Pouco antes de morrer com drogas no estômago em um hotel de Portugal, a capixaba Deyse Ricarte, de 28 anos, gravou um vídeo dizendo que amava os pais. De acordo com uma amiga, que não quis se identificar, Deyse aceitou a proposta de transportar a droga sob a promessa de que receberia R$ 12 mil.
No vídeo enviado a uma amiga, Deyse demonstra preocupação e pergunta se o rosto parece inchado.
“Você acha que meu rosto está muito inchado? Ou está normal? Acho que vou morrer, amiga. Ai, Senhor, me ajuda. Amiga, fala com minha mãe que eu amo ela, e meu pai. Não vou aguentar”, disse Deyse na gravação.
Segundo o delegado Ramon da Silva, Deyse embarcou no domingo (8), no aeroporto de Belo Horizonte, com destino a Portugal. Ela morreu na madrugada da segunda-feira (9) em um hotel de Lisboa.
A suspeita da polícia é de que Deyse tenha engolido cápsulas de cocaína e uma delas tenha se rompido estômago, causando overdose. Deyse deixou um filho de 11 anos.
'Levada para morrer’
A amiga, que preferiu não se identificar, disse que Deyse tinha o sonho de fazer uma cirurgia plástica. Por isso, teria aceitado a proposta de transportar as drogas para a Europa.
“Ela não gostava de droga, ela foi iludida, foi levada para morrer. A pessoa que fez isso com ela, tentou fazer comigo, com amigas minhas. Essa pessoa mandou ela pra lá, falou que ela nunca mais ia precisar trabalhar, fazer programa, que ela ia conseguir levantar o dinheiro para fazer a cirurgia dela”, contou a amiga.
Ainda de acordo com a amiga, a pessoa que fez a proposta cuidou de todos os trâmites para levar Deyse a Portugal. “Essa pessoa a ajudou a fazer o RG, porque nem isso ela tinha. Fez o passaporte, comprou a passagem”, contou.
Ela também contou que poucas pessoas sabiam que a jovem seguia para Portugal e que só soube da viagem porque Deyse postou fotos da mala, do aeroporto e do passaporte nas redes sociais. Em seguida, escreveu que estava em Lisboa.
Um primo de Deyse disse que a família também não sabia sobre a viagem. “A gente não sabia. Ela era uma pessoa que sempre viajava. A gente foi saber pelo vídeo que mandaram para minha tia. E foi através disso que a gente começou a investigar para ver se a informação era verdadeira”, disse João Vitor.
Dificuldade para trazer o corpo
A família de Deyse diz que não tem condições de pagar pelo traslado do corpo para o Brasil, e que tenta ajuda dos órgãos competentes. Mas, segundo o primo da jovem, as informações ainda estão desencontradas.
“Minha mãe está correndo atrás, indo no Palácio Anchieta, Defensoria Pública, ligando para o Consulado. A gente não está tendo uma orientação certa do que é para fazer. Está complicado. A gente quer somente o corpo dela", lamentou João Vitor.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, informou que o Consulado do Brasil em Lisboa foi comunicado pela Polícia de Segurança Pública de Portugal do falecimento da brasileira na terça-feira (10).
Os agentes consulares brasileiros mantêm contato com a família de Deyse, prestando assistência quanto à produção de documentos e fornecendo informações referentes ao traslado do corpo e ao registro do óbito. O caso é objeto de investigação pela polícia portuguesa, disse o Itamaraty.
Fonte: G1
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