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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

População de rua cresce em Fortaleza e ultrapassa 9 mil pessoas

Foto: Fabiane de Paula
A primeira refeição do dia, única garantida, tem origem certa. É para os dois Centros de Referência para População em Situação de Rua (Centros Pop) de Fortaleza que centenas de homens e mulheres caminham, todo dia, para buscar pelo menos um dos tantos direitos violados no caminho. Uma das unidades, porém – a do Centro –, chegou a ser fechada, nessa última quarta-feira (27).

O prédio, um casarão na rua Jaime Benévolo, teve reabertura determinada pela Justiça no mesmo dia, mas o episódio expõe problemas antigos: falta de estrutura, de profissionais e o próprio número irrisório de equipamentos para uma cidade como Fortaleza já são denunciados com frequência por movimentos sociais e órgãos fiscalizadores.

Sob as marquises e em barracos nas vias públicas da quarta capital do País, dormem, pelo menos, 7.666 famílias, formadas por 9.410 pessoas. É a quantidade de grupos familiares em situação de rua inseridos no Cadastro Único (CadÚnico) em novembro deste ano – inscrição que, aliás, é um dos serviços ofertados pelos Centros Pop.

Um desses dígitos é Tiago, 36, que vive na rua desde 2002, quando rompeu o vínculo com os pais devido ao vício em álcool e drogas, ainda na adolescência. A companhia que o segue e o protege pelas vias, hoje, tem 5 meses de vida, pelo curto e caramelo: a cadelinha Susy.

No Centro Pop do Benfica, na Av. João Pessoa, o homem alto, magro e com olhos de saudade tenta recuperar, dia a dia, parte da dignidade: come, toma um banho, tira a barba e lava a roupa que suja toda noite ao dormir no chão da Praça da Gentilândia.

“A merenda aqui é com força, e ainda dão fruta. Mas num é uma vida muito boa não, senhora. Principalmente no inverno. É cruel. A roupa fica molhada, adoece… Já vi gente morrer, já, por causa do frio”, diz, nos espaços entre os goles que dá no copo de 500 ml de arroz, caldo, frango e verduras, em plenas 8h30.

Pouco antes, às 8h em ponto, Carlos, 57, chegava ao Centro Pop do Centro para tentar renovar um benefício social que recebe. O serviço estava agendado para aquele dia, mas os computadores do equipamento, esvaziado na manhã anterior, ainda não tinham sido reinstalados.

“Me disseram ontem que tava fechado, mas eu vim mesmo assim e graças a Deus tá aberto. E nunca há de fechar, porque a população precisa demais”, reforça, enquanto cumprimenta Jandir, 38, outro que caminha todo dia da Av. Tristão Gonçalves até o Centro Pop.

“Venho buscar alimentação, banho, lavagem de roupa, tudo aqui. Já tirei aqui um encaminhamento pra identidade, fiz meu cadastro pro Bolsa Família… Guardo meus documentos aqui ou no do Benfica, pra não perder, não molhar”, relata o homem, feito refém pela rua há 2 anos devido à dependência química.

Com informações do Diário do Nordeste.

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