Crimes em cidades do interior vitimaram dois parlamentares em exercício e um que se candidataria neste ano - As mortes não têm relação entre si, e a Secretaria da Segurança Pública não investiga como crimes políticos
Pré-candidatos e vereadores em exercício no Ceará foram assassinados em menos de duas semanas
Em um período de 12 dias, três pré-candidatos ao cargo de vereador para as eleições municipais de 2024 foram assassinados no Ceará. Os casos foram registrados nas cidades de Camocim, Crato e Icó desde o dia 28 de abril.
Duas das vítimas já estavam ocupando o cargo quando foram assassinados. A terceira delas também tinha histórico de atuação política e figurava como um pré-candidato para este ano.
Camocim - Vereador morto em restaurante
O primeiro crime foi contra o vereador Cesar Araújo Veras (PSB), de 51 anos, no município de Camocim, situado no litoral oeste do Ceará. O parlamentar estava em um restaurante quando foi esfaqueado por um garçom, no dia 28 de abril. Ele não resistiu aos ferimentos na região do pescoço.
Formado em administração, casado e pai de três filhos, César Veras tinha uma carreira política consolidada em Camocim. Ele estava no quarto mandato como vereador.
O suspeito, identificado como Antônio Charlan Rocha Souza, atingiu também o patrão e outro cliente do restaurante com golpes de faca. Ele trabalhava no estabelecimento há 13 anos.
No mesmo dia, o suspeito foi preso e autuado em flagrante na Delegacia Regional de Sobral por homicídio qualificado por motivo fútil e sem chance de defesa, além das duas tentativas de homicídio qualificado.
Depois de passar por audiência de custódia no dia seguinte, o suspeito teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
Crato - Vereador morto com tiros de fuzil
O segundo crime aconteceu contra o ex-policial e vereador em exercício Erasmo Morais (PL), que foi assassinado a tiros de fuzil na manhã do dia 7 de maio, no Crato, na Região do Cariri.
O homicídio ocorreu por volta das 11h no Bairro Mirandão, perto da residência do vereador. Testemunhas afirmaram para a polícia que dois homens em uma picape de cor branca efetuaram os disparos.
Erasmo teria levado mais de 10 tiros. A equipe de peritos que foi ao local contou 47 cápsulas (36 de fuzil e 11 de pistola) espalhadas pelo chão.
A vítima havia assumido o cargo de vereador na condição de suplente e era pré-candidato para as eleições deste ano no Crato. Até agora, ninguém foi preso pelo crime.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, o inquérito conduzido pela Delegacia Regional do Crato está sob sigilo, preservando detalhes para não comprometer a investigação. A pasta informa que a Polícia Civil conduz oitivas e diligências sobre o homicídio.
Erasmo Morais foi policial militar durante dois anos, de 1993 a 1995, mas teve a expulsão decretada por ser suspeito de extorsão e associação criminosa. Conforme a secretaria, ele havia sido recolhido ao Presídio Militar à época.
Por fazer oposições ao prefeito atual do município, houve insinuações de uma motivação política para o crime. Nas redes sociais, o prefeito José Ailton (PT) se manifestou nas redes sociais para rebater as acusações públicas de que ele estaria envolvido no assassinato do vereador.
Icó - Sargento da PM assassinado em frigorífico
O crime mais recente aconteceu na cidade de Icó, no dia 9 de maio. A vítima foi Geilson Pereira Lima, sargento da Polícia Militar e pré-candidato a vereador no município pelo PL. O homicídio aconteceu dentro de um frigorífico e foi flagrado por uma câmera de segurança.
Conhecido como Sargento Geilson, a vítima tinha 49 anos e já foi secretário de Segurança Pública e Cidadania do mesmo município, mas foi exonerado em 2021. Em 2022, Sargento Geilson foi candidato a deputado estadual pelo Partido Liberal (PL).
No ano passado, Geilson foi afastado da Polícia Militar pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) após publicações nas redes sociais criticando e denunciando a gestão municipal de Icó.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a Polícia Civil e a Polícia Militar seguem em diligências relacionadas ao crime, com investigações a cargo da Delegacia Regional de Icó. Não houve detalhamento sobre uma possível motivação política para o crime.
O policial tinha antecedentes por três crimes de ameaça. A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou que o sargento estava afastado, pois responde a um processo criminal de calúnia.
Já a Secretaria da Segurança Pública disse que o policial militar estava em situação funcional agregado. Ou seja, foi afastado temporariamente do serviço por ter ultrapassado um ano contínuo de licença para tratamento de saúde.
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