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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Jovem de 15 anos morre após dar à luz e família acusa hospital de negligência


Breno Boechat
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Uma jovem de 15 anos morreu, na noite do último domingo, no Hospital Municipal de Acari, após dar à luz um menino em outra unidade, no Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, em BanguZona Oeste do Rio de Janeiro. A família da estudante Rafaela Cristina Souza Santos acusa o Mariska Ribeiro de negligência no atendimento à adolescente, que, segundo parentes, ficou por mais de cinco horas no hospital, sem atendimento de médicos especializados, sendo atendida apenas por uma enfermeira e uma técnica de enfermagem.
Segundo a mãe de Rafaela, Carla Santos, desde que deu entrada no hospital, por volta de 0h de domingo, a jovem não teve o atendimento adequado, e só recebeu atenção de um médico às 3h. De acordo com ela, a adolescente ficou mais de dez horas sem uma avaliação médica, apesar de se queixar constantemente de dor de cabeça e não conseguir avançar no trabalho de parto.
— Três horas depois de chegar na maternidade, uma médica examinou, ouviu o coração do bebê e mandou a gente subir para o quarto, para fazer exercícios que estimulariam o bebê a nascer. Às 7h, ela estava com uma dilatação de 8cm, eu falei que a minha filha era pequena, tinha 15 anos, mas corpo de 13, e que era melhor fazer a cesárea. Eles insistiram no parto normal, e o bebê não descia. Não apareceu médico nenhum até as 14h, quando deram dipirona para ela, por conta da dor de cabeça, e puseram no soro. As enfermeiras não mediram nada dela — diz a mãe.
Rafaela estava grávida de 40 semanas
Rafaela estava grávida de 40 semanas Foto: Reprodução / Facebook
De acordo com Carla, dois minutos depois de entrar no soro Rafaela teve uma convulsão e foi levada para o centro cirúrgico do Mariska Ribeiro. A mãe diz que em momento nenhum teve alguma explicação médica do que estava acontecendo, até que mais de duas horas depois informaram que a adolescente tinha feito eclâmpsia e que havia sido necessário retirar o útero de Rafaela para mantê-la com vida. O bebê nasceu por cesárea.
— Não me falaram nada e não me deixaram ir com ela. Fiquei horas sem informação. Só Deus sabe o que eu passei. O médico disse que não estava sequer no hospital e que teve que ir lá só por causa da minha filha. Ele contou que ela teve eclâmpsia, parada cardíaca e que tiveram que tirar o útero dela. Eles não podiam fazer isso sem me falar, a minha filha tinha 15 anos — conta Carla.
Transferência foi lenta, segundo a mãe
Ainda de acordo com a mãe, a transferência para o Hospital de Acari, onde Rafaela ficou na Unidade de Terapia Intensiva, também demorou. A jovem, de acordo com Carla, deu entrada na unidade por volta de 17h, cerca de três horas depois de seguir para o centro cirúrgico do Mariska Ribeiro. Em Acari, a mãe da adolescente diz que foi bem atendida e conta que ouviu de um médico que o atendimento feito na outra unidade não havia sido bom. Rafaela veio a óbito pouco antes de 23h50 de domingo, após uma segunda parada cardíaca.
— Um médico me chamou e me explicou que iam fazer tudo que era possível para mantê-la viva. Ele disse: “Mãezinha, olha o que fizeram com a sua filha”.
De acordo com a Secretaria municipal de Saúde, a direção do Hospital da Mulher Mariska Ribeiro informou que Rafaela recebeu todo o suporte necessário, assistida por profissionais da unidade quando apresentou complicações durante o parto. Segundo a unidade, a paciente foi transferida imediatamente após o parto para a Unidade de Terapia Intensiva, onde apresentou “rápida piora no quadro e faleceu”. A secretaria disse ainda que lamenta o ocorrido e informa que toda morte materna é investigada por comissões técnicas especializadas. A direção do Mariska Ribeiro informou que está à disposição da família de Rafaela para esclarecimentos.
O corpo de Rafaela foi sepultado nesta segunda-feira, em Campo Grande
O corpo de Rafaela foi sepultado nesta segunda-feira, em Campo Grande Foto: Reprodução / Facebook
O corpo de Rafaela foi sepultado nesta segunda-feira, no cemitério de Campo Grande. Na internet, amigos e parentes lamentaram a sua morte e fizeram coro às acusações feitas pela mãe da adolescente. Carla informou que pretende ir à polícia registrar queixa contra a unidade.
— Eu quero justiça. Quero que eles sejam punidos, sim. Perder uma filha de 15 anos de uma maneira tão brutal é uma dor muito grande. Aquilo não é um hospital, é um matadouro.
Nesta terça-feira, parentes e amigos de Rafaela fizeram uma manifestação em frente ao Hospital da Mulher Mariska Ribeiro. O grupo pediu justiça pela morte da adolescente.
Família faz protesto em frente ao hospital
Família faz protesto em frente ao hospital Foto: Repro


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