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sábado, 23 de setembro de 2017

Ceará registra 2.957 casos de suicídios em cinco anos


suicidio
Um dado devastador, porém silenciado pelos inúmeros estigmas que o cercam, foi divulgado de forma inédita, ontem (21), pelo Ministério da Saúde. Quase 3.000 mil cearenses tiraram a própria vida em um período de apenas cinco anos. O número faz parte do primeiro Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil, que reúne estatísticas de 2011, ano em que o suicídio tornou-se agravo de notificação obrigatória, até 2015. No ranking nacional, o Ceará revela um triste quadro: é o primeiro Estado no Norte e Nordeste em quantidade de registros, e o quinto no País. A informação é do Diário do Nordeste.

O lançamento do relatório acontece durante as mobilizações do Setembro Amarelo, movimento que, ao longo deste mês, promove ações de conscientização sobre o assunto. Associados, em geral, a transtornos de saúde mental, os óbitos têm aumentado em todas as unidades da federação. No Ceará, o número de casos passou de 579, em 2011, para 603, em 2015.

Analisando o perfil das vítimas, o boletim revela que os homens são maioria nos casos de suicídio no Brasil (79% do total). No entanto, a maior parte das pessoas que tentam tirar a própria vida são mulheres (69%). Elas também são as mais reincidentes nas tentativas (31,3%).

Conforme explica o psiquiatra Fábio Gomes de Matos, coordenador do Programa de Apoio à Vida (Pravida) do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), o suicídio tem múltiplas causas, podendo envolver fatores de ordem clínica, como o diagnóstico de doenças crônicas (câncer, HIV, lúpus); social, a exemplo do desemprego e questões de relacionamento; e/ou psicológica, como depressão, abuso no consumo de álcool e drogas, transtorno de personalidade e esquizofrenia.

Depressão

"Nós dizemos que o suicídio é a doença dos D's: desesperança no futuro; desamparo, desespero, desemprego, divórcio, dependência química, depressão. Tudo isso está relacionado", afirma o psiquiatra.

Embora os homens sejam os que mais concretizam o ato, as mulheres lideram as tentativas pois estão submetidas a cargas psicológicas e sociais mais fortes, destaca o coordenador do Pravida. "Para as mulheres, há muita dificuldade de gerenciar todas as demandas que delas são esperadas, como ser boa mãe, boa filha, boa esposa, boa profissional, boa dona de casa", diz.

O boletim do Ministério da Saúde também revela que, dentre as faixas etárias, os idosos com mais 70 anos aparecem com a maior taxa de mortalidade. Segundo Fábio Gomes de Matos, casos do tipo são comumente associados a perda de companheiros. "Eles perdem a companhia e não conseguem encontrar outras pessoas. Quando encontram, os filhos são contra, falam que só os querem por dinheiro, por exemplo", afirma.

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