Isso significa que a desordem não está relacionada a quantidade de parceiros ou quanto sexo se faz, mas com um comportamento sexual que se torna o foco da vida da pessoa, levando o indivíduo a negligenciar a saúde, os cuidados pessoais, as atividades e outros interesses, assim como ignorar responsabilidades. Muitas pessoas que sofrem com o distúrbio querem resistir à necessidade constante de sexo, mas não conseguem. Às vezes, elas sequer sentem prazer com a atividade sexual repetida.
Polêmica
Quando a OMS acrescentou o ‘transtorno de jogo’ à lista de transtornos mentais em junho, muitos médicos discordaram da decisão, afirmando que a classificação poderia estigmatizar jogadores que não são viciados. O mesmo tem acontecido com a inclusão do comportamento sexual compulsivo. A justificativa gira em torno do fato de que a quantidade de estudos sobre a desordem ainda é limitada.
“Como com o vício do jogo, alguns especialistas questionam se a atividade sexual compulsiva pode ser um vício, mas parte da ciência está começando a sugerir que esse comportamento repetitivo altera a função cerebral”, disse Timothy Fong, professor clínico de psiquiatria da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, à rede americana CNN.
Segundo o pesquisador, que escreveu um artigo em 2006 sobre o problema, a hipersexualidade tem sido alvo de curiosidade há muitos séculos, mas foi apenas nos últimos 40 anos que parte da comunidade científica passou a analisá-lo da perspectiva acadêmica. Estudos vem documentando pessoas que afirmam sofrer com o problema e descobriu-se que até 5% da população dos Estados Unidos pode sofrer com o comportamento sexual compulsivo, representando números maiores que o transtorno bipolar, esquizofrenia ou vício em jogo.
Comportamento sexual compulsivo
Em entrevista à CNN, Robert Weiss, especialista em vício e autor de dois livros sobre o assunto, disse que estava há 30 anos esperando por esta decisão. “É realmente importante ter um diagnóstico, especialmente com questões sexuais. Isso nos permite articular melhor quem tem um problema e quem não tem, e isso o tira das mãos do paciente, da cultura ou da igreja e o coloca diretamente na ciência”, explicou ele.
Para Weiss, a fantasia antecipatória do ato, ou seja, a lembrança do ato em si e a excitação da procura por um parceiro, é o que permite aos indivíduos se perderem no desejo pelo sexo, impedindo-os de se concentrarem em situações mais importantes. Os especialistas afirmam terem alcançado sucesso no tratamento de pacientes com transtorno de comportamento sexual.Segundo eles, a melhora acontece principalmente depois que as pessoas abordam os problemas subjacentes que podem estar levando à compulsão sexual.
As estratégias para chegar a esse entendimento incluem psicoterapia tradicional, grupos de apoio, como Viciados em Sexo Anônimos, e medicação, como antidepressivos e estabilizadores de humor. “Você não quer reprimir o desejo. A sexualidade é parte do ser humano, mas você quer guiá-lo”, comentou Weiss. Com informações da Veja.
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