Nova resolução traz três pontos principais, além do preço do combustível. Qualidade aumenta e traz mais garantia de segurança para os motoristas.
Entraram em vigor nesta segunda-feira, 3, as novas especificações da gasolina automotiva. Estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), as características visam reforçar a qualidade da gasolina brasileira e melhoram a autonomia dos veículos, reduzindo o consumo pelos motoristas. Além disso, também tem menores níveis de emissões atmosféricas e dificulta fraudes no composto, como o uso de solventes.
Apesar de o novo padrão já estar valendo, distribuidoras terão prazo adicional de até 60 dias para se readequarem ao setor, enquanto postos terão até 90 dias para reorganizarem a venda do novo combustível.
A revisão contempla três pontos principais: o estabelecimento de valor mínimo de Massa Específica (ME); valor mínimo para a temperatura de destilação; e a fixação de limites para a octanagem. No entanto, motoristas não precisarão realizar alterações para se adequarem à nova fórmula, conforme explica o integrante do Núcleo de Pesquisas em Lubrificantes do Departamento de Engenharia Química da UFC, Expedito Parente Junior.
Ele relembra que a gasolina comercializada já é uma mistura com o etanol, o que reduz quaisquer danos. "A nova gasolina vem para melhorar o desempenho dos motores. Então, ela é misturada e todo o efeito dela acaba sendo amortecido pelo etanol, por ser um combustível renovável", diz.
A alteração na Massa Específica é um dos pontos alterados, definida pela densidade do produto. Quanto mais denso, maior a capacidade do produto em produzir energia. Antes da nova especificação, não existia um valor mínimo para a ME. Com a nova resolução, o valor passa a ser de 715,0 kg/m3 - o que significa mais energia e menos consumo para o motorista.
Mudanças na octanagem da gasolina também fazem parte da novidade. O índice de octanagem é o nível de resistência da gasolina ao motor quando é dada a partida em um carro. Durante o processo, o combustível sofre uma pressão dentro do motor do veículo e compressa a gasolina - no caso, quanto maior a resistência do produto, maior a sua octanagem. O valor 100 é a base do índice, influenciado pelo composto químico mais resistente às reações no veículo.
Antes da nova resolução, o índice de medição brasileiro era realizado através do Índice Antidetonante (IAD) com a Research Octane Number (RON). Existem dois parâmetros de octanagem: o Motor Octane Number (MON) e o RON.
O IAD exigido para a gasolina brasileira era de 87 octanos. Com as mudanças, o valor mínimo de octanagem para a gasolina comum será de 92. Já para a gasolina premium, produto que contém aditivos que reforçam sua resistência, o número de octanos será de 97. A partir de 1º de janeiro de 2022, a octanagem mínima aumentará para 93.
O outro ponto da resolução estabelece um valor mínimo para a temperatura de destilação do combustível em 50% (T50) para a gasolina A, com temperatura de ebulição de 77,0 ºC - ou seja, é mais difícil do composto passar do estado líquido para o estado gasoso. Os parâmetros de destilação afetam questões como desempenho do motor, dirigibilidade e aquecimento do motor.
"Todas essas três propriedades estão relacionadas. Quando há uma diminuição da volatilidade do combustível, isso evita falhas, principalmente, em momento de partidas do veículo. Pois quanto menos volátil, mais vantajoso para o motorista", explica o pesquisador.
O impacto no preço é uma das principais mudanças com a nova gasolina. Expedito expõe que a especificação anterior não existia um limite para a densidade e pagávamos menos massa por volume. Com a novidade, a mistura virá mais densa e terá mais conteúdo energético pela mesma quantidade de volume. Ou seja, há a possibilidade de pagarmos mais caro pela mesma quantidade de combustível devido as alterações - no entanto, benéficas para motorista e para o veículo.
Especialista em combustíveis da Petrobras, Rogério Gonçalves avalia que as novas regras também ajudarão no combate ao combustível adulterado. Dessa forma, apesar do possível aumento do preço, a qualidade deve ser melhorada e o motorista rodará mais com menos combustível. A estatal afirma que toda a gasolina comum produzida em suas refinarias já tem octanagem RON 93.
A Petrobras explica que o preço do combustível é definido pela cotação no mercado internacional e outras variáveis como valor do barril do petróleo, frete e câmbio. Os fatores podem variar para cima ou para baixo e são mais influentes no preço do que o custo adicional de especificação. A estatal é responsável por cerca de 30% do preço final da gasolina nos postos de serviço.
(O Povo)
Foto Júlio César
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