Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, oficial destaca trabalho dos militares e manda um recado aos brasileiros: “Vocês não estão sozinhos”.
Aos 31 anos, a major Rivka Cohen faz parte do grupo de 136 militares israelenses que estão em Brumadinho, Minas Gerais, tentando ajudar as vítimas da tragédia ambiental que atingiu a população da região na última sexta-feira (25/1). A oficial de comportamento populacional chegou ao Brasil nessa segunda (28) e conta que está vivendo sua primeira experiência em um desastre ambiental como esse, ocasionado pelo rompimento de uma barragem de detritos.
No entanto, Rivka Cohen conta que já atuou em outras catástrofes naturais, daquelas impossíveis de serem evitadas, como terremotos e furacões. Situação bem diferente da vivenciada hoje em Brumadinho.
“Existem tragédias que não podem ser impedidas, que são forças da natureza. Não é o caso dessa. Mas, mesmo assim, somos treinados para agir quando o desastre acontece. Faremos o que for necessário para ajudar o população daqui. Esse é o espírito”, afirmou a militar, em entrevista exclusiva ao Metrópoles.
A major conta ainda que, antes mesmo de desembarcar no Brasil, durante as mais de 15 horas de voo que separam os dois países, estudou a realidade da cidade mineira e como o rompimento da barragem dificultaria o salvamento das vítimas – 288 pessoas seguem desaparecidas. “Somos especialistas em busca e resgate. Trouxemos para cá a mais eficiente ajuda institucional que poderíamos trazer”, garantiu.
Não tenho como afirmar que salvaremos vidas. Mas trabalhamos sempre com o pressuposto e a esperança de que cada desaparecido pode sim estar vivo"
Rivka Cohen, major das Forças de Defesa de Israel
“Resgatamos 15 corpos só na segunda”
Durante a entrevista, Rivka Cohen comentou também a denúncia feita por alguns bombeiros de Minas Gerais que afirmaram não serem efetivos para a busca de corpos os equipamentos trazidos pelos israelenses. “Só ontem [segunda-feira, 28] nós encontramos 15 corpos na área atingida. Nosso trabalho fala por si só, mostra que podemos sim encontrar corpos e ajudar quem precisa. Foi para isso que viemos”, afirmou.
A militar aproveitou a oportunidade ainda para mandar um recado aos brasileiros que enfrentam essa tragédia ambiental. “Eu quero dizer ao Brasil que nós [israelenses] estamos com vocês e vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para ajudá-los nesse momento de necessidade. Não importa o que aconteça. Vocês não estão sozinhos”, completou.
Desencontros
Na última segunda-feira (28/1), o comandante das operações de resgate em Brumadinho, tenente-coronel Eduardo Ângelo, questionou a eficácia do exército israelense nas buscas por corpos em Brumadinho.
“O ministro de Israel se pronunciou a respeito das dificuldades que eles tiveram. O imagiador que eles têm pegam corpos quentes, e todos os corpos [na região] são frios. Então esse já é um equipamento ineficiente”, disse o comandante em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
O porta-voz dos bombeiros, tenente Pedro Aihara, no entanto, voltou atrás na fala e disse que toda a ajuda é bem-vinda. “A informação de que esses equipamentos não seriam efetivos é extremamente equivocada. O local selecionado para que eles trabalhassem em conjunto com os bombeiros é o local que tem mais potencialidade para que esses equipamentos sejam utilizados”, disse, em entrevista ao jornal O Estado de Minas.
Desastre
A barragem Mina Feijão, em Brumadinho, rompeu-se por volta das 13h de sexta-feira (25/1). O vazamento de lama fez com que uma outra barragem da Vale transbordasse. O restaurante da companhia foi soterrado, assim como o prédio administrativo da mineradora.
A lama se espalhou pela cidade, e moradores precisaram deixar suas casas. Equipes de bombeiros e da Defesa Civil foram mobilizadas para a área e estão em busca de vítimas. Tanto o governo federal quanto o local (do município e do estado) montaram gabinetes de crise e deslocaram autoridades para a região. Até agora, 81 mortes foram confirmadas e 19 corpos estão identificados.
Segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, apesar de remota, ainda existe a possibilidade de os socorristas encontrarem pessoas com vida. Eles têm usado cajados e se arrastado pela lama em busca de sobreviventes e corpos. A estimativa é que os trabalhos durem ao menos até julho. Os bombeiros explicam que o serviço está sendo feito em etapas.
(Metropoles)
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