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domingo, 14 de dezembro de 2014

Mãe de assassino da Baixada é ameaçada por vizinhos: ‘Quero que ele apodreça na prisão’, disse ela


Sailson, na Delegacia de Homicídios da Baixada
Sailson, na Delegacia de Homicídios da Baixada Foto: Cléber Júnior / Extra
Luã Marinatto e Rafael Soares

Se antes se mudava a cada três meses para fugir da violência do filho — que já chegou a lhe ameaçar com uma faca — a mãe de Sailson José das Graças agora sofre na pele os efeitos dos crimes atribuídos ao rapaz. Na tarde de quinta-feira, pouco após as notícias sobre os assassinatos virem à tona, ela estava no portão quando ouviu um vizinho da casa de Santa Rita dizer em voz alta: “Agora, a mãe dele é que vai ter que pagar”.
A mulher não é vista no apartamento desde então. No local, no bairro Santa Rita, em Nova Iguaçu, o mesmo onde Sailson disse ter feito boa parte das vítimas, ela morava com as duas irmãs do rapaz, de 23 e 25 anos.
— Não o vejo há muito tempo — garante uma das irmãs.
A outra irmã, que precisa de cuidados especiais por conta de uma doença, mal saía para a rua.
— Elas são tranquilas, caladas. E religiosas também. Na quarta, a mãe dele contou para a minha mãe, que é quem recolhe o aluguel, que estava com problemas com um filho, e que talvez ficasse uns tempos sem aparecer. Até então, pensávamos que ela só tinha as duas meninas — conta o vizinho de cima, acrescentando: — Não acho que elas tenham culpa, não é justo que paguem.
A mãe de Sailson passou a primeira noite após o filho assumir a autoria de 43 homicídios na casa de uma irmã. Apesar da insistência dos parentes, que preferiam vê-la descartar publicamente qualquer envolvimento nos crimes do filho, recusou-se a conceder entrevistas. Tampouco conversou com os familiares sobre o assunto. “Eu quero que ele apodreça na cadeia”, resumiu-se a comentar, antes de bater a porta do quarto e se recolher para dormir. De manhã bem cedo, na sexta-feira, ela saiu sem dizer para onde ia. No início da tarde, a irmã a procurou pessoalmente e por telefone, sem sucesso.
— Ela está nervosa, ansiosa... É muito difícil ter de encarar tudo isso — lamenta a filha, antes de seguir a decisão da mãe e encerrar a conversa.
À noite, a senhorinha franzina era esperada na casa dos mesmos parentes. Às 20h30m, porém, a mãe de Sailson ainda não dera sinal de vida.
Visita a locais de crime
Durante toda a manhã de ontem, Sailson deixou a carceragem da Polinter, no Jacarezinho, onde está preso, e percorreu os locais em que diz ter assassinado suas últimas quatro vítimas. O objetivo dos agentes da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) é que o homem dê o maior número de detalhes possível de cada crime que cometeu. Durante incursão ao bairro de Santa Rita, em Nova Iguaçu, onde afirma ter matado Raimundo Basílio da Silva, de 60 anos, no último dia 30 de novembro, Sailson apontou o local exato onde arremessou um boné, enquanto fugia da casa da vítima. A peça de roupa foi apreendida pela polícia.
O assassinato de Raimundo foi motivado por uma discussão com Cleusa Balbino, companheira de Sailson. De acordo com o depoimento do homem, Cleusa chegou a empurrar a vítima em direção ao facão que seu companheiro segurava. Em troca das mortes encomendadas, Cleusa dava a Sailson casa, comida e roupa lavada — os dois moravam com o ex-marido de Cleusa, José Messias, também preso, numa casa alugada no bairro de Corumbá, em Nova Iguaçu.
— Vamos continuar a ouvir o que Sailson tem a dizer. Acredito que, por conta do tempo que tenho passado com ele, já adquiri certa confiança. Aos poucos, ele vai contando os detalhes para esclarecermos os crimes — diz o delegado Marcelo Machado.
Além de Raimundo, outras seis vítimas de Sailson foram identificadas pela DHBF: Fátima Miranda, Paulo Vasconcellos, Francisco Carlos Chagas — mortos nos últimos dois meses —, Marilene de Oliveira Silva de Brito, Fernanda da Silva Hazelman e seu filho, Pedro Hazelman dos Santos, de apenas 1 ano. O delegado, agora, se esforça para tirar de Sailson detalhes de seu primeiro assassinato, cometido quando tinha 17 anos. Por enquanto, o homem contou que a morte aconteceu em Vila da Cava, Nova Iguaçu, e que a vítima, uma mulher com “cabelo de miojo”, foi enterrada no local — onde, segundo Sailson, hoje existe um prédio.


extra

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