O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reuniu-se com o
ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes e com o
deputado Paulinho da Força (SD-SP), dirigente da segunda maior central
sindical do país, para avaliar, entre outros temas, cenários da atual
crise política, incluindo um processo de impeachment da presidente Dilma
Rousseff.
O encontro, um café da manhã na residência oficial da Presidência da Câmara, se deu na última quinta-feira (9).
Segundo a Folha apurou, o agravamento da crise foi discutido em
detalhes. Os presentes fizeram uma primeira avaliação do cenário no TSE
(Tribunal Superior Eleitoral), onde a chapa de Dilma é investigada por
suposto abuso de poder e financiamento irregular de campanha.
Chegaram à conclusão de que um pedido de cassação dificilmente será aprovado no tribunal, cuja corte está dividida sobre o tema.
No encontro também foi feito um diagnóstico sobre as dificuldades de
abertura de um processo de impedimento na Câmara contra Dilma. A
Constituição exige 342 votos a favor para que um pedido do gênero seja
aberto.
Diante disso, Paulinho da Força afirmou, conforme relatos, que um
processo de impedimento da presidente só iria para frente por meio de um
acordo que passasse por quatro pessoas: Cunha, o vice-presidente Michel
Temer (PMDB), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o
presidente do PSDB, Aécio Neves (MG).
Um arranjo desses, segundo os desenhos projetados, resultaria em um
"parlamentarismo branco" a partir de um eventual impeachment: Temer
compartilharia o poder com os presidentes da Câmara e do Senado e
governaria em uma espécie de triunvirato até as eleições de 2018.
Um parlamentar disse à reportagem que o clima político para isso só
estará "mais maduro" depois que o TCU (Tribunal de Contas da União)
julgar as contas de 2014 do governo. A tendência é que a corte as
reprove, o que abriria caminho para o Congresso analisar o caso.
O julgamento no TCU estava previsto para a próxima semana, mas a análise foi adiada para agosto.
Sob condição de anonimato, um parlamentar afirmou à Folha ter feito
parte de um movimento para pressionar o TCU pelo adiamento. Assim,
quando as contas forem julgadas, o Congresso já estará na ativa –o
recesso parlamentar vai de 18 a 31 de julho.
Folha de S.Paulo
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