A Sinopharm, laboratório da China que desenvolve duas vacinas candidatas contra a Covid-19, já aplicou as fórmulas em centenas de milhares de pessoas no país asiático, ainda que durante a fase de testes.
Outra companhia chinesa, a Sinovac Biotech, que testa sua vacina candidata no Brasil, já imunizou 3 mil pessoas. Os contemplados seriam funcionários da empresa e seus familiares, incluindo o presidente do laboratório. As três vacinas - da Sinopharm e Sinovac - estão no terceiro e último estágio dos ensaios clínicos.
Uma subsidiária da Sinopharm, a China National Biotec Group Co., se fez valer de uma decisão do governo chinês que autorizou, em julho, o uso emergencial de imunizantes antes de terem a eficácia contra o novo coronavírus comprovada, bem como sua segurança, para seguir com as imunizações.
No fim de agosto, o diretor da Comissão Nacional de Saúde da China, equivalente ao Ministério da Saúde no Brasil, já havia anunciado que a Sinopharm havia começado a vacinar profissionais da saúde e trabalhadores de outras áreas, como alfândegas. Zheng Zhongwei, no entanto, não especificou à época o contingente vacinado no país.
Brasil
A candidata da Sinovac está sendo testada no Brasil na sua fase 3 em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao Governo de São Paulo.
Foram trazidas 20 mil doses ao País, que estão sendo aplicadas em até 9 mil voluntários em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Testes clínicos no Brasil da vacina chinesa mostraram resultados "extremamente positivos" e uma ampla campanha de vacinação pode começar em dezembro.
Uma quarta vacina, desenvolvida pela CanSino Biologics Inc, foi inoculada em integrantes das Forças Armadas chinesas sob aprovação de Pequim.
Em julho, com a liberação do uso emergencial de forma mais abrangente, foram contemplados médicos, enfermeiros e funcionários que atuam nas fronteiras do país.
A imunização da população por meio de vacinas cuja eficácia e segurança ainda não foram comprovadas cientificamente é duramente criticada por especialistas. No entanto, a busca por uma vacina capaz de bloquear a infecção pelo Sars-CoV-2 gerou uma corrida global entre países e companhias com fortes contornos geopolíticos.
Além da China, a Rússia largou na frente dos outros países e registrou uma vacina, a Sputnik V, ainda em agosto. Cientistas acreditam, no entanto, que é improvável a concretização de um imunizante eficaz e testado rigorosamente dentro dos protocolos científicos antes de 2021, em uma previsão otimista.
O governo russo, no entanto, promete uma campanha de vacinação em massa a partir de outubro.
EUA
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump, candidato à reeleição, já determinou aos governadores que preparem seus estados para vacinar a população americana até o início de novembro, a poucos dias da eleição presidencial.
O furor de lideranças políticas por um retorno rápido à normalidade pré-pandemia tem sido encarado com cautela pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que faz repetidos alertas aos riscos de imunizar a população com fórmulas sem garantias de segurança, e também da indústria farmacêutica.
Empresas tidas como líderes da corrida por uma vacina, como a AstraZeneca, Pfizer/BioNTech, GlaxoSmithKline, Johnson & Johnson, Moderna e Novavax divulgaram na última terça-feira uma carta na qual se comprometeram a seguir o rigor científico e apenas registrar suas vacinas após garantidas a segurança e a capacidade de imunização contra o novo coronavírus.
O documento buscou atenuar o clima tenso em torno da disputa acirrada por uma fórmula e sinalizar que pressões políticas não serão admitidas. A OMS e especialistas têm alertado que a confiança na vacina será um fator determinante para que a imunização coletiva seja de fato atingida.
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