O acidente envolvendo a surfista cearense Luzimara Souza, 23, morta na manhã de ontem após ser atingida por um raio na Praia da Leste-Oeste, chama atenção para a força e gravidade do fenômeno meteorológico. Entre 21 de dezembro de 2018 e 18 de março deste ano, o Ceará foi atingido por 15 mil raios nuvem-solo, segundo dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Somente em 2019, ainda segundo o Elat, quatro pessoas morreram no Estado vítimas de descargas elétricas atmosféricas, nos municípios de Pindoretama, Santana do Acaraú, São Gonçalo do Amarante, além da Capital. Os números, solicitados pelo Núcleo de Dados do Sistema Verdes Mares, são preliminares.
O levantamento do órgão, no entanto, revela que em comparação ao período anterior, a incidência foi bem menor. Entre dezembro de 2017 e março de 2018, chegou a 500 mil o número de raios nuvem-solo registrados no Ceará. Essa redução, segundo o Inpe, decorre de efeitos do fenômeno El Niño.
Contudo, a incidência de raios registrada na manhã de ontem, em Fortaleza, enquanto Luzimara treinava para o Campeonato Brasileiro de Surfe, foi considerada alta pelo Elat para um curto período de tempo. Foram 360 descargas elétricas atmosféricas, em sua maioria, verificadas entre 5h da manhã e meio-dia.
Junto com a campeã cearense da categoria, outros surfistas estavam no mar no momento do acidente. O trecho é frequentado por alunos da escolinha Itim Silva Surf e a aula tinha acabado de encerrar. Os que permaneceram na água, relataram sentir os efeitos da descarga, como a atleta Joana Meireles, 26, que teve parte do corpo paralisado temporariamente.
Vítima grave
Além de Luzimara, o raio vitimou gravemente o surfista Felipe Cardoso Nogueira, 17, que foi retirado do mar inconsciente. O jovem recebeu os primeiros atendimentos na sede do Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros do Ceará, e enviado ao Instituto Doutor José Frota (IJF) em estado grave. Até o início da noite de ontem, o paciente se encontrava em atendimento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com quadro estável, segundo informou à reportagem a assessoria de imprensa da unidade hospitalar.
Identificar situações de risco é determinante para não se envolver em acidentes com raios. Dentro de casa, recomenda-se evitar o uso de chuveiros elétricos, o contato com objetos de estrutura metálica e ligar equipamentos eletrônicos.
Do lado de fora, é preciso se afastar de ambientes abertos como campos, pastos, lagos, praias, além de postes, árvores isoladas, cercas de arames, portões metálicos e lugares elevados.
"Ao ver um raio e ouvir um trovão, busque imediatamente um abrigo. Pode ser tanto uma edificação como o interior de um carro. O importante é você não ser esse ponto mais próximo entre o chão e as nuvens", orienta o tenente Romário Fernandes, do Corpo de Bombeiros do Ceará. Com informações do Diário do Nordeste.
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