As cenas são de barbárie. Presos foram queimados vivos, amarrados e envoltos em colchonetes; outros decapitados e suas cabeças colocadas sobre o peito. Alguns foram espancados até a morte, além daqueles que receberam dezenas de furadas de “cossoco”e golpes de faca. Tiveram também aquele cujas cabeças foram impiedosamente esmagadas a pedradas e pauladas, não restando nada delas.
A descrição dessas cenas de horror pode ser feita por qualquer pessoa que teve acesso, através das redes sociais e aplicativos em celulares, às imagens gravadas dentro dos presídios da Região Metropolitana de Fortaleza durante a mega-rebelião que atingiu seis unidades carcerárias: as CPPLs 1,2,3 e 4 (todos em Itaitinga), a Penitenciária Feminina (em Aquiraz) e o Presídio do Carrapicho (Caucaia), no último fim de semana.
Em apenas dois dias, o número de presos assassinados no Ceará em 2016 quase se igualou ao quantitativo do registrado desde o começo do ano até a data da explosão das rebeliões. Entre os dias 1º de janeiro e 20 de maio, 22 detentos foram assassinados nas unidades do Sistema Penitenciário. E, somente entre 21 e 23 (sábado e domingo) últimos, foram 18. Esse número pode, no entanto, crescer até que o Estado volte a ter o controle das cadeias.
Facções comandam
Desde o ano passado, as principais (e mais lotadas) unidades do sistema já estava nas mãos dos detentos. O Presídio do Carrapicho, em Caucaia, é um exemplo disso. Há meses que os internos tomaram de conta da cadeia, após destruírem grades das celas e galerias. Desde então, os agentes penitenciários não entram mais na carceragem, nem mesmo para fazer a “tranca” no período da noite. Livres dentro das unidades, os internos mandam e desmandam.
O quadro de lotação é devastador. Cadeias com capacidade para abrigar no máximo 950 detentos (como é o caso das CPPLs, que têm estruturas padronizadas) hoje estão com até 1.900 presidiários, e apenas sete agentes para manter a segurança e a disciplina.
Descontrole total
Conforme entendimento da Comissão de Direito Penitenciário da OAB-CE, do Conselho Estadual de Políticas do Sistema e do próprio Ministério Público Estadual (MPE), a greve dos agentes penitenciários apenas trouxe à tona para a sociedade o estado de descalabro e descontrole que se abateu sobre o sistema carcerário cearense desde o ano passado, quando as facções criminosas chegaram ali e passaram a impor suas regras, além de comandar os atentados na Capital.
Veja imagens do preso sendo queimado vivio
ATENÇÃO, IMAGENS FORTES!!!
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