Paradoxalmente à essa tendência, na quarta-feira (20), a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciava que as contaminações tinham ultrapassado 5 milhões de casos no mundo. Esse avanço se deve a um número recorde de novos casos em quatro países: Brasil, Rússia, Arábia Saudita e Estados Unidos.
Mas os indícios de uma luz no final do túnel existem, como indicam os dados sobre aumentos diários de casos, como de apenas 1,2% nos Estados Unidos, 0,3% na Alemanha, 0,25% na França, Itália e Espanha. O site do jornal econômico Les Echos lembra que na Suíça, os casos evoluíram em apenas 0,05% por dia desde o início de maio. As exceções na Europa ficam por conta da Bélgica (0,6%) e Reino Unido (1,2%).
Propagação de vírus diminuiu 95%
Jean-François Toussaint, professor de Fisiologia na Universidade de Paris, é otimista em relação ao fim da pandemia. Em entrevista nesta sexta-feira (22) à France Info, ele lembra que a propagação do vírus na França teve queda de 95% em relação ao pico da crise, entre fim de março e começo de abril. "O risco não desapareceu, mas é bem menor", afirma o médico.
Toussaint criticou a decisão do governo francês em proibir o acesso às praias durante a fase de isolamento social. "São os locais onde há menos chance de contaminação", ele declarou, lembrando que "em espaços abertos, o ar pode circular e se renovar mais facilmente".
O especialista citou ainda vários indícios que apoiam a tese do fim da pandemia. "As doenças atualmente decorrentes da Covid-19 são raramente graves. Na Europa e no mundo, a mortalidade diminuiu em 50% em relação ao pico de 16 de abril. A doença recuou e até mesmo sumiu em 50 regiões do mundo".
"Há exemplos como a Nova Zelândia, que há três semanas não tem nenhum caso de contaminação ou morte. Se a França seguir essa tendência, a epidemia vai acabar", afirma.
Segunda onda pode já ter acontecido
No entanto, ele diz que a probabilidade de uma segunda onda de contaminações não pode ser excluída. Mas o especialista é reticente em relação à eficácia do lockdown, alegando que não há dados concretos a respeito. "Países que não fizeram confinamento tiveram menos casos fatais que o esperado", observa.
Toussaint declarou ainda à France Info que é possível que a segunda onda já tenha até mesmo acontecido. "São duas fases diferentes da doença", explica. "Há uma fase que não é detectada, e provavelmente pode ter acontecido no outono do ano passado [do Hemisfério Norte] no mundo todo, com toda a circulação nas ruas, o turismo, os intercâmbios com a China".
Ele lembra que, a partir de janeiro, o número de casos explodiu, primeiro na Ásia e depois no Irã. "Em fevereiro foi na Itália, em março na França, Espanha e em toda a Europa. Essas propagações sucessivas dão a entender que as contaminações já estavam acontecendo com antecedência", avalia.
Com informações Uol Notícias
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