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terça-feira, 12 de julho de 2016

Medidas caseiras podem atrair focos de mosquito


Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue (Foto: Reprodução)

A utilização de materiais e substâncias químicas pela população tem sido uma prática para combater a proliferação do Aedes aegypti - vetor transmissor da dente, chikungunya e zika. O uso de medidas caseiras, no entanto, não é visto com tanta eficácia por órgãos da saúde.

Para a assessora técnica da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa), a bióloga Ricristhi Gonçalves, as ações populares "não garantem por completo o afastamento do mosquito. Muitos atos praticados pela população, como armadilhas ou a utilização de substâncias, necessita de uma supervisão. Essas ações podem até se tornar possíveis pontos de proliferação do Aedes", comenta.

A dona de casa Lúcia Maria, do bairro do Bom Sucesso, pontua que utiliza detergente e água sanitária em alguns pontos da casa que acumulam água. Segundo ela, uma vizinha a informou que o produto mata a larva do mosquito. "Eu sempre coloco. Já perguntei a um agente de saúde, mas ele disse que não tem problema. Mas também diz que não sabe se dá certo", conta.

A assessora técnica da Sesa dá outro exemplo praticado em residências de Fortaleza que o manejo de hipoclorito, frequentemente usado como desinfetante e como agente alvejante. "Se sabe que é utilizado, mas não sabemos ainda a eficácia. Outro problema encontrado é a necessidade de ficar repondo esse tipo substância. A citronela também é bastante utilizada, mas precisa de uma grande quantidade para afastar o mosquito", aponta.

A bióloga destaca que as escolas do Estado chegaram a realizar ações como a construções de armadilhas caseiras de mosquito com garras pet, mas a utilização foi reavaliada. Ela ressalta que as medidas necessárias são direcionadas à vedação de reservatórios de água e ao armazenamento adequado de vasilhames e garrafas em quintais. Para o Professor Luciano Pamplona, do Laboratório de Entomologia Médica da Universidade Federal do Ceará (UFC), a implementação de novas tecnologias é bem-vinda, mas precisa ser avaliada tecnicamente. "Essas medidas são positivas na medida que mobilizam as pessoas a terem atenção com os cuidados em casa". Um exemplo citado pelo especialista é do chá do inhame. "Nos últimos meses, foram vistas nas redes sociais receitas de chá para combater o mosquito. Esse tipo de conteúdo é preocupante, pois não existe nenhuma comprovação científica de sua eficácia".

Atualmente, o laboratório de entomologia vem realizando estudos com larvas recolhidas em diversos municípios do Estado. "Estamos reunindo amostras de diversas regiões para avaliar como se comporta o vírus para as doenças de dengue, chikungunya e zika", revela.

Boletins

De acordo com os dados da Secretaria de Saúde do Estado, em 2016, foram confirmados 18.505 casos de dengue no Ceará, com 14 óbitos; a maioria dos registros da doença (84,6%) foi em adultos com idades entre 36 e 77 anos e dois (15,4%) ocorreram em crianças de um mês e 11 anos (mediana de 55,5 anos).

Já a febre chikungunya já registrou 8.582 casos no Ceará até o momento, com quatro mortes confirmadas, sendo duas vítimas do sexo feminino e duas do sexo masculino, com 12, 89, 87 e 88 anos de idade.

Além disso, a microcefalia ou outras alterações do sistema nervoso central, com possível associação ao zika vírus, já atingiu 125 crianças, com outros 175 casos em investigação, assim como 21 óbitos confirmados.

Fonte: Diário do Nordeste


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