Cronograma divulgado no portal do Ministério da Saúde, sem atualização desde 19 de março, prevê a entrega de 47,3 milhões de imunizantes contra o novo coronavírus.
Sob pressão para acelerar o ritmo de vacinação contra a covid-19 no Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou, nesta segunda-feira (12/4), que o governo federal tem assegurado para o mês de abril 30,5 milhões de doses do imunizante contra a covid-19. Segundo o cardiologista, a quantidade é a que a pasta da Saúde tem como “certa” e será produzida pelo Instituto Butantan e pela Fundação Oswaldo Cruz.
“Em relação ao cronograma, o que nós temos são doses estimadas porque isso depende das entregas. [...] Agora, no mês de abril, nós temos asseguradas 30,5 milhões de doses dessas vacinas, que são produzidas nas nossas duas instituições, Fiocruz e Instituto Butantan. Isso é o que a gente tem certo”, declarou durante coletiva de imprensa no evento de lançamento da campanha de vacinação contra a gripe.
O ministro explicou que havia uma possibilidade do Ministério da Saúde contar com a vacina Covaxin, da Bharat Biotech, porém o imunizante não obteve autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser importado e aplicado na população brasileira.
“Houve problema de registro. Isso estava tratado com a Bharat Biotech. Infelizmente, a Anvisa não autorizou e a gente teve que retirar essa previsão de doses”, disse.
Cronograma sem atualização
Apesar de afirmar que retirou a previsão do recebimento dessas doses, o cronograma de recebimentos de imunizantes contra a covid-19, divulgado no portal do Ministério da Saúde, ainda conta com os 8 milhões de doses da Covaxin que seriam entregues até o final deste mês. Isso porque o documento não é atualizado desde 19 de março.
No cronograma divulgado está prevista a entrega de 47,3 milhões de imunizantes contra o novo coronavírus. Questionado pelo Correio na última semana, o Ministério da Saúde respondeu que ainda não sabe se o documento irá prosseguir com as atualizações.
A orientação da pasta aos jornalistas foi para que buscassem atualizações do cronograma junto aos respectivos laboratórios que fecharam acordo com o governo federal, a fim de confirmar o número de vacinas que serão entregues ao país.
Campanha “acelerada”
Apesar de reconhecer que tem capacidade para vacinar mais brasileiros, o ministro Queiroga acredita que a campanha de vacinação contra a covid-19 está “acelerada” no Brasil. “O Brasil já é o quinto país que mais vacina e o nono país que mais vacina por 100 mil habitantes, e nós já vacinamos 1 milhão de pessoas por dia”, disse.
O cardiologista lamentou não ter mais vacinas disponíveis para poder imunizar os brasileiros, mas reforçou que este não é um problema só do Brasil. “É claro que nós queríamos vacinar mais. [...] Lamentavelmente nós não temos essa quantidade de vacinas. Nem nós, nem a maioria dos países do mundo”, ponderou.
Segundo Queiroga, se o país tivesse garantido entre 40 e 50 milhões de vacinas nos próximos três meses, ele atingiria a capacidade de imunizar 2,4 milhões de indivíduos por dia. Para sanar a falta de vacinas disponíveis, o ministro garantiu que busca na diplomacia com outros países, a entrega mais célere de insumo farmacêutico ativo (IFA), necessário para a produção das vacinas no Brasil, e até mesmo imunizantes prontos.
“Eu não quero aqui me ater a detalhes dessas negociações porque são negociações internacionais sensíveis, e que nós não podemos estar antecipando essas questões sob pena de perder a oportunidade de negócio. Nenhum de nós aqui quer que o Brasil perca a oportunidade de adquirir uma dose sequer de vacina”, justificou a falta de informações sobre acordos com outros países.
Queiroga se retirou um pouco antes do fim da coletiva de imprensa por causa de uma reunião e pediu “licença” aos jornalistas presentes a fim de buscar mais vacinas para o país. “Eu vou pedir desculpas a vocês porque eu preciso conseguir mais vacinas para o Brasil. Se eu tiver alguma coisa certa, pode ter certeza que vou falar para vocês”, completou antes de se retirar do evento.
Fonte: Correio Braziliense
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