O que antes era um edifício de sete andares com 14 apartamentos, virou somente escombros
Bombeiros trabalharam por mais de 100 horas sem parar até retirar os 9 mortos dos escombros
“Uma tragédia anunciada”. É assim que está descrito em um laudo técnico o desabamento do Edifício Andréa, no bairro Dionísio Torres, ocorrido na manhã do último dia 15, em Fortaleza, e que resultou na morte de nove pessoas, ferimentos em outras sete e na completa destruição do prédio. O documento foi elaborado por um engenheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Estado do Ceará (CREA-CE) e vazou nas redes sociais ontem (28).
Composto de seis páginas, recheado de descrições e fotografias técnicas da estrutura do residencial, o laudo deverá ser mais um documento a ser anexado ao inquérito que a Polícia Civil instaurou para apurar as causas e responsabilidades da tragédia.
Conforme o documento assinado pelo engenheiro Alexandre Lima Tavares, em sua “análise de Desabamento”, o desastre no Edifício Andréa decorreu de gravíssimas falhas estruturais. Uma das principais causas seria, “o alto grau de corrosão do aço estrutural, das diversas camadas de revestimentos ineficazes sobre o aço dos pilares, bem como, por outros elementos citados neste documento”.
De acordo ainda com o laudo, “através destas imagens (fotografias constantes na página 5), observa-se que havia um recobrimento do aço estrutural, realizado exclusivamente por emboço, material sem a finalidade de sustentação estrutural”. E mais: “Emboço (reboco) em várias tonalidades, mostrando que tais pilares já sofreram intervenções anteriores, de forma negligente, onde o aço estrutural enferrujado/oxidado, não foi tratado de forma eficaz, mas, simplesmente, tamponado com massas de diversas espessuras, onde deveria Haber um recobrimento mínimo de concreto de dois centímetros, com concreto alcalino suficientemente para a proteção do aço”.
Negligência e tragédia
O laudo vai mais além: “Além do não recobrimento constatado, soma-se outro fator gravíssimo: a perda de seção do pilar, ou seja, a resistência à compressão já estava afetada, diminuída e restringida percentualmente, alterando a distribuição de cargas estruturais, quando estas começaram a sofrer esmagamentos e se redistribuírem por outros pontos da edificação”.
No dia anterior ao desabamento e nas horas que antecederam ao desastre, operários foram vistos iniciando uma obra de restauração do prédio. Sobre este fato, o laudo revela mais um fato grave: “Observa-se que ocorreram intervenções em vários pilares, simultaneamente, sem haver um escoramento mínino, fator negligenciado pelos responsáveis pelas obras”.
E finaliza: “a empresa e o prestador de serviços erraram em não seguir os procedimentos mínimos para garantir o não colapso, ou mesmo a evacuação da edificação. A estrutura estava em seu estado limite de esforços. A edificação já estava fadada ao desabamento”.
freelance24horas.
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