Muitos fatores específicos têm que convergir para que uma doença local se torne uma epidemia mundial. Foi isso o que aconteceu na década de 1920, na cidade de Kinshasa, na República Democrática do Congo, onde ocorreu a “tempestade perfeita” para a disseminação do HIV.
Segundo uma pesquisa publicada pela revista Science, realizada com técnicas inovadoras de arqueologia viral, os três principais fatores foram o aumento populacional, a prostituição e o desenvolvimento ferroviário, impulsionado pela Bélgica – além do uso de agulhas não esterilizadas em hospitais.
Após a análise de mostras do HIV, o rastreamento do código genético do vírus fez com que os pesquisadores encontrassem o epicentro da pandemia em Kinshasa. E uma vez descoberto o local, a pesquisa se focou no “como”: a princípio, o HIV-1 Subgrupo M (que infectou milhões de pessoas em todo o mundo) foi transmitido de chimpanzés para seres humanos por meio do contato com sangue infectado na manipulação da carne de animais selvagens.
Quando, em 1920, o vírus chegou a Kinshasa, a cidade passava por um rápido crescimento demográfico, e a chegada de um grande número de trabalhadores operários gerou uma duplicação da população masculina em relação à feminina, causando um aumento significativo na prostituição. O uso de agulhas não esterilizadas em hospitais fez com que o vírus contagiasse mais pessoas e a grande rede de transportes o ajudou a expandir seus domínios, já que os portadores podiam se deslocar por todo o território do país. Essa tempestade perfeita de condições durou apenas duas décadas, tempo suficiente para que o vírus chegasse a outras partes do mundo.
Fonte: History
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