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domingo, 18 de junho de 2023

PF encontra no celular de Mauro Cid "roteiro" para golpe de Estado



Um parecer feito pela Polícia Federal (PF) revelou um documento contendo instruções para um golpe de Estado no celular do tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O relatório foi divulgado pela revista Veja nesta quinta-feira, 16.

Cid encontra-se detido desde 3 de maio devido a uma operação que investiga a suspeita de fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro e seus auxiliares. Durante a ação, as autoridades também apreenderam o celular de Cid.

De acordo com o relatório da Polícia Federal (PF), obtido pelo blog da jornalista Andréia Sadi, o documento em questão, com data de 25 de outubro de 2022, não possui indicações de ter sido enviado ao ex-presidente Bolsonaro. Além disso, até o momento, não foram encontradas evidências de conversas entre os dois com esse teor.

O documento descoberto no celular de Cid recebe o título de "Forças Armadas como poder moderador" e apresenta uma lista de iniciativas destinadas a enfraquecer as instituições democráticas. Dentre as medidas mencionadas no documento, estão a nomeação de um interventor, o afastamento de ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e outras autoridades, além da abertura de inquéritos.

O documento sugere ainda a fixação de um prazo para a realização de novas eleições. Tais medidas seriam tomadas mediante autorização do presidente da República.

Na minuta, alega-se que ministros do TSE teriam cometido atos violando a prerrogativa de outros Poderes. Portanto, sem mencionar nomes específicos, sugere-se a substituição desses ministros por outros membros do Supremo Tribunal Federal (STF) em ordem de sucessão, sendo eles Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Dias Toffoli.

Jean Lawand Junior

No celular de Mauro Cid também foram descobertas trocas de mensagens com o coronel Jean Lawand Junior, então gerente de ordens do Alto Comando do Exército (ACE), nas quais este último encorajava a realização de um golpe de Estado.

"Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente vai ser preso. E, pior, na Papuda, cara", afirmou Lawand Junior em um áudio a Cid, em 1º de dezembro de 2022.

Cid respondeu: "Mas o PR [Presidente da República] não pode dar uma ordem...se ele não confia no ACE".

Em outra mensagem, em 10 de dezembro do ano passado, Lawand enviou outra mensagem: "Cid pelo amor de Deus, o homem tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de Divisão pra baixo está".

Cid, então, disse: "Muita coisa acontecendo...Passo a passo", e recebeu de volta do coronel a resposta: "Excelente".

A última troca de mensagens entre os dois ocorreu no dia 21 de dezembro de 2022. Jean Lawand Junior escreveu: "Soube agora que não vai sair nada. Decepção irmão. Entregamos o País aos bandidos".

O que diz Lawand

Em declaração à revista, o coronel Lawand afirmou que Mauro Cid é seu amigo e que suas conversas se limitavam a assuntos triviais, negando qualquer diálogo de natureza golpista. O general também declarou não se recordar da referida conversa.

O militar permanecerá no Brasil para fornecer os devidos esclarecimentos a respeito das mensagens trocadas com Mauro Cid.

Fonte: Terra

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