O sacerdote abre seu refúgio paulista e revela como venceu a doença
As vitórias pessoais e profissionais do padre Marcelo Rossi (47) vêm
sempre acompanhadas de cifras astronômicas: seu novo CD, O Tempo de
Deus, lançado pela Sony, gravadora com a qual mantém contrato, vendeu 1 milhão de
cópias um mês depois de lançado. Mas este trabalho, que se soma aos
mais de 13 milhões vendidos em 20 anos de evangelização, também é fruto
de uma história de superação.
Eleito pelo Vaticano evangelizador moderno, em 2010, o religioso venceu
recentemente uma forte depressão, provocada por vários fatores, como a
solidão, segundo ele próprio. Por estar mais magro — em 2009, quando na
cadeira de rodas devido a fratura no pé, atingira 128kg e, dois meses
atrás, pesava 60kg —, levantou suspeitas entre os fiéis de que tivesse
alguma enfermidade grave. “Estou ótimo. Falaram que estava com câncer,
diabetes e até aids. Mas tive depressão, da qual já estou curado, sem
ter precisado de remédio ou ajuda médica. Deus quis que eu passasse por
isso para levar às pessoas este ensinamento, de que todos podemos ter e
que precisamos de ajuda para curá-la”, comenta, ao abrir para CARAS o
seu refúgio no interior de SP, uma casa construída
em um terreno da família, onde moram seus pais, mas que, no futuro,
pode virar sua morada fixa, um lugar para descansar.
Pesando atualmente 85kg, o padre acha que está bem para sua altura, de
1,95m. Ele, que é formado em Educação Física, continua aficionado por
exercícios, fazendo esteira diariamente e comendo chocolate e sorvete,
suas paixões fora da apertada rotina de missas, bênçãos, visitas a
hospitais, programas de
rádio e TV. E ainda sobra tempo para compor as canções do novo CD e
escrever mais um livro, que deve ser lançado em março de 2015, tudo para
relatar sua experiência com a depressão.
O que causou a doença?
Não tem uma causa, são várias, que a gente vai somatizando. Desde a
morte do meu cachorro, que eu amava muito, até o fato de me sentir
isolado, sozinho. Como tive o problema no pé, quando caí da esteira, e
tomei muito remédio, o que me inchou, quis emagrecer e adotei uma dieta
maluca, radical, em que comia só alface e hambúrguer. Meu peso normal,
de 20 anos atrás, é entre 85kg e 90kg, que tenho como meta hoje. Só que
não percebi que estava ficando anoréxico. Olhava no espelho e achava que
precisava emagrecer mais.
O padre é vaidoso?
Nem um pouco! Não pinto cabelo, olha como está branco! Não sou contra
plástica, mas não faço. O padre não deve estar preso a vaidades. Minha
única preocupação é com saúde, não estética. Por isso, continuo fazendo
meus exercícios, minha esteira.
Qual foi o pior momento?
A sensação de vazio é inexplicável, perdi a alegria de viver. Não falo
em suicídio. Mas não conseguia dormir. Nestes momentos difíceis, fui
fazendo as músicas do CD e estou em um processo de reeducação, que vou
usar no livro, banindo coisas ruins da minha vida. Percebi algo errado
ao me ver viciado na globalização, na internet, a qual não sou contra, mas é preciso tomar cuidado e viver somente o real, não o virtual.
Onde buscou a cura?
Na família, que é fundamental, porque é quem identifica a depressão e nos ajuda a percebê-la. E, logicamente, nas orações.
Não acha que se expõe demais ao admitir a depressão?
Deus me permitiu que eu passasse por algo em que eu não acreditava.
Achava que era frescura. Não é. No mundo que estamos, criamos uma
sociedade ansiosa e com altíssima tendência à depressão. Se as pessoas
não pararem para refletir e fazer uma autoanálise, é preciso buscar
ajuda médica e tomar remédios, o que não foi meu caso. O Antigo
Testamento, em Eclesiásticos, cap. 30, vers. 22 e 24, fala disso: ‘Não
entregues tua alma à tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus
pensamentos. Tem compaixão de tua alma, torna-te agradável a Deus, e se
firme; concentra teu coração na santidade, e afasta a tristeza para
longe de ti’. Graças a Ele, eu estou curado.
Quais são os seus planos?
Neste ano, o santuário virou paróquia e já está em processo, em Roma,
para se tornar catedral. Já passei tudo do meu nome para o da Igreja
Católica. E a renda do CD vai para a construção da igreja do santuário,
para celebrações menores. Eu me realizo fazendo o que gosto,
evangelizando.
Fonte: Uol
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