Manaus - Pelo menos 20 pessoas foram assassinadas entre a noite de sexta-feira (17) e a madrugada de sábado, em Manaus, segundo informações do Instituto Médico Legal (IML). O número pode ser ainda maior, pois há denúncias de outras mortes ainda não levantadas. Só na rua Viriato Correia, no bairro de Educandos, zona sul da cidade, foram cinco assassinatos. A polícia investiga se os casos estão relacionados com vingança de policiais militares contra a morte do sargento da Polícia Militar (PM) Afonso Camacho Dias, que reagiu a um assalto, na tarde de sexta-feira, no mesmo bairro, e foi assassinado pelos bandidos. Também investiga se há relação com a morte, por decapitação, do detento Hudson de Souza Lopes, dentro do Instituto Penal Antônio Trindade, na tarde de sexta-feira.
O secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, informou, agora pela manhã, que há indícios de que as mortes tenham sido por motivo de vingança pela morte do sargento da PM Afonso Camacho. Segundo ele, essa coincidência "não é natural". "Toda vez que um policial é assassinado, isso pode acontecer, mas vamos montar uma força tarefa para investigar. Isso tudo não tem justificativa. Não queremos que isso aconteça". Em declarações publicadas na imprensa local, policiais que não quiseram se identificar anunciaram que iriam se vingar pela morte do sargento.
O comandante da Polícia Militar, coronel Roberto Gouvêia, afirmou que tomou conhecimento das mortes, mas ressaltou que cabe à Polícia Civil a responsabilidade pelas investigações. Segundo ele, a PM não compactua com atos de vingança e caso reste comprovado que este foi o motivo dos crimes, haverá punições. No início de maio, o sargento da PM Elcy Lima da Silva, de 49 anos, foi morto com três tiros num posto de combustível, no bairro Tarumã, zona oeste.
No dia seguinte, houve registro de assasinatos acima do 'normal". Em janeiro, o PM João Paulo da Silva foi morto numa tentativa de assalto. No dia seguinte, várias pessoas foram assassinadas, dando a entender que foram em conseqüência de vingança dos colegas de farda.
Casos
As mortes desta madrugada ocorreram em vários pontos da cidade, no entanto as zonas sul e leste foram os com mais número de mortes registradas. Só na Rua Viriato Correia, no bairro de Educandos, foram cinco assassinatos, segundo moradores. De acordo com a dona de casa Manuella Gouveia, 33, por volta das 02h10 da manhã, quatro homens encapuzados dispararam cerca de 20 vezes contra um grupo de jovens, próximo a um mercado. "Eles estavam fortemente armados, com fuzis e pistolas. O grupo saiu de um Celta prata, quando efetuou os disparos contra os meninos", disse. Entre os atingidos, estava Renato Marinho dos Santos, 42, baleado com um tiro nas costas. Segundo a irmã da vítima de 30 anos, que não quis se identificar, o irmão foi encaminhado para o Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, na zona leste, em estado grave. Já no bairro Zumbi, na zona leste de Manaus, Diego da Silva Lira, 19, morreu com cinco tiros, sendo dois na cabeça.
Segundo a mãe da vítima, a dona de casa Jocilele da Silva, o filho voltava da igreja com amigos quando, um grupo de quatro homens em um Celta preto, de placa desconhecida, os abordou e começou a disparar. "Meu filho não tinha passagem pela polícia. Ele foi morto de modo covarde".
Outro caso com pessoas baleadas ocorreu em uma lanchonete no bairro Aleixo, na zona centro-sul. Anderson Sales Soares, 32, foi uma das vítimas. O homem morreu com seis tiros.
De acordo com a mãe adotiva da vítima, Acilete Sales Soares, 42, o fato aconteceu por volta das 23h da sexta. Ela explicou que um grupo de homens encapuzados estava em um Gol vermelho, de placa não identificada.
"Foram pelo menos 20 disparos, e infelizmente acertaram meu filho. Segundo testemunhas, me contaram eles saíram como se nada estivesse acontecido. Um verdadeiro terror", contou.
Na manhã de sábado, o ajudante de pedreiro Jaeliton Pessoa da Silva, de 23 anos, foi morto com pelo menos dois tiros na cabeça, na rua Jesus de Nazaré, bairro Novo Israel, zona norte de Manaus. O pai da vítima, que não quis se identificar, afirmou que o fato aconteceu por volta das 6h do sábado. Ele disse que ouviu os disparos, e foi chamado por vizinhos.
"Eu estava em casa quando fui chamado. Foi ai que eu o vi deitado no chão. Pelo que eu saiba, ele não tinha inimigos", disse.
Com Jaeliton foram encontrados uma faca e drogas. Segundo a equipe de investigação da Polícia Civil, testemunhas contaram que dois homens a pé abordaram a vítima e um deles disparou os tiros.
Giro Sertão Noticias
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