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sábado, 14 de janeiro de 2017

'Doença da urina preta': médicos do CE e BA suspeitam de vírus; sintomas


Urina_preta

A "mialgia aguda a esclarecer", também chamada de "doença misteriosa", que provoca intensas dores musculares e pode deixar a urina de cor preta, ainda é um enigma para a Medicina. Com o anúncio da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), quinta-feira (12), dos três casos suspeitos no Ceará e os 52 registrados desde dezembro na Bahia, pesquisadores começam a traçar hipóteses sobre a moléstia. A principal suspeita é de que a enfermidade é causada por um vírus.

De acordo com o pesquisador do Laboratório de Virologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Gúbio Soares, a equipe deve ter a confirmação da origem da doença em duas semanas. No entanto, os pesquisadores já trabalham com a suspeita de que se trata de um vírus do gênero Parechovírus. "Estamos ainda trabalhando com suspeita, mas temos fortes indícios disso. Encontramos material genético positivo para essa família nos exames de pacientes suspeitos. Estamos agora sequenciando o DNA para confirmação e precisamos de mais duas semanas", explica o pesquisador baiano. Esta tese refuta as outras suspeitas levantadas sobre uma bactéria e uma intoxicação causada por ingestão de peixes e crustáceos. Gúbio, integrante da equipe que analisa os exames na Bahia, explica que o vírus existe no Brasil e tem relação com outros problemas. "Já tivemos registros de casos como esses no Japão, França e Dinamarca, causando pequenos surtos", aponta ele, que não acredita que a mialgia aguda a esclarecer vá se espalhar com rapidez e em vários lugares do Brasil. "A característica é de acontecer em pequenos grupos e cidades". A transmissão do vírus, conforme explica, é por via fecal e oral. Portanto, estima-se que pode acontecer a transmissão através do contato muito próximo oral e por ingestão de água ou alimento infectado Nos casos do Ceará, de acordo com a Sesa, duas pessoas estiveram em contato com uma baiana.

Apesar de a Secretaria de Saúde da Bahia ter notificado uma morte, a Vigilância Epidemiológica do Estado investiga se o óbito foi provocado pela doença, já que o homem apresentava outros problemas de saúde, entre eles hipertensão. "Na literatura, não houve nenhuma morte nos países onde houve esse surto. Apesar de não ser fatal, pode ocasionar insuficiência renal se não for tratada corretamente". No Ceará, segundo informações da Sesa, dois pacientes receberam alta e um, do sexo masculino e com 70 anos, continua internado. No entanto, o idoso possui outras doenças preexistentes, o que pode interferir em sua permanência no hospital.

Lesão

Para o infectologista cearense Ivo Castelo Branco, o cenário é novo e pouco se sabe. O que já se pode afirmar é que o vírus causa uma lesão no músculo, fazendo com que esses fragmentos sejam liberados no organismo e sobrecarregue o rim. "A cor escura na urina é desses fragmentos. O dano renal é o mais grave. Mas é comum o quadro agudo com uma dor muscular muito intensa, principalmente na região do trapézio e pescoço. O sintoma pode até ser confundido com dengue, leptospirose, hepatite".

Em nota técnica, a Sesa indica os exames de fezes, urina, soro e hemocultura. O tratamento é sintomático e acontece com a hidratação. Não se recomenda o uso de anti-inflamatórios.



Fonte Diário do Nordeste

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