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domingo, 16 de junho de 2019

Regras mais rígidas em presídios forçam detentos a trocar smartphones por microcelulares




Comparação entre microcelulares e um smartphone: estratégia para entrar no presídio (Foto: Divulgação)

De comprimento, os aparelhos são menores que um isqueiro. Alguns modelos chegam a medir apenas seis centímetros. A largura é semelhante ao diâmetro de uma moeda de R$ 1,00. São celulares que não permitem navegar na Internet nem acesso às redes sociais. Quase totalmente de plástico, podem escapar de detectores – possuem 1% de metal. Servem ao básico de um telefone: ligar e receber chamadas ou mensagens por SMS. O detento que consegue um desses se dá por satisfeito, caso não seja descoberto nas inspeções rigorosas, quase diárias e em horário incerto, aplicadas nas unidades prisionais cearenses.

Apesar da mudança nas regras pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), a ousadia dos detentos continua: 15 desses microcelulares já foram apreendidos em 2019, durante as vistorias rigorosas realizadas cela a cela e entre quem entra nos presídios do Estado para visitar ou trabalhar. Pelo menos dois desses aparelhos minúsculos haviam sido descobertos já no final de 2018, durante a operação Olavo Doce, realizada no IPPOO 2, no dia 1º de novembro.


“Como a revista nas celas está muito mais rigorosa hoje em dia, mostra como qualquer possibilidade de comunicação para eles agora é um sonho. Já estão abrindo de entrada dos smartphones para tentar obter apenas um celular que liga e atende”, descreveu uma fonte da Secretaria. Este ano, após as mudanças aplicadas pela SAP nos presídios cearenses, já foram apreendidos 5.535 celulares, em diversos formatos e modelos. Como comparação, foram menos de 600 aparelhos recolhidos nas sete operações de inspeção extraordinária, em 2018, coordenadas pelo Ministério Público Estadual (MPCE).

O microcelular é importado, com fabricação made in China, India ou Coreia. É revendido via Internet e custa menos de R$ 90, em média. A autonomia da bateria é de sete dias. Não é homologado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas é desbloqueado e pode usar chip de qualquer operadora.

Pela discrição, esses telefones já estariam circulando em presídios locais há pelo menos dois anos. Numa das inspeções feitas este ano, ao passar pelo scanner, um visitante foi descoberto com dois microcelulares introduzidos no ânus.

Apesar das novas regras disciplinares desde o início de 2019, os detentos continuam com ousadias para forçar a entrada de drogas e celulares nas cadeias cearenses. Entre as mais recentes, além do ingresso dos microcelulares:

- Um par de chinelos que, com a borracha da sola recortada, escondia em cada pé a tela e a placa do aparelho;

- Cabos de vassouras perfurados no comprimento, o suficiente para esconder pequenos pacotes de cocaína;

- Tubos de pomada ocultando cabos e carregadores para celulares.

Fonte: O Povo

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