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sexta-feira, 17 de julho de 2020

Segundo estudo, imunidade contra a Covid-19 pode ser duradoura

Segundo pesquisa publicada na revista científica Nature na última quarta-feira (15), sistema de defesa do corpo humano pode memorizar o vírus da Covid-19 e a imunização pode durar um longo período de tempo. A pesquisa é um importante passo na descoberta do que a ciência ainda não sabe: por quanto tempo uma pessoa já infectada pelo vírus realmente fica imune a ele.

Amostras de mais de 23 pessoas que se recuperaram da Sars (síndrome respiratória aguda grave), da pandemia de 2002 a 2003, foram analisadas pelos pesquisadores de vários institutos de Singapura. Os resultados desta pesquisa mostram que as células de defesa - células T - ainda são capazes de reagir à presença do vírus, mesmo 17 anos depois. Estudo anterior já havia definido essa capacidade em até 11 anos após a exposição.

As células T auxiliam a resposta imune do corpo e trabalham eliminando as células infectadas, preferencialmente por um vírus. Ainda não se sabe, no entanto, por quanto tempo as células T são capazes de "lembrar" do novo coronavírus. Essas células têm respostas diferente da obtida pelos anticorpos - que lidam melhor com bactérias.

Em recente pesquisa britânica baseada em anticorpos, cientistas alegaram que a imunidade pode desaparecer em alguns meses.

O vírus da Sars, assim como o Sars-Cov-2 - vírus da Covid-19 -, também é um betacoronavírus. Por isso, os cientistas acreditam que os pacientes com Covid-19 terão imunidade por um longo período para a doença.

"Esses achados demonstram que as células T específicas para vírus induzidas por infecção por betacoronavírus são duradouras, apoiando a noção de que pacientes com Covid-19 desenvolverão imunidade a longo prazo por células T", afirmam os pesquisadores.

Possibilidades e reações

Os pesquisadores perceberam que as células que "memorizaram" a primeira Sars também reagiram a partes do novo coronavírus. Ou seja, a possibilidade de quem teve um vírus parecido com o vírus da Covid-19 já tenha alguma "proteção" contra a doença.

Além disso, os cientistas também acharam que as células T conseguem "reconhecer" partes do novo coronavírus em alguns pacientes que nunca tinham tido nem a Covid-19 nem a primeira Sars. Com isso, há possibilidades de que as pessoas que tivessem entrado em contato com outros tipos de vírus induziram as células formando uma defesa cruzada, que também serviu, apenas em partes, para o novo coronavírus.

"Esta descoberta sugere que outros coronavírus atualmente desconhecidos, possivelmente de origem animal, podem induzir células T com reação cruzada para o Sars-CoV-2 na população em geral", disseram.

Imunidade baseada em anticorpos

Nesta semana, pesquisa britânica com base em anticorpos, adquirida após a cura da Covid-19, afirmou que a imunidade desapareceria em alguns meses, o que poderia complicar o desenvolvimento de uma vacina eficaz de longo prazo.

Os pesquisadores estudaram a resposta imunológica de mais de 90 casos confirmados (incluindo 65 por testes virológicos) e mostram que os níveis de anticorpos neutralizantes, capazes de destruir o vírus, atingem o pico médio em torno de três semanas após o início dos sintomas, depois diminuem rapidamente.

De acordo com exames de sangue, mesmo os indivíduos com sintomas leves tiveram uma resposta imune ao vírus, mas geralmente menor do que nas formas mais graves.

Apenas 16,7% dos indivíduos ainda apresentavam altos níveis de anticorpos neutralizantes 65 dias após o início dos sintomas.

O estudo do prestigiado King's College de Londres, que ainda não foi revisado, foi publicado no site medrxiv.

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