACM Neto na Bahia. É um resultado que vai dar ao prefeito de Salvador maior musculatura nacional e liderança inconteste no DEM.

A Rede de Marina Silva teve atuação apagada. A dubiedade em relação ao impeachment e a pouca estrutura partidária dificultaram a vida dos candidatos da legenda. A Rede não seduziu o eleitorado de centro-esquerda nem o de centro-direita. Há uma ambiguidade no partido, mas Marina Silva sempre será um nome forte para 2018 devido ao prestígio pessoal que tem.

Fonte: Blog do Kennedy

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