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quarta-feira, 29 de junho de 2016

Pesquisadores anunciam sucesso de testes de vacina contra o vírus zika



O mosquito Aedes aegypti - Custódio Coimbra
 / Agência O Globo
Cientistas da SP e dos EUA testaram duas formas de imunizar camundongos RIO - Pela primeira vez foi possível demonstrar a viabilidade de uma vacina contra o zika. Pesquisadores brasileiros e americanos testaram com sucesso em animais duas estratégias de imunização. Publicado na “Nature” desta semana, o estudo é importante porque a vacina é considerada a única forma realmente eficaz de proteger a população contra uma epidemia que já se espalha por 61 países. O grupo integrado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Harvard, nos EUA, testou duas formas de imunizar camundongos contra o zika. As duas obtiveram êxito. O estudo é o primeiro a empregar também a cepa brasileira do vírus, originário do Nordeste, a região mais afetada do Brasil. Esta foi isolada de um paciente na Paraíba pelo grupo do virologista Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas, no Pará. A primeira forma testada, mais convencional, foi usar vírus zika inativado para provocar uma resposta do sistema de defesa dos roedores. A segunda, bem mais sofisticada, foi obter a mesma resposta com uso de pedaços do material genético do vírus. Um dos autores do estudo, Paulo Zanotto, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, diz que a meta era compreender os mecanismos da infecção pelo zika: — Embora seja ciência básica, em fase inicial, a pesquisa é importante porque ainda se sabe pouco sobre os aspectos imunológicos do vírus. Ainda estamos aprendendo a trabalhar com ele — observa Zanotto, coordenador da Rede Zika da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A primeira técnica oferece a vantagem de ser mais simples e, por isso, em tese, mais fácil de desenvolver. Esse tipo de vacina está em uso com sucesso contra a pólio e a encefalite japonesa. Todavia, o zika não tem se mostrado trivial. Ele não é fácil de inativar, salienta Zanotto. Tornar um vírus inativo é eliminar sua capacidade de se replicar dentro das células infectadas. Assim, ele serve para “ensinar” o sistema imunológico a reconhecê-lo como invasor e atacá-lo. Mas não pode se multiplicar e causar danos à pessoa vacinada. Zanotto explica que uma vacina desenvolvida a partir de pedaços de genes do vírus é vista como mais promissora. Esse imunizante é mais seguro e não pode causar doença já que não há vírus nele. É um imunizante desse tipo que a equipe de Dan Barouch planeja testar em macacos em Harvard, numa segunda etapa do trabalho. Barouch é um dos principais especialistas do mundo em vacinas contra retrovírus — vírus de RNA . Seu grupo desenvolveu e testa em pessoas uma vacina contra o HIV. Como a que se planeja criar contra o zika, esta é genética. — Nosso grupo da USP focará no conhecimento da imunologia do zika. Estamos trabalhando agora com uma linhagem do vírus que isolamos em São Paulo — diz o pesquisador. A equipe dele colabora com a do Instituto Butantã, que também busca desenvolver uma vacina. Mas com outra estratégia. — Há muitos grupos trabalhando com isso no Brasil e no exterior. É muito importante porque não há tempo perder na luta contra o zika. Ainda não podemos dizer qual terá melhor resultado e quando chegará à população — destaca. O GLOBO

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